Opinião

Opniao 04 01 2020 9561

O que esperar de 2020

Flamarion Portela*

Estamos ainda na fronteira da passagem do ano de 2019 para 2020 e quase todo mundo ainda está se organizando, traçando metas e objetivos para o ano que chegou. 

Muitos ainda estão fazendo sua retrospectiva de 2019, para ver os erros e acertos, o que poderá e deverá mudar para este ano: finanças, sonhos, aquela viagem que não deu certo, tudo que aconteceu ao longo do ano que servirá de exemplo para um novo planejamento.

Mas, o que esperar de 2020? Vale lembrar que será um ano de eleições, o que já configura um cenário diferente, não só em Roraima como em todo o País.

Concentrando nossas perspectivas e expectativas apenas em nosso Estado, temos alguns pontos nevrálgicos que precisamos analisar.

O primeiro deles é a questão da migração venezuelana, que atingiu sobremaneira nosso Estado, sobretudo nas áreas da segurança e da saúde e, infelizmente, não se vislumbra alguma mudança significativa no país vizinho, no curto prazo, que possa mudar esse cenário. Ao que vemos, parece que esse é quase um caminho sem volta, onde nós temos que nos adaptar a essa realidade e esperar que os governos em todas as suas esferas possam encontrar uma alternativa para minimizar os impactos que a população local vem sofrendo.

Outro ponto a ser observado é o da Segurança Pública. Nos últimos anos temos visto um aumento substancial nos índices de criminalidade, sobretudo envolvendo migrantes venezuelanos. Nosso Sistema Prisional está em frangalhos. Unidades superlotadas, sem condições mínimas de receber os apenados humanamente. Algumas obras estão sendo feitas para melhorar essa situação, mas somente isso não vai resolver o problema. É preciso urgente a ampliação dos recursos humanos em todas as nossas polícias, inclusive agentes penitenciários, para que, somados às novas infraestruturas, possamos ter a garantia de mais segurança para nossa gente.

Não podemos esquecer do caos que está nossa saúde pública, tanto na esfera municipal quanto na estadual. Pacientes tendo de esperar nos corredores por um atendimento digno, falta de medicamentos, filas para cirurgias e tantas outras mazelas que afligem a nossa população, já tão sofrida.

Por fim, quero falar de desenvolvimento. Roraima tem um grande potencial de crescimento em várias áreas, mas é preciso que sejam resolvidos alguns entraves para que o Estado se desenvolva. Energia confiável, regularização fundiária e infraestrutura de estradas são alguns pontos que deverão ser resolvidos urgentemente, para que nossa gente tenha a garantia de um futuro melhor, com mais emprego e renda para todos.

São muitos os problemas a serem enfrentados e é preciso que cobremos dos nossos políticos ações enérgicas para resolvê-los.

Um 2020 de muita paz e esperanças renovadas a todos!

*Ex-governador de Roraima

Ano Novo: Despertar para outro recomeço

Paulo Eduardo de Barros Fonseca*

Por decreto do imperador romano Júlio César, desde o ano de 46 a.C. o ocidente, todo dia 1 de janeiro, comemora o ano novo. Modernamente, esse evento também é chamado de réveillon, expressão francesa cujo significado é despertar.

Não raro, nessa ocasião, embalados pela expectativa de um novo ano que se inicia, as pessoas fazem planos de mudança como num verdadeiro despertar de novas possibilidades.

Normalmente, esses planos são voltados para questões materiais, como viagens, a compra de uma casa nova, de um carro, etc. O pedido feito em forma de canto é: “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”.

Mas que tal aproveitarmos o ano novo para um despertar diferente e nos colocarmos à disposição para a mudança de alguns comportamentos pessoais e sociais, com o comprometimento de realizarmos a grande mudança que precisa ser feita, que é a reforma íntima?

Esse é o despertar que os homens deveriam buscar dentro da simbologia que está embutida na celebração do réveillon que, aliás, ainda traz firme e presente a celebração do natal, cujo significado está justamente no nascimento, no renascimento.

O homem sempre, a qualquer tempo, pode fazer esse pacto íntimo. Mas, talvez o simbolismo da passagem de ano propicie uma maior possibilidade de reflexão e de estímulo para esse despertar.

Quando isso acontece, verdadeiramente poderemos afirmar que estamos vivendo um novo ano que, apesar da ansiedade e dúvida trazida pela busca da mudança comportamental, traz a confiança e a certeza de que, quando queremos, podemos realizar mudanças que julgávamos impossíveis de serem feitas.

Esse é o despertar e o recomeço que provoca o desejo de fazer o que for necessário para melhorar e ser feliz. É de se ter sempre em mente que o plantio é facultativo. Cada um planta o que quiser, mas a colheita é obrigatória e, por evidente, somente colhemos aquilo que plantarmos.

Se o homem quer a felicidade deve mudar seus comportamentos equivocados. No Eclesiastes está escrito que “a felicidade não é deste mundo”, mas sem dúvida é aqui que começamos a encontrá-la, tendo claro que no ensinamento “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” está a chave da felicidade.

