Opinião

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O ensino híbrido pós-pandemia veio para ficar

A aplicação de mais de um recurso tecnológico para mediar o processo de ensino aprendizagem, em si não é e nunca foi novidade, basta lembrar da correspondência escrita, as famosas cartas, trocadas entre mestres e seus aprendizes que remonta desde a Grécia Antiga em 387 A.C., com a escola de filosofia fundada por Platão, de onde se originou o conceito de Academia.

 A combinação de métodos, técnicas e recursos para viabilizar a interação presencial e não presencial entre os elementos fundamentais do processo de ensino-aprendizagem é o que torna o modelo de ensino híbrido. Para ser reconhecido como tal, essa combinação deve ser implementada baseada em uma proposta pedagógica planejada para potencializar a contribuição de cada tipo de interação.

 Com a pandemia, e a necessária interrupção das interações presenciais, tivemos o movimento de migração das aulas presenciais para aulas remotas mediadas por plataformas de comunicação via Internet, que acelerou e deu notoriedade às soluções de ensino a distância. Com o retorno às aulas presenciais, as discussões sobre os modelos híbridos no ensino ganharam força e visibilidade, apesar de já fazerem parte do cotidiano das instituições de ensino, principalmente, do segmento superior, há mais de uma década. Com as experiências impulsionadas pelo distanciamento social, o cerne da discussão avançou e passou a ser sobre o aprimoramento das soluções de ensino não presenciais e a integração harmônica com o ensino presencial.

 A integração dos diversos métodos de ensino-aprendizagem, tanto presenciais como não presenciais, agora avança a passos largos, resultante das lições aprendidas e, também, da mudança da natureza do trabalho que impõe novas competências capazes de implementar e produzir soluções para os novos desafios do mundo contemporânea onde o real e o virtual estão cada vez mais integrados.

 Hoje o que vemos é um processo de consolidação de um novo ensino, em que as possibilidades de integração entre a sala de aula física e a virtual foram potencializadas após a superação das amarras de preconceitos cultivados no passado. Com a pandemia, esta geração descobriu, ou melhor, redescobriu o que os mestres de 387 A.C já sabiam: o processo de ensino-aprendizagem é vivo, colaborativo e utiliza todos os meios disponíveis para acontecer.

 Por: Josué Viana

Gestor de Instituição de Ensino Superior na Estácio; formado em Pedagogia pela Estácio e Mestre em contabilidade pela USP.

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Quatro décadas depois

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Em todas as ocasiões, mantenha a mente aberta para a mudança. Receba-a de braços abertos. Corteja-a. Somente através do exame e reexame de suas ações e ideias você poderá evoluir”. (Dale Carnegie)

Acordei mais cedo. Os filhos estavam se preparando para a labuta desejada. Senti-me inferior por não poder estar com eles na trabalheira. Enquanto eles se arrumavam para a saída, preparei o café. Enquanto eu tentava ser mais atuante minha mente viajava eufórica, buscando lembranças de exatamente quarenta anos atrás. Foi exatamente no dia 29-06-1981 que chegamos ao Bonfim, pela madrugada, debaixo de uma chuvarada medonha. O jornal “O Globo”, no Rio de Janeiro dizia, dias antes, que emas e cavalos selvagens corriam pelos lavrados do Bonfim. Trinta dias depois chegamos ao Bonfim, eu e o Alexandre. E não vimos ema nenhuma, nem cavalos selvagens. Aí viemos para a Confiança I.

Depois de batalha acirrada, conseguimos nossos lotes de terras, na então Confiança I. depois de um ano de batalho foi que a família foi chegando, um a um. Instalamo-nos e fizemos um belo trabalho, dentro da nossa inexperiência, que mereceu respeito dos vizinhos. A história é longa e não vamos navegar para não cansar você. Como não éramos agricultores natos, os filhos começaram a ocupar cargos de professores e militares, em Boa Vista. E mesmo assim continuei sozinho, teimosamente, até que uma crise renal me atacou naquela noite. E permaneci sozinho, dentro daquele tapiri, durante uma semana, sem condições de, pelo menos, pedir socorro.

Já em Boa Vista nos instalamos e nos acomodamos, dentro do padrão de vida a que já éramos acostumados. Mas nunca conseguimos deixar de lado nossos planos para a produção agrícola, e buscamos instruções e informações suficientes para a tarefa. Finalmente resolvemos nos juntar e reiniciar nossa tarefa. E foi aí que descobrimos que nossa propriedade tinha sido invadida. Mas esperamos que a Justiça conclua seu trabalho, para que possamos voltar à velha batalha na intenção de uma produção condizente com nossa determinação conjunta.

Lamento não poder ir, hoje, ajudar meus filhos a reativarem o que nos encantou há quarenta e um anos, e está nos levando para a realiza
ção de um sonho de quatro décadas atrás. Mas amanhã estarei lá, para fazer minha parte no que se iniciou como um sonho desbravador. Estou convicto de que nossos sonhos serão realizados. Já estamos iniciando o que sonhamos durante todo esse período de esperas. Estou feliz e orgulhoso com o desempenho dos meus filhos, no traçado de programas para produção rural, nos “lavrados” do Cantá. Pense nisso.

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