Opinião

Opiniao 12930

Cristianismo não é Método de Adestramento

Debhora Gondim

Os conceitos e os ensinamentos de muitos cristãos têm se baseado em um cristianismo de adestramento. No qual, você é recompensado se fizer o certo e punido se fizer o que é errado (não que este fato seja desculpa para não proporcionar um processo de exortação e transformação de Deus na vida de quem precisa). Tem sido ensinado que o cristianismo se resume em cumprir um código de moral e de ética. Mas não é isso. Se fosse desta forma Jesus não teria chamado os fariseus de hipócritas. É transformação de vida e quem efetua é o Espírito Santo de Deus. É transformação que vem de dentro e refleti em atitudes, pensamentos e sentimentos. “,aqueles que procuram ser justificados pela lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça.” (Gálatas 5:4)

O ser humano está tão egocêntrico, que tem a audácia de achar que até no processo que leva a salvação e a santificação tem que ser por meio dele, por seu esforço. Por causa disso, que muitos não conseguem entender que a salvação é somente através de Jesus e não é por boas obras para não se encher de orgulho; nem são as suas más obras, de forma exclusiva, que levarão você para o inferno. O cristianismo de Jesus Cristo não se baseia na meritocracia. Afinal, não há um justo se quer na terra. Jesus é quem nos justifica perante Deus. “Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos,” (Marcos 7:21a)

 

 ”Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”. (Mateus 15: 8 e 9)

Para que, este processo se inicie em nossas vidas devemos deixar de sê apenas ouvintes que horam a Deus somente com os lábios. Precisamos ir além das aparências, deixar de sê cristãos preguiçoso em buscar a Deus e que só reproduz o que foi pregado, cristãos rede social e mergulhar em águas profundas, onde o Espírito Santo purifica nosso interior. Caminhar como Jesus caminhou em santidade, nos caminhos belos da pureza de coração. Experimentar uma transformação genuína que vem de dentro para fora, que se molda a imagem de Jesus e reflete a Luz da Glória de Deus. Isso ocorrerá quando houver a busca por conhecer em intimidade a Deus, através da Sua Palavra e se dispor a passar tempo de qualidade em oração.

Lembrarmos que sem santidade ninguém verá a Deus, pois consiste em viver em obediência a Deus, separada do que é mal e desagrada a Deus. Para assim, desfrutar da Sua presença gloriosa. Pois onde há impureza do pecado Deus não pode habitar, o pecado nos separa de Deus. Devemos ser santos como Ele é Santo. Viver na superficialidade da lei continuará nos mantendo longe da presença de Deus, pois nos encheremos do orgulho da meritocracia levando a falida autossuficiência. E Deus se opõe aos orgulhosos.

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2: 8 e 9)

Jesus pagou o preço pelos seus pecados, para te perdoar e te dar uma nova vida. É pela graça (favor imerecido). E é esta graça salvadora que lhe é proporcionado por Deus, que é derramada de forma incondicional. Tudo é por meio Dele, por Ele e para Ele. Nunca foi sobre nós, nem a nossa salvação, nem a santificação e nem as bênçãos. “,eu lhes escrevo porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus.” (1 João 2:12) “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)

Toda esta compreensão do que é a salvação em Cristo e do que é o cristianismo nos leva a depender de Deus. Depender Dele também faz parte do entendimento de que, Tudo é sobre e para Deus. Este é o cristianismo que Cristo veio ensinar. Então, não sejamos crentes “Vade Mecum” e sim crentes bíblicos. Transformados interiormente para refletir a Glória de Deus em nosso exterior.

Teóloga e Professora

Um chamado para agricultura familiar

Sebastião Pereira do Nascimento*

Nos últimos anos, o Brasil vem sendo recordista mundial no consumo de produtos agroquímicos, desde fertilizantes à herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, etc. A partir dos anos 2000, quando o país adotou efetivamente a expansão do agronegócio, os problemas decorrentes do uso indiscriminado de agrotóxicos se multiplicaram, inclusive com a utilização de produtos químicos banidos em outros países e a venda ilegal de produtos proibidos pela lei brasileira.

