Opinião

Opiniao 12735

Mirem-se nos exemplos das pessoas empáticas

Sebastião Pereira do Nascimento*

Na vida humana, a pessoa projeta de alguma forma, um instinto de vontade que pode ser levado pelo egoísmo ou pela empatia. O primeiro é algo nocivo. O segundo, trata-se de um benefício que é feito pelas pessoas que sonham oferecer ao outro a oportunidade que, muitas vezes, foi-lhe arrancada à força; pessoas que sentem a necessidade de partilhar o bem; pessoas que ainda sob ameaça levantam a voz para os tiranos e a injustiça; pessoas que superam a dor e se reinventam para quebrar as amarras humanas.

Como casos reais, cito dois exemplos de pessoas que através de seus ideais marcaram suas vidas por causa comum. O primeiro exemplo trata-se da professora e escritora Antonieta de Barros, a qual acreditava que somente através da educação era possível romper barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres e mais ainda para uma mulher negra.

Antonieta, filha de uma lavadeira com um jardineiro (escravos libertos), nasceu em Florianópolis, em 11 de junho de 1901, e muito cedo ficou órfã de pai, e sua mãe, Catarina, para sustentar família, além do ofício de lavadeira, transformou a casa em uma pensão para estudante, sendo através da convivência com estudantes que Antonieta se alfabetizou e, com a ajuda de uma família empregadora de sua mãe, teve incentivo para continuar os estudos ingressando, em 1917, na Escola Normal, onde fez o curso de magistério que possibilitaria seguir o sonho de ser professora.

Esse sonho individual se tornou coletivo quando ela decidiu, em 1922, fundar, em sua própria casa, o curso de alfabetização, onde com austeridade e dedicação faria conquistar respeito até entre as mais tradicionais famílias de Florianópolis. O objetivo do curso era passar o conhecimento obtido para outras pessoas à margem da sociedade. Pois a educadora acreditava que somente a escola libertaria as pessoas dos postos de marginalização.

Assim, sempre na militância do magistério, até o fim da sua vida, Antonieta também escreveu para diversos jornais, tornando-se na época uma das poucas mulheres que faziam imprensa no país. Em 1937 publicou o livro “Farrapos de Ideias” e assina com o pseudônimo de Maria da Ilha, cujo lucro da primeira edição foi doado para a construção de uma escola para abrigar filhos de pessoas afetadas pela hanseníase (lepra), as quais viviam segregadas da sociedade.

Antonieta foi uma mulher engajada com as lutas populares, abrindo espaço para aqueles que sentiam na alma o efeito torturante do descaso social. E foi com essa intenção que se candidatou a uma cadeira na Assembleia Legislativa em 1934 – com vários mandatos legislativos. Foi a primeira deputada estadual a ser eleita no Estado após o direito de voto às mulheres e a primeira mulher negra a ser eleita no país. Antonieta faleceu em 28 de março de 1952. Mas o seu legado como educadora e escritora permanece vivo até hoje. Em sua homenagem foi criado o dia do professor, 15 de outubro, e a Medalha de Mérito Antonieta de Barros, que homenageia pessoas que se destacam na defesa da educação, na valorização da cultura negra e na emancipação da mulher.

O segundo exemplo vem de homens que também, com bravura, lutaram em favor da coletividade, como os quatro jangadeiros cearenses (Manoel “Jacaré”, Tatá, Jerônimo e Manuel “Preto”) que em 1941, diante da efervescente reforma trabalhista do Estado Novo, programada por Getúlio Vargas, levou os quatro pescadores a navegar 2.700 quilômetros numa jangada do Ceará até o Rio de Janeiro para pedir ao presidente Vargas que os pescadores do país fossem incluídos na reforma trabalhista. Assim, numa manhã escaldante do dia 14 de setembro de 1941, a jangada São Pedro zarpou do porto cearense rumo a uma longa e imprevisível viagem.

