Opinião

Opiniao 12923

REVOLUÇÃO RORAIMEIRA

Renato Queiroz*

Escrevo para você na esperança de alcançar corações. Escrevo porque depois de muitos e muitos anos dedicando minha vida à causa política, certamente a minha maior frustração não foram algumas derrotas, mas perceber que meu povo ainda não amadureceu para o que realmente importa: não conhecem a fundo o nosso Estado, sua história, suas dificuldades, seus atores sociais esquecidos e marginalizados, a multiplicidade de grupos e suas lutas, culturas e anseios, sua peculiaridade geográfica por ser situado em faixa de fronteira e vizinho de dois países e quais as implicações culturais, sociais, econômicas e jurídicas em razão de tantas questões que tornam nosso Estado único, porém, vulnerável e carente.

A ocupação do Estado de Roraima, contada de forma tão incompleta, numa história nem sempre bonita, mas que deu origem a um povo diverso, guerreiro, sensível e que fincou profundamente suas raízes dando origem a uma cultura Roraimeira rica e responsável por trazer até os dias de hoje, os contornos de nossos amores e lutas ao longo deste tempo de resistência.

Raramente demos oportunidades – a quem tem raízes profundas aqui – para nos guiar. Quando eu falo em raízes profundas, não me refiro apenas ao acaso geográfico de ter nascido nesta terra sagrada, mas dos que para cá vieram com o objetivo de experimentar os ventos do lavrado e beber da água de nosso rio, de semear gerações e de amar nosso estado como a todos os seus valores.

Geralmente fomos governados por quem não planta sementes aqui. Por quem tem seus filhos e negócios em outros lugares, para quem por gerações apenas suga o que de melhor existe nessa terra e distribui ao restante do país, nos deixando com a ilusão de que são os salvadores da pátria, enquanto na realidade, a bandeira de Roraima, continua a não ser erguida fora de nossas fronteiras.

Eu preciso pedir que acorde. Os roraimenses e roraimados, desde antes da criação de nosso Jovem Estado, em 1988, só podem contar consigo mesmos. Nós vivemos nossas agonias de forma profunda e basta uma reflexão mais calma para sabermos que não saímos do lugar. Por conveniência de momento, nos unimos aos mesmos autores de nosso próprio caos, que se revezam em uma eterna batalha onde eu brigo com você e eles nunca brigam entre si! Os maiores inimigos políticos de Roraima, já fizeram “amor” em alguma eleição. Nós? Nós nos mantivemos desunidos, separados, magoados uns com os outros, desenhando a vitória DELES, sempre DELES! Quando foi que a gente realmente ganhou?

Eu sempre fui as ruas defender o voto. Sempre acreditei que ele pudesse mudar a vida de todos nós para melhor, desde que fizéssemos dele um reflexo de nossa consciência. Mas o tempo me mostrou que não é bem assim. Faltou quase sempre o elemento fundamental: a opção viável.

De que adianta termos consciência se não temos escolha? Consciência sem escolha é uma tortura para a alma. Em Roraima, todo mundo cresceu ou envelheceu enfrentando na política, a FALTA DE OPÇÃO. Quem irá nos representar? A ilusão de escolha que nos impõem, não tem nada de saudável.

De um lado, pessoas que tiveram por quase 30 anos, todas as oportunidades possíveis de resolver as raízes dos problemas de Roraima, e não o fizeram. Querem o que? Mais 30? Será que nós temos todo esse tempo para esperar? Ou será que já passamos da hora de nos indignarmos e nos mobilizarmos para, juntos, reescrevermos os próximos 30 anos representados pelos verdadeiros filhos desse Estado, por um Estado de Roraima para os Roraimenses e Roraimados?

Continuamos com nossos problemas fundiários, fronteiriços, humanitários, econômicos. Continuamos sem energia confiável (são 15 anos de “tá pra sair”). Continuamos com a grande maioria dos que serviram ao ex-território, sendo sistematicamente iludidos (de eleição em eleição) por um eterno “a lista sai amanhã”. Continuamos sem o básico nos postos de saúde e hospitais.

Do outro lado figuram os que nos iludem de tempos em tempos com a ideia de que poderíamos alcançar algo diferente. Ilusão originada pelo desespero da ocasião. Escolhemos sem pensar, escolhemos pelo ódio ao lado oposto e ignoramos que o ódio, nunca deu à luz as coisas boas, pelo contrário: ódio gera ódio o que nos leva ao desespero e consequentemente as repetições desesperadas.

O resultado é visto nos dias de hoje: Continuamos exatamente com os mesmos problemas e sem nenhuma solução. Mais frustrados, desiludidos, cansados para raciocinar e concluir o básico: Nenhum dos dois lados é o nosso!

Precisamos acordar para os falsos heróis que, sob um discurso transformador, visam somente o benefício próprio, sem qualquer intenção legítima de cuidar do coletivo e romper com o atual estado de coisas totalmente distante do que é necessário e possível.