Para se ter uma ideia, a cada ano a autorização de uso de agrotóxicos no Brasil sofre mudanças nos critérios de aprovação, análises de riscos e até mesmo no nome dado aos produtos com forma de “esconder” o real composto químico. Isso tudo estimulado por multinacionais, representadas por políticos da chamada frente parlamentar agropecuária ou “bancada ruralista”, apoiados por setores governamentais, organizações da agricultura e pecuária, além das indústrias químicas, que visam à maximização do uso de agrotóxicos sem medir e avaliar seus efeitos no ambiente.

Junto com esses problemas, o desmatamento, a pecuária e a monocultura agrícola também têm contribuído fortemente para a escassez de alimento e o aquecimento global. Além do mais, as grandes agroindústrias vendem a ideia de que o uso de produtos transgênicos e mais agrotóxicos são necessários para aumentar a produção agropecuária dizendo ser necessário alimentar a população. No entanto, dados do IBGE mostram que quem mais põe alimento na mesa do brasileiro é a agricultura familiar, a qual é constituída por pequenos produtores, povos tradicionais e extrativistas.

O censo agropecuário realizado pelo IBGE, aponta que a agricultura camponesa responde por 84% do número total de estabelecimentos agropecuários e por 24% da área total desses estabelecimentos rurais. São 4,3 milhões de estabelecimentos familiares ocupando mais de 80 milhões de hectares no país. Esses números respondem por 33% do valor total da produção agropecuária e 30% da receita total obtida pelos produtos procedentes do campo. Apesar da elevada concentração fundiária, a agricultura familiar responde por 83% da produção de mandioca, 69% do feijão, 45% do milho, 38% do café, 33% do arroz, 58% do leite, 59% dos suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos, 21% do trigo e 14% da soja, um dos principais produtos da pauta da exportação brasileira (dados do IBGE).

Apesar de todos esses números, nestes últimos anos, o perfil da produção agrícola camponesa tem se alterado bastante devido aos grandes incentivos governamentais ao agronegócio e o pouco incentivo à produção familiar. Não obstante, há uma tendência mundial de que o agronegócio tem um futuro incerto. Isso pode ser explicado, entre outros fatores, pela elevação dos preços de algumas commodities, pelos impactos ambientais que aceleram as mudanças climáticas e o crescente grau de envenenamento de produtos agrícolas pelos agroquímicos. A manutenção dessa tendência, em relação à demanda mundial, aponta para um colapso do modelo agrícola dominante, o que num futuro breve tornará insustentável o agronegócio.

Diante dessa circunstância, é necessário incentivar a agroecologia, como base da agricultura familiar, a qual possibilita a produção de alimentos com menos impactos ambientais e sem produtos químicos, além de promover a justiça social a partir da valorização dos saberes de famílias camponesas que há muito tempo produzem alimentos de uma maneira saudável e rica, em diversas dimensões, para a sociedade.

Portanto, a agricultura familiar é, também, potencialmente guardiã da biodiversidade e do cumprimento da meta do milênio de intervir no aquecimento global e de erradicar a fome e a extrema pobreza no Brasil. Diferente do agronegócio que condena o país a mero exportador de bens primários e segue o velho modelo colonial-escravista, concentrador de terra e renda, onde as exportações de commodities transformam a alimentação em mercadoria, sem qualquer preocupação com o meio ambiente e a necessidade de alimentar as pessoas.