Os pescadores acreditavam que, para serem ouvidos, precisavam ir pessoalmente à então capital do país. Para tanto, era preciso ir no transporte que os ajudava a tirar o sustento de suas famílias. Tendo no pacote de reivindicações, o pedido de uma aposentadoria digna, para que os pescadores mais velhos não precisassem das sobras de peixe quando não tivessem mais forças para entrar no mar.

Acostumados à vida no mar desde crianças, mas sem os instrumentos adequados para longa navegação e sem muito provimentos, os quatro pescadores tiveram a estratégia de aportar em cada porto, onde tinham a possibilidade de apoio de outros parceiros do mar e de ouvir suas reivindicações. Assim, no decorrer da viagem foram descobrindo que seus problemas se repetiam ao longo da costa brasileira. E como prova da união de todos, do modo que aconteceu na partida do Ceará, na saída de cada porto os pescadores locais faziam o bota-fora da jangada São Pedro até a costa sumir de vista. Dalí, os lobos do mar, como ficaram conhecidos, sozinhos seguiam em busca do ideal coletivo, ainda que fosse através das tempestades e da força exigida pelo manejo de uma jangada em alto mar.

Após 61 dias entre o sol escaldante e o mar. Em 15 de novembro de 1941, às 17h50, a jangada São Pedro aponta na Baía de Guanabara sob olhares curiosos e aplausos de uma multidão no Rio de Janeiro. Embarcações de pesca saudaram os jangadeiros e os seguiram em cortejo até a costa.

Finalmente, sabendo que já não eram apenas arautos dos pescadores cearenses, mas de todos pescadores brasileiros, os intrépidos jangadeiros conseguiram fazer com que Getúlio Vargas assinasse um decreto incorporando-os ao Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos (IAPM).  Tempo mais tarde, ainda não atendidos na sua totalidade, outros parceiros do mar, seguindo o exemplo dos quatro jangadeiros, levantaram nova voz em busca de outras aspirações, até a efetiva criação da lei que garantiu seus plenos direitos.

Portanto, pelo fato de vivermos, segundo Platão, no mundo do irreal onde tudo o que vemos é somente uma sombra imperfeita de uma realidade perfeita, logo é preciso seguirmos os exemplos desses – e de outros – personagens empáticos que, levados pela consciência coletiva, marcaram suas vidas lutando pelo direito e pela dignidade da pessoa humana.

*Filósofo, Consultor Ambiental e Escritor. Autor das obras “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.

Cristo em nós, a Esperança da Glória.

Debhora Gondim

“Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade por Deus a mim atribuída de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos. A eles quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória. Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim” (Colossenses 1: 25-29).

Cristo em nós, a esperança da glória. Já faz algumas semanas que o Espírito Santo vem sussurrando esta frase em meus ouvidos. O que me despertou para buscar com mais profundidade o real entendimento do quê significa. Então, fui buscar na própria Palavra de Deus, a Bíblia. Pois só nela encontramos as reais e verdadeiras respostas para as nossas indagações, até das que surgem durante a leitura dela (2° Timóteo 3:16).

O entendimento obtido foi que: O contexto do que Paulo escreveu e a ideia por Deus construída em Colossenses 1 é de que, nós precisamos manifestar a presença de Cristo. Demonstrar em nossas atitudes e palavras que Cristo é o nosso modelo, que seguimos seus passos. As pessoas, o mundo precisa olhar para nós e sentir a paz que vem de Deus e desejar a esperança que Ele oferece. Olhar e dizer: “eu vejo e sinto a presença de Deus na vida daquela pessoa.” “Ela exala a fragrância de Cristo.” E assim, desejar ter Cristo em sua vida, tornando-se Seu imitador também.

Para que, isso ocorra temos que saber quem Jesus é e como ser seu imitador. Pois eu só conseguirei manifestar a sua presença se eu tiver andando diariamente com Ele, se tiver intimidade (Efésios 5:1). Vai muito além de adotar um manual de bom comportamento. É construir um estilo de vida, pautado nos princípios e valores de Cristo. Em quem Cristo é. Transformação que ocorre de dentro para fora. Sendo guiado pelo Espírito Santo através da leitura diária da Bíblia e da busca por Deus em oração.

