Opinião

Opniao 21 02 2020 9821

O HOMEM MAIS RICO DO MUNDO

Paulo Nicholas*

Rio de Janeiro, zona rural da região das Serras, maio de 2019, e lá estava eu no meio do nada quando ouvi do meu mestre, Yaakov “Kobi” Lichtenstein, algo que me chamou atenção. Disse ele: Você quer ser o homem mais rico do mundo? Mas rico de verdade? Então faça um, apenas um amigo de verdade por ano. Se você conseguir fazer um verdadeiro amigo por ano, em dez anos você será o homem mais rico do mundo.

Esta lição foi aprendida por ele por seu mestre, Imi Lichtenfeld. Um dos heróis da vida real preferidos. Essa lição me martelou na cabeça por meses para que eu pudesse digeri-la totalmente.

Primeiro porque o conceito de riqueza deve ser repensado. O que significa ser rico não é ter dinheiro ou bens ou patrimônio. Eu sinceramente não queria ser rico sozinho. O valor que um amigo pode ter, tanto nas horas mais terríveis como nas mais bacanas é inestimável.

Pensando com calma e indo até o passado, pode-se perceber que o fato de termos pessoas confiáveis ao nosso lado foi essencial ao nosso desenvolvimento como espécie. Isso porque quando éramos caçadores/coletores, dependíamos crucialmente de um grupo fiável para a divisão de tarefas e precisávamos contar uns com os outros para a nossa própria sobrevivência. Se não houvesse um grupo muito unido, ninguém sobrevivia por muito tempo.

Creio que ainda hoje é assim. Grupos conseguem ser muito mais competitivos do que indivíduos em todas as áreas da vida moderna: Um sindicato é mais forte do que um trabalhador sozinho, uma cooperativa consegue fazer muito mais do que um produtor, um partido unido é mais poderoso do que um político solitário, uma sociedade consegue mais competências do que um profissional autônomo. Foi assim nos primórdios da humanidade e é assim no mundo profissional moderno, também funciona dessa forma na vida pessoal.

Ter amigos de verdade, daqueles que te amam fraternal e incondicionalmente, é um presente tão gratificante quanto ter o amor da vida ao seu lado. O sentimento de uma amizade verdadeira, leal e legal, atinge o nosso sentimento de grupo de pertencimento e preenche partes importantes de nosso caráter, ego e personalidade.

Eu não sabia, mas pesquisas apontam que o fato de não se ter amigos de verdade faz mais mal para a saúde do que o sedentarismo, alcoolismo e tabagismo!! Ter amigos é importante, não só para nossa saúde mental como também física.

E amizade, como toda relação, precisa ser cultivada. Precisa de lealdade, de atenção, de companheirismo. Precisa ser despida de vaidade e ter admiração. Para ser e ter verdadeiros amigos, tem que se torcer pelo seu sucesso, tem que apontar os erros, tem que brigar, opinar e palpitar. Tudo isso sem julgar. Ter que, às vezes, só do lado estar.

Fazer um amigo de verdade é coisa mais rara e difícil do que ganhar dinheiro. Ter um amigo é ter uma riqueza, uma joia, um porto seguro. É ter alguém que anda com você no carrão ou no busão que tem você em todo tempo no coração.

Em suma: O homem mais rico do mundo é aquele que tem mais amigos de verdade. A riqueza está dentro de você!

*Advogado e escritor

@pnicholas

Nióbio a preço de banana

Edio Lopes*

A demanda do nióbio tem crescido nos últimos anos a uma taxa de 10% ao ano. É um metal cujo beneficiamento é raro no mundo e considerado fundamental para a indústria automobilística, aeroespacial, marítima, bélica, de energia, de eletrônicos e outras de alta tecnologia. É usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão, temperaturas extremas e caracterizado por ser um supercondutor.

É um erro afirmar que o Brasil é dono de maior parte do nióbio existente no mundo. Há grandes reservas naturais na Rússia, Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Dinamarca, Arábia Saudita e em vários países da África.

O Brasil detém sim, as maiores jazidas em exploração (98,43%), seguido pelo Canadá (1,11%) e Austrália (0,46%), sendo assim líder na produção e comercialização da liga ferronióbio. Bastam cerca de 400g por tonelada para produzir aços mais leves e resistentes.

Toda a produção brasileira de nióbio está concentrada em duas empresas: a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), dos irmãos Moreira Salles e instalada na região de Araxá e Tapira (MG), e a empresa China Molybdenum (CMOC), em Catalão (GO).

A CBMM, em 2018, teve faturamento de R$ 7,4 bilhões e lucro de R$ 2,7 bilhões. A empresa responde por cerca de 80% da produção mundial (90 mil toneladas em 2018).