A felicidade no ano novo depende do despertar para um outro recomeço, a partir da busca de uma verdadeira reforma moral, e isso está adstrito, exclusivamente, à vontade e ação de cada um.

Feliz 2020!

*Vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas de Santa Casa de São Paulo.

Imersões noturnas

Oscar D’Ambrosio*

O que é um mistério? Sua principal definição talvez seja um desconhecido a se conhecer. Mas cada forma de conhecer traz uma percepção diferente, o que deixa o misterioso ainda desconhecido. Talvez esse tipo de pensamento seja o cerne da poética visual de Gustavo Massola em seu documentário “Imersões Noturnas”.

Pode-se ver as imagens como a narrativa de um projeto visual cujo principal objetivo é fotografar as pinturas rupestres da Serra da Capivara, no Sul do Piauí, à noite, à luz do fogo, como os primeiros brasileiros a viam de fato. Mas o que se assiste é muito mais do que isso. Há uma jornada para dentro de si mesmo com resultados inimagináveis.

A imersão proposta passa pelas viagens de carro e caminhadas pelo chamado Brasil profundo, onde se encontra uma sabedoria própria, que Massola busca captar em vídeo, fotografia e pintura, são todas expressões de uma procura permanente por saberes integrados à natureza, muito mais par
a serem sentidos do que explicados.

Quando Massola escolhe a noite, conduz a si mesmo, e nos leva junto, por veredas em que o céu estrelado emoldura a natureza intocada, onde as sensações de cada um podem se expandir. Mas se engana quem pensa que a noite é vazia ou silenciosa. Ela demanda outros olhares, ouvidos e sentidos para ser parcialmente percebida em sua grandiosidade.

Imergir na noite é um perder-se que promove encontros inesperados e incertos. Exige a humildade de saber que, em contato direto com a natureza, é ilusão se acreditar ser possível estar no controle de alguma coisa. Justamente por isso o encontro com o desconhecido estimulado por Gustavo Massola exige a progressiva conscientização de que cada dia está repleto de surpresas e que conviver com elas torna a imersão noturna de cada um, seja em mistérios em pedra ou em memórias, uma experiência eterna.

Assista ao documentário em https://youtu.be/M5NbfxppfNI

*Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

 

Será que são?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos.” (Victor Hugo)

O importante é que continuemos sendo, na caminhada da vida. Até os momentos mais hilários podem nos servir de lição, divertindo-nos em vez de nos aborrecer. É divertido pra dedéu. Depois de certa idade continuamos cometendo as mesmas gafes que cometíamos e cometemos anteriormente. Só que porque ainda não éramos considerados idosos, ninguém dava nem a mínima atenção para os desvios comportamentais.

Recentemente estávamos, a dona Salete, o Alexandre e eu, em Natal-RN. Chegou a hora de voltarmos para casa. Arrumamos as malas, arrumamos o quarto do apartamento que, diga-se de passagem, era muito confortável. Nosso sobrinho estava trabalhando e por isso tivemos que pegar um táxi para o aeroporto. Quando chegamos para fazer o “check in”, a dona Salete quase gritou:

– Ai, meu Deus… Deixei minha carteira, com os documentos e dinheiro, em cima da cama.

– Ah, não, filha… Eu revistei o quarto e não tinha nada sobre a cama.

– Não… É que eu pus debaixo do travesseiro, pra não me esquecer.

Tivemos que rir e procurar um meio de convencer o funcionário para nos atender. Fomos atendidos e tivemos que nos virar. Depois de vários telefonemas finalmente a carteira chegou, ainda dentro do horário do voo. E olha que a distância do aeroporto para o centro da capital é pouco mais de quarenta quilômetros. E nós estávamos hospedados em um apartamento de uma sobrinha da dona Salete, e fica ali, vizinho ao ‘Estádio Arena das Dunas’.

Sem parar de rir com o acontecimento, fiquei pensando: será que todas as mulheres são iguais? Que guardam as carteiras debaixo do travesseiro para não se esquecerem quando saírem? Faz quase um mês que isso aconteceu e ainda não paramos de rir. A família toda se diverte. E fico feliz em considerarmos os acontecimentos como um aprendizado. E por isso acho que devemos começar o novo ano com o objetivo de chegarmos até o final dele, com o propósito de ser feliz, aconteça o que acontecer. Nunca critique nem se aborreça com sua esposa, sua noiva, namorada, ou seja o que for, como mulher, com os equívocos que elas possam cometer. Porque você, cara, não é superior a elas nem está livre de um dia esconder sua carteira, em vez de guardá-la. E quando ela descobrir, aí sim, coitadinho de “ocê”.

Procure a harmonia no seu lar. Porque quando você a encontra, leva-a para o seu ambiente de trabalho, na convivência com colegas e patrões. Porque isso faz parte das “Relações Humanas no Trabalho e na Família.” Procure viver o novo ano com felicidade. E tudo depende só de você. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460