Mas o problema da igreja hoje em dia é que tem manifestado tudo menos Cristo. Tem colocado tudo e todos com centro, menos Jesus. Quando Jesus for o centro das nossas vidas, inclusive dos testemunhos e ensinamentos que proferimos daí de fato Ele em nós será a esperança da glória (Hebreus 10:23).

Esta esperança só encontrará espaço para se manifestar em corações humildes, que cultivam a motivação de que tem que desaparecer para que Cristo apareça, afinal, é Ele em nós que trará a esperança da glória para o mundo (1° Pedro 3:15). Nós não temos nada de bom para oferecer se Cristo não for nosso Senhor e nosso alvo de vida. Percebemos que o mundo tem clamado por esperança, paz e redenção. E nós como filhos de Deus temos a verdadeira e única resposta, Jesus. Temos que ser filhos que se importam e fazem o que importa ao Pai e o que Ele faz.

Ao fazer esta reflexão com ajuda do Espírito Santo tive a certeza que o desafio e o desejo de Deus para esta geração é que vivamos de fato como Cristo, para que a esperança de sua Glória se manifeste primeiro em nós e depois através de nós. Para que Jesus venha impactar a vida daqueles que nos cercam, através de nós, simples instrumentos. Então, vamos ser reais imitadores de Cristo? Manifestar a Esperança que só Ele supre?

Teóloga e Professora

Seja sempre o exemplo

Afonso Rodrigues de Oliveira

“O exemplo não é a coisa mais importante, quando queremos influenciar pessoas. É a única que conta”. (Albert Schweitzer)

Podemos estar influenciando para o bem ou para o mal, dependendo do exemplo que estamos dando. O que indica que o bom exemplo é a melhor didática. Estejamos sempre atentos ao fato de que sempre há alguém nos observando, onde quer que estejamos. Que é quando estamos seguindo algum exemplo, e dando um exemplo. Esteja sempre atento ao seu comportamento. O que fazemos pode muito bem, estar, e está servindo de exemplo para alguém.

Uma das coisas que mais me incomodam é a falta de postura, muito corrente nas pessoas, atualmente. E o balaio é tão grande que não me atrevo a mexer nele. Então vamos mudar de papo. Vamos iniciar uma tarefa que não é pequena e que exige muita dedicação: a Educação. Porque quando somos educados mantemos uma postura educada. E como você está percebendo, não consigo mudar de assunto. Tudo bem, até que tentei. Mas vamos continuar. Lembrei-me desse assunto depois de um encontro que tive ontem, pela manhã, com um médico, num hospital. Nossos pensamentos eram gêmeos. Sorrimos, rimos e nos divertimos profissionalmente. O encontro tornou-se agradável e embora não nos conhecêssemos, conversamos franca e coloquialmente.

Faça sempre isso nos seus contatos. Mas cuidado com o que diz, e como diz. Nada de refinamento superficial, apenas sinceridade e respeito. Converse sempre com seu médico. Mas tenha muito cuidado, mas sem exagero, com sua postura na conversa. Nada de vocabulário vulgar nem refinado, apenas comunicativo e coloquial. Mas não basta fazer isso com o médico, faça-o com quem você conversar. E nunca se esqueça que o bom conversador não é o que fala mais, mas o que ouve
mais. E o importante é ouvir, e não só escutar. Fuja, sempre que puder, da vulgaridade numa conversa. Sobretudo se a conversa for com pessoas desconhecidas. Porque é aí que você está apresentando e representando sua postura, como uma pessoa civilizada.

Mostre sempre o que você realmente é. E você sempre quer ser o melhor. Olhe-se sempre no seu espelho interior. É nele que você vai se ver como você é. E sempre verá que tem muito a melhorar, por mais exemplar que você for. São as mudanças para o melhor que nos mantém na evolução racional. E nossa caminhada, rumo à racionalidade é incomensurável. O horizonte está no universo. Logo, é inatingível. Mas não devemos deixar de caminhar rumo a ele. No universo para onde iremos não há unidade de tempo. Logo, não devemos nos preocupar. O que devemos é ser racionais. O caminho sempre está aberto. Pense nisso.

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