Esta produção é exportada para mais de 50 países onde estão localizadas grandes siderúrgicas. Mas esta exportação é limitada e realizada entre a CBMM e suas representações, em escritórios que a própria empresa abre nesses grandes centros, como China, Cingapura, Japão, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Rússia e Inglaterra. A CBMM não negocia diretamente com as empresas estrangeiras do setor e interessadas no nióbio do país.

É o valor desta transação, o que a CBMM vende para ela mesma, que é registrado na balança comercial no país. A partir dessas subsidiárias da empresa no exterior, não se tem conhecimento do valor que o nióbio brasileiro é comercializado, já que se trata de negociações particulares. Há suspeitas de subfaturamento que gera enorme evasão de divisas e fraude à balança comercial nacional. E é assim que a CBMM consegue determinar e controlar os preços desta negociação.

O preço médio de exportação de minérios como ferro e ouro valorizaram mais de 80% na última década. A tantalita valorizou 150% no mesmo período. Já o preço médio do quilo do nióbio esteve estagnado em menos de US$ 40.

Questionamos: como o valor de um metal tão estratégico, cuja produção é quase que total no Brasil, não acompanhou a evolução internacional dos preços de outros metais?

Ao contrário dos metais citados, o nióbio não é uma commodity, ou seja, seu valor não é negociado em bolsas de valores. O valor é estabelecido pela empresa que tem o monopólio de sua produção. Deve ser este o motivo pelo qual o preço do nióbio não acompanhou a evolução internacional dos preços dos metais estratégicos.

Daí a principal discussão envolvendo a CBMM. A empresa tem seus méritos pelos investimentos e desenvolvimento da tecnologia de beneficiamento do nióbio, mas criou um cenário em que ela determina o preço de mercado e se favorece com isso.

Como dizia o líder político Enéas Carneiro: “o Brasil vende seu nióbio a preço de banana”. O país está perdendo bilhões ao não controlar o preço do produto no mercado mundial. O Brasil poderia ganhar até 50 vezes mais o que recebe atualmente com as exportações de nióbio caso ditasse este preço.

O país não pode
fechar os olhos para a exploração de uma riqueza natural importante estrategicamente e que é comercializada de maneira tão obscura. O governo brasileiro deve tratar o nióbio como motivo para atrair investimentos, transferência de tecnologia e desenvolver a cadeia industrial do país.

O primeiro passo é determinar que essa comercialização de nióbio ocorra em uma bolsa de valores, seria interferir no preço do produto, tornando-o uma commodity.

*Deputado Federal(PL/RR)

Sem governo não dá

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“De todos os animais o homem é o único que não pode subsistir sem um governo.” (IBN-Khaldun)

A política é o esteio da sociedade. Não podemos sair por aí dizendo que a política é falcatrua. Estamos vivendo um dos maiores maus exemplos na administração política. Mas também não podemos ficar botando a culpa nos políticos. Mesmo porque nem todos os que estão na política são políticos. A bem da verdade, cada vez mais, vai diminuindo o número de políticos na política. E o nosso desconhecimento na política é tanto que está nos levando para o fundo do poço da má política. E só há uma maneira de sairmos desse balaio de caranguejos.

O único meio de sairmos dessa maracutaia é nos educando. Porque enquanto formos uma sociedade sem educação seremos títeres de políticos que não merecem a posição que ocupam. E só educados poderemos evitar os erros que cometemos, e ficamos culpando os maus políticos. O Joaquim Barbosa disse: “Somos o único caso de democracia que os condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.” E o circo continuará funcionando enquanto não acordarmos para o fato de que a culpa pelo vendaval político é do cidadão que continua elegendo e reelegendo palhaços, porque eles são divertidos, artistas de televisão, porque eles são famosos, e por aí.

Então vamos fazer nossa parte nos educando. Porque os responsáveis pela educação não estão nem aí. Para eles, quanto mais ignorante o povo, mais garantidas as vagas na política. Já tivemos um famoso artista de televisão, eleito vereador pelo Rio de Janeiro, que criou um projeto de lei criando a aposentadoria para os cavalos que trabalham com carroças. No nosso Senado, temos um Senador que já foi condenado e expulso do cargo de Presidente da República por corrupção. Governadores continuam fazendo festinha de forró com o dinheiro do cidadão.

Mas não vamos nos apoquentar. Deixa o barco navegar. O importante é que não o deixemos afundar. E estamos correndo esse risco. Três anos antes da revolução militar no Brasil, o marechal Juarez Távora disse, numa entrevista ao Sargentelli: “Os militares não gostam de assumir o poder. O problema é que os senhores civis, quando estão no poder, bagunçam tudo. E quando o país entra na banca rota os militares assumem, põem a casa em ordem e os senhores civis bagunçam tudo novamente. Agora, no dia em que os militares assumirem o poder, terão que ficar, pelo menos, trinta anos, para que os senhores nunca mais consigam bagunçar.”

Não estou vendo risco, mas é bom que fiquemos de olhos abertos. E só conseguiremos isso quando educados politicamente. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460