Opinião

Opniao 11 01 2020 9601

Jorge virou peixe

Rodrigo Alves de Carvalho*

Jorge morava numa casinha meia água com teto de zinco. A casa de Jorge ficava tão quente no verão que fazia uma sauna parecer câmara fria.

Jorge detestava o calor de sua casa. Tentou colocar ventiladores, mas apenas espalhava o mormaço; tentou jogar água com uma mangueirinha sobre o telhado, porém, só gastava água e o calor não diminuía.

Sua casa parecia um inferno de tão quente naquele final de dezembro e início de janeiro. Jorge sentia inveja dos peixes. Os peixes viviam nas águas e provavelmente não sentiam calor. Por isso Jorge queria ser um peixe.

Com suas minguadas economias conseguiu comprar uma piscina. Dessas piscinas plásticas para crianças. Mas não colocou a piscina no quintal, mas sim bem no centro de sua sala.

Ficava o dia inteiro deitado na piscina com a água até o pescoço se refrescando. E podia a casa com teto de zinco estar pegando fogo, para Jorge a água o protegia, pois se sentia um peixe.

Sua vontade de virar um peixe era tanta que comentou com os amigos que um dia iria para o Amazonas e se transformaria num Boto. Por enquanto, Jorge estava satisfeito com sua piscina e nos dias de folga do final de ano não saía de dentro da água. Assistia TV, comia e dormia dentro da piscina, só saía para ir ao banheiro.

Na noite da virada do ano, Jorge acabou dormindo na piscina e sua cabeça foi para dentro d’água, ficou submerso durante toda noite e aos poucos se transformou em um peixe, mas não em um Boto, como queria, e sim em um grande Pacu.

No outro dia os amigos chegaram à sua casa para desejarem ano bom, mas não encontraram Jorge que dizia ir para o Amazonas virar um Boto. Encontraram apenas o Pacu nadando alegre dentro da piscina.

Os amigos foram categóricos:

– Já que Jorge foi para o Amazonas virar Boto, não vai se importar se a gente assar esse Pacu para nosso almoço de ano novo.

*Nascido em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.

Esclarecimentos legais e teológicos sobre filme “Jesus” de Portas dos Fundos

Alex Ladislau*

O tipo penal descrito abaixo está classificado como crime contra o sentimento religioso.

Art. 208 código penal

Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso que tem como pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Tem como direito tutelado o sentimento religioso, como sentimento ético-social em si mesmo, e, de forma secundária, a liberdade de culto.

Em palavras mais simples protege a fé das pessoas e o direito de divulgar a sua religião.

Para Guilherme de Souza Nucci (Código penal comentado, 8a edição, pág. 852), trata-se de tipo penal que contém três figuras criminosas autônomas, quais sejam: escarnecer de alguém por motivo religioso, perturbar culto religioso e vilipendiar objeto religioso.

Esses crimes violam diretamente interesses coletivos, sendo que o sujeito passivo é, primariamente, o corpo social.

O elemento subjetivo do crime é o dolo específico, configurado no ato de deboche voltado contra alguém, em público, por motivação religiosa, objetivando desrespeitar o culto ou a função religiosa alheia.

Ditas essas palavras iniciais, conceituando o crime contra o sentimento religioso, passamos a análise seguinte: um vídeo que apresenta Jesus como homossexual pode ser considerado crime ou pode ser encarado como liberdade de expressão?

Um dos ensinamentos estabelecidos na Bíblia fala que a prática da homossexualidade é pecado: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus. I Coríntios 6:9-11 (referência bíblica)

Esse tema é, para nós cristãos, um dogma.

A pessoa de Jesus, segundo a nossa fé cristã, foi um homem que veio ao mundo e não se contaminou com o pecado: “Ele não cometeu pecado algum, nem qualquer engano foi encontrado em sua boca.” I Pedro 2:22 (referência bíblica)

Se para fé cristã Jesus não cometeu pecado algum, apresentá-lo como um pecador (qualquer que seja o pecado), é um escárnio aos cristãos. Atinge a fé de todos que acreditam nos dogmas bíblicos, faz com que toda a Bíblia seja duvidosa.

Dessa forma, concluo que atacar a imagem de Jesus, apresentando-o como um pecador, configura o crime do art. 208 do CP, por atingir diretamente o sentimento religioso do povo cristão que é a fé em Jesus, imaculado, sem pecados.

Esse texto não tem o objetivo de levantar discussões, apregoar o ódio, tampouco convencer quem pensa o contrário, é simplesmente o meu pensamento.

*Advogado civil e trabalhista

[email protected]

A topada faz bem

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em qualquer topada.” (Bob Marley)

Os aborrecimentos podem estar parando você numa topadinha insignificante. Parar, nunca. Os caminhos continuam abertos mesmo quando achamos que tudo se fechou. O importante é seguir sempre em frente. Sempre procurando o melhor. E o mundo, embora pareça de cabeça para baixo, está nos mostrando o quanto devemos lutar. A luta é renhida. E o importante é que estejamos sempre preparados para o ringue. Não desista nunca, dos seus sonhos. São eles que levam você aonde você quer chegar. Cabe a você ser suficientemente forte para as topadas que virão pelas veredas da vida. Vamos em frente.

Os obstáculos na vida fazem parte da vida. É com os err
os que aprendemos a acertar. Não sei se você ainda se lembra do Edson, então vamos repeti-lo. Quando alguém o criticou por ele estar errando muito, nas experiências para a criação da lâmpada elétrica, ela respondeu: “Eu não estou errando. Estou aprendendo como não fazer na próxima vez.” Porque é assim mesmo. Quando pensamos que erramos, erramos. Quando na verdade deveríamos aprender com o erro. Logo, o erro não é erro. Simples pra dedéu.

A caminhada que teremos de vencer até o próximo fim de ano é bem longa. O que nos oriente a prestar mais atenção à aceleração do tempo, que nos parece estar passando mais rapidamente. É pena que os comunicadores que falando o dia todo, todos os dias, não nos atentem para a verdade. A aceleração existe. E a Astrologia Espacial nos diz que ela, a aceleração, é consequência da inclinação do eixo da Terra. E como essa verdade nos parece científica, não lhe damos importância. O que nos torna sem importância. Aí, continuamos botando a culpa nos transportes coletivos, nos políticos que não tomam providências cabíveis, e por aí afora.

Vamos respirar, caminhar e parar de parar nas topadas. Temos tantos bons exemplos de vencedores que lutaram tenazmente e venceram. São exemplos que mereceriam mais atenção, como lições de vida, de luta e, sobretudo, de respeito a si mesmo. Porque quando nos respeitamos como seres de origem racional é só sabermos o quanto podemos fazer para sermos o que devemos ser. Todos nós, e cada um de nós, estamos na caminhada rumo ao horizonte inatingível. Só ainda não acreditamos que o tesouro não está no horizonte, mas na extensão da caminhada. Por isso não pare de mirar o horizonte do seu futuro. É lá que está tudo de que você necessita para ser feliz. O que ratifica que a felicidade está dentro de nós. É só saber buscá-la na racionalidade. Todos podemos quando acreditamos. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460