Apesar de significativa no Brasil, a agricultura familiar vem sendo negligenciada pelos governos federal e estaduais, que priorizam o agronegócio em detrimento da produção camponesa. Ao passo que se tivesse o apoio necessário a agricultura familiar se tornaria mais produtiva e estratégica para o abastecimento alimentar e o desenvolvimento rural. No que se refere a isso, é preciso conceder crédito tradicional aos pequenos produtores, viabilizar assentamentos rurais, incentivar o plantio de culturas básicas, viabilizar a aquisição de alimentos para mercados institucionais e investir em infraestrutura, educação, saúde, capacitação, assistência técnica e agroindústria familiar.

Além disso, é preciso associar as novas tecnologias aos saberes e experiências camponesas, garantindo sustentabilidade socioambiental e desenvolvimento humano. É preciso, assim, com base numa nova agenda política, articular os movimentos sociais e cooperativas agrícolas, destravar a reforma agrária, reformular a política de fomento e promover o sistema agrícola para um modelo agroecológico de escala, garantindo a segurança alimentar, a soberania camponesa e a produção de alimentos saudáveis.

*Consultor ambiental, filósofo, escritor. Autor dos livros “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV. Coautor de “Vertebrados Terrestres de Roraima”, publicado pela revista científica Biologia Geral e Experimental.

Junte-se ao grupo

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Não fomos postos nesse mundo apenas para existir; fomos postos aqui para viver, e viver significa envolvermo-nos com os outros”. (Samuel Dodson)

Não há como viver isolado. É pura ilusão. Sempre que penso nisso penso nos meus longos caminhares. Aventuras que eu não sabia que eram aventuras. Meu primeiro emprego foi em 1952. Até 1981 a caminhada foi ótima. Em 1960 decidi mudar de vida, saindo do círculo Rio-São Paulo, e indo para Mato Grosso. E tudo que eu sabia sobre Mato Grosso, era que era no Brasil. Ignorância total. Mesmo assim larguei o emprego e parti para Barra do Bugres, em Mato Grosso. E tudo que eu queria era ser agricultor, sem nem mesmo conhecer a lagarta. Eu estava recém-casado com uma garota criada em Copacabana. Já viu a besteira que eu estava fazendo. Mesmo assim fui, e só conhecendo o lugar, não tive coragem de levar a esposa para lá. Desisti, voltei e o barco continuou navegando. Nunca desisti da aventura.

Em 1981 cheguei a Roraima, com uma família já construída, e finalmente assentei-me, ali na antiga Confiança I, no hoje Município do Cantá. E você não vai acreditar; mesmo estando legalizado ainda estou encontrando dificuldade em me acomodar no que é meu. Depois te conto essa estória esfarrapada. Fica pra depois. Mesmo porque o que me trouxe para este papo, foi as amizades que construir por aqui, nesses quarenta anos de contatos. Amizades que me dão, na alegria de viver, a felicidade que sempre busquei, mesmo tendo e vivendo uma vida confortável, no ambiente paulistano-carioca.

As dificuldades que enfrento hoje, nunca iriam me abalar, porque elas fazem parte da vida, e por isso não me abalam. Eu vivo-as. Nada é mais gratificante do que o
prazer de ter amigos, cujo valor encortinam as falsas amizades que sempre estão entre as leais e sinceras. E se é assim, por que se aborrecer nem se preocupar com as falsas. Deixemo-las onde elas devem estar: no esquecimento. Sabemos de sobejo, que somos todos iguais. E a grandeza está em manter a igualdade no amor e amizade. E isso é o esteio da felicidade. Porque somos felizes com o que temos em nós mesmos. É só saber desfrutar do que tem e não sonhar com o que não tem. Sonhe apenas com o que que você quer em você e procure nas amizades, juntando-se ao próximo, com respeito.

“A arte de viver consiste em fazer da vida uma obra de arte”. (Gandhi) o grande Mestre, Gandhi, nos ensinou o que raramente aprendemos, que é como ser feliz com amor ao próximo. Uma religião que está dentro de cada um de nós, independentemente da nossa condição social, profissional ou religiosa. Só o amor constrói. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460