Por muito tempo ignorei esse paradoxo. Concentrei-me tão fortemente em despertar as pessoas para questão da consciência, que acabei ignorando que a falta de opção acabava por dificultar o entendimento lógico das coisas.

Rubem Alves dizia que existe um chamado dentro de cada pessoa. Que brota no fundo do nosso coração, um chamado de grandeza e responsabilidade. Algo que nasce de nossas frustrações sobre o que sabíamos possível ser, mas não é!

A maioria das pessoas decide ignorá-lo, contentam-se com o que já está estabelecido. Condicionam-se a repetir seus pais e avós: Tanto nos sucessos, quanto nos fracassos. Isso nos faz prisioneiros das consequências ruins que se repetem, nos frustram e nos tornam menos reativos a cada geração.

Esse não será meu caso e eu espero que não seja também o seu.

Platão dizia que o maior dos castigos consiste em ser representado por alguém ainda pior do que nós, quando não queremos ser nós a representar.

Eu tenho meus medos. Tenho caminhos mais “fáceis” que não me interesso em percorrer. Tenho dentro de mim uma obrigação crescente, que me tira o sono enquanto me faz sonhar com dias melhores para as pessoas.

A minha batalha se firma sobre o vislumbre do acordar de cada um. A força roraimeira é sim capaz de fazer uma mudança radical dentro de nossa sociedade, dentro do contexto político, econômico, cultural e social, e estabelecer uma nova lógica, onde bem-vindos serão todos aqueles que queiram contribuir para nossa boa evolução, mas o norte precisa ser dado por quem no Norte, tem algo plantado, por quem não tem apenas o sangue mas a alma roraimeira.

Acorde para uma nova esperança política contra a normalidade imposta! Tenha medo como unidade, mas transborde em conjunto coragem como força política! Tenha iluminação e amadurecimento para entender que a mudança que suplicas nas profundezas de sua alma, precisa ser construída por uma massa que desafie a normalidade insuportável: Quantos anos mais estamos dispostos a esperar por um salvador que no final só quer se salvar? Quantos anos resistiremos? É essa tolerância as desgraças na política que vamos passar aos nossos filhos?

Tenho tanta consciência de que sozinho não chegarei a lugar nenhum quanto Leônidas tinha de que ele e seus trezentos dariam conta de defender Esparta contra o impossível. Mas se com a centelha do incômodo a gente conseguir acender junto a energia para lutar por nossa terra, nosso destino será glorioso. Nós te amamos, querido Roraima!

*Ex-deputado federal

O que pensamos

Afonso Rodrigues de Oliveira

“O espírito de qualquer nação não é nada mais do que a soma total dos hábitos de pensamento dominantes do seu povo”. (Napoleon Hill)

São nossos pensamentos dominantes que constroem. Tudo que fazemos, fazemos guiados pelos nossos pensamentos. O que nos leva a cuidar das nossas mentes para que pensemos cada vez melhor. E, lamentavelmente, não é o que vemos atualmente. Mas vamos nos ater ao nosso querido Brasil. Desde que me conheço, e faz tempo pra dedéu, que me preocupo com o mau-hábito que temos, de ficar por detrás da porta, esperando que os outros países façam, para podermos fazer. Ficamos a vida inteira copiando o que os outros fazem. Quando eles saem para as ruas, em protesto, ficamos procurando o que protestar, para sairmos para a ruas. E espernear é a coisa que mais sabemos fazer.

Os comentários políticos e as notícias negativas, e muita sem fundamento, que ouvimos diariamente pela mídia, adoecem. Não temos mais coragem de postar uma placa com o nome da empresa, com palavras em português. Se quiser entrar na mídia tem que ser em inglês. Mas isso vem de muito longe. O que realmente está preocupando é o comportamento social. O que ouvimos de descontrole nas discussões políticas não tá no gibi. Os desmantelos na língua portuguesa que ouvimos, a todo instante, por apresentadores, é um mau exemplo não considerado. E nossos filhos crianças, ouvem e absorvem. E quando chega o exame na escola, a giripoca pia.

Mas o mais preocupante é que estamos nos aproximando das próximas eleições e não ouvimos alguém falar de educação. Ninguém conversa com seu candidato sobre educação. E não falamos sobre educação porque não somos educados. E quem não é educado não pode falar com pensamentos positivos e dominantes. E continuamos empurrando o problema, com a barriga. E o descontrole social cresce numa velocidade adequada ao desenvolvimento tecnológico.

Vamos nos preparar para o futuro que virá, queiramos ou não. Não sei se há algum especialista preocupado com o problema que encaramos sem condições. Mas é bom que consideremos a dificuldade para a solução. Não podemos educar da noite para o dia. Sobretudo sabendo que “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. O que exige modificações nos nossos métodos de ensino. E, infelizmente não vejo avanço. Vamos parar de gritar e fazer o que devemos fazer com racionalidade. E comece não confundindo racionalidade com religião.

Estamos vivendo um período perigoso no desenvolvimento da humanidade. Mas não é o primeiro desafio. Só que nunca aprendemos a aprender com os exemplos passados. Pense nisso.

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