Opinião

Opniao 15 02 2020 9787

Os invisíveis de Berlim

A perseguição dos nazistas aos judeus reúne os mais variados episódios. É uma avalanche de fatos e informações que foram se articulando ao longo de décadas e que precisam ser lembrados para que não se repitam em hipótese alguma. O filme alemão “Os invisíveis”, de Claus Räfle, joga luz em histórias reais que envolveram milhares de pessoas.

O contexto é o final dos anos 1930, quando o Partido Nazista tomou diversas atitudes que buscaram “limpar” Berlim dos judeus. Foram medidas oficiais que culminaram na máquina de extermínio das câmaras de gás que resolvia de maneira prática e eficiente a questão do destino dos corpos, com a incineração dos cadáveres.

É nessa atmosfera de perseguição que se estima que mais de 7 mil judeus, dos quais 1500 sobreviveram, se esconderam em Berlim. O filme conta a história de quatro deles, mesclando emocionantes depoimentos com encenações dramatúrgicas de alguns momentos de suas trajetórias.

Cada uma das vidas enfocadas tem peculiaridades. A órfã Hanni Lévy precisa se adaptar rápido a cada nova circunstância, pois não tem fortes laços familiares que a protejam, enquanto Cioma Schönhaus é um competente falsificador de documentos que, embora muitas vezes desatento em suas atividades ilegais, mantém a criatividade em alta para preservar a vida.

Eugen Friede é guiado pelas paixões e pela necessidade de ficar vivo, mas precisa conviver com uma realidade em que qualquer vacilo em revelar a sua identidade pode ser fatal; e Ruth Arndt é afastada da família e passa a trabalhar na residência de um oficial alemão que a abriga mesmo sabendo que ela é judia.

Qualquer desafio nesse contexto poderia ser fatal para quem se escondia e para quem ajudava. O filme, ao narrar em paralelo todos esses acontecimentos, dá visibilidade a narrativas marcadas pela mudança constante de casa e pelo exercício de viver escondido em diminutos aposentos ou de assumir diferentes identidades, com novos nomes e famílias.

Tudo isso ocorre com essas pessoas sabendo que cada bater à porta poderia ser o último a ser ouvido com a entrada de oficiais da Gestapo ou de soldados que os encaminhariam para a morte sumária ou para os campos de concentração, numa realidade que mostra a infinita capacidade humana de torturar física e psicologicamente o seu semelhante.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

 Cuidado com o que você planta

Afonso Rodrigues de oliveira

“Há os que plantam a alface para o prato de hoje, e os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã.” (Rui Barbosa)

As décadas dos sessentas e dos setentas, do século XX, foram um período muito rico para minha vida. Época em que estudei três anos com um grupo formado por grandes professores das maiores faculdades de São Paulo. Entre eles o Alpheu Tersariol. E foi ele quem numa aula, escreveu, no quadro, esse pensamento do Rui Barbosa. Lições, das quais nunca esqueci, nem as esquecerei. Eu ainda era garoto no curso primário, e isso faz muito tempo, quando li na barra da capa do meu caderno escolar, outra obra prima. O autor da obra, eu não sei, porque como criança, eu não estava interessado em autores. Mas você já a leu por aqui, no nosso bate papo: “A educação é como a plaina, aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.”

Você, jovem, aproveite cada momento dos momentos de sua vida. Nunca deixe de lado os ensinamentos que lhes são passados pelos seus professores e pais. Inicie levando em consideração que você nunca será o que quer ser se não estiver preparado. E a educação é o esteio de tudo. E esta se inicia no seu lar. Só quando recebemos uma educação de classe, dentro do nosso lar, sabemos aproveitar os ensinamentos que vêm das escolas. Nada contra professores nem escolas. Mas levo sempre em consideração que as escolas não educam, apenas ensinam. E pode até nos ensinar a aprender, baseados na educação que recebemos dentro do nosso lar. E para educar seu filho você não precisa ser intelectual, nem ter frequentado boas escolas.

Um dos maiores exemplo de como podemos ser educados por pais que frequentaram poucas escolas, já tive. Já lhe falei daquele jovem operário de uma grande empresa paulista, onde trabalhávamos, na década dos sessentas. Mas já lhe falei dele. Mas não temos mais espaço disponível por aqui para retornar ao assunto. Por isso vou deixar pra falar dele no próximo trabalho, prometo. Foi uma lição de educação vinda de um pai nordestino, quase analfabeto. E o mais importante é que a lição do pai, à distância, foi lindamente aprendida pelo filho operário. Senti-me orgulhoso do comportamento daquela dupla, pai e filho, no exemplo de que a educação começa no lar.

Cuidado com o que você fala e, sobretudo, como você fala com seu filho, independentemente da idade dele. O exemplo vem no respeito. O Moisés Hause, (assim mesmo, com a,) certo dia, numa conversa, ele me disse: “O exemplo sempre foi e sempre será a melhor didática.” Logo dê sempre um bom exemplo, como pai, ou como mãe, como didática na educação do seu filho. Pense nisso.

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