Opinião

Opniao 22 02 2020 9825

BLOCO QUEM DEU, DEU. QUEM NÃO DEU, NÃO DAMARES!

Hudson Romério*

“Ó abre alas que eu quero passar

Eu sou da Lira, não posso negar.”

Chiquinha Gonzaga

Desde sempre é assim! Entra fevereiro, sai fevereiro… e algumas vezes março…

Ruas e avenidas cheias! Gente por todos os lados… frevo, axé, samba… pernas, bundas, olhares…cachaça, diversão, fantasias, utopias, desilusões que transformam lagrimas em risos…desamores em breves e fúteis paixões de máscaras e fantasias.

“Fevereiro é tão curto

Não cantam cigarras, não cantam sereias

Não há sonetos em cartas de amor!”

Lá vem eles, loucos! Insanos por quatro dias: Pierrôs, Arlequins, Colombinas!!! Tristeza, alegria e traições… bailes de máscaras! Batalha de confetes, blocos, escolas de samba… tantos amores, tantos filhos nascidos por noites efêmeras de prazer… a finitude da festa explica tudo isso, o porquê dessa rebeldia profana! São nossos heróis e heroínas paliativos, provisórios… malandros, putas, operários, donas de casa, empregadas domésticas, ricos, proletários, índios, imigrantes, todos se fundem no rol dessa loucura de Momo!

Desde que o mundo é mundo existe carnaval: Babilônia, Mênfis, Atenas, Roma… se olharmos bem, até o Éden, em seus primeiros, dias era uma festa só! O Homo Sapiens tem como natureza essa coisa lúdica, o lazer e o entretenimento – somos seres festivos, desde os primórdios nós cantamos e dançamos nas estepes africanas até nas cavernas do período glacial onde começamos a entender que a vida é bruta e indiferente ao gênero e espécie.

O título dessa crônica, eu parafraseei de um bloco de carnaval lá das Minas Gerais, é um tanto metafórico quanto irônico, mas condiz com nossa realidade brasileira – sabemos que nosso povo tem como característica a sensualidade, a alegria, a espontaneidade – gostamos sim, de festas, de ajuntamento de coisas e pessoas, não temos medo da nossa sexualidade, da disposição pelo sexo, mas o que há de errado nisso? Enfim, aí vem essa senhora, ministra do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que segundo ela, viu Jesus Cristo trepado num pé de goiabeira, querer através de decreto impor limites e regras nessa questão tão íntima de cada cidadão! Primeiro que isso não é política pública; segundo, a escolha de transar ou seja lá o que for, é de cada um, como direito constitucional, como um direito universal; então viva o Carnaval!!! Viva o povo brasileiro!!!

“Foi bom te ver outra vez/ Tá fazendo um ano /Foi no carnaval que passou Eu sou aquele Pierrot / Que te abraçou /E te beijou, meu amor/ Na mesma máscara negra

Que esconde teu rosto / Eu quero matar a saudade.”

Zé Keti

*Escritor e Cronista

Tel: +55 (95) 99138.1484

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QUANDO O MUNDO NÃO É MEU

Wender de Souza Ciricio*

A população mundial, atualmente, passa de 7 bilhões. Temos uma superfície de terra de 510.100.000 km² e 95,5% de água que temos no mundo está nos oceanos e mares. 69% de quase toda a água doce do mundo está em forma de gelo. O transporte rodoviário no Brasil é o principal sistema logístico do país e conta com uma rede de 1 720 700 quilômetros de estradas e rodovias nacionais (a quarta maior do mundo), por onde passam 61,1% de todas as cargas movimentadas no território brasileiro. Em meio a esse mundo quase que ilimitado brota, em todas almas sóbrias e viventes, a seguinte pergunta: “Quem sou eu?”

A impotência do homem e da mulher brasileira ganha maiores proporções quando os mesmos descobrem que num sistema carcerário, no Brasil, construído para encarcerar 415.960 abriga 704.395, sem incluir os que cumprem prisão em regime aberto, os que estão em delegacias e que quando saem dessa esfera se dirigem a sociedade com mais vitalidade, criatividade e impiedade para roubar, matar e violentar. Esse mundo cresce diante de um único indivíduo quando se recebe notícias de que pessoas, indistintamente, morrem com balas perdidas, que os impostos fazem as mercadorias ficarem absurdamente mais caras, que nos hospitais faltam leitos, remédios e atendimentos a altura do que se faz necessário. Frustra e inquieta ao saber que vivemos num país que figura entre as maiores economias do mundo, mas que ao mesmo tempo mais de 15,2 milhões tentam sobreviver com R$ 140,00 de renda mensal e que apenas 58 brasileiros, entre 210 milhões de habitantes, têm suas fortunas somadas na casa do 179,7 bilhões de dólares.

E mais triste e medonho é que mesmo diante desse gigantismo, muito aquém de nossa realidade, tentamos ajustar e costurar as situações para enfim, sermos, favorecidos. Vivenciamos a paranoia de que podemos com esse mundo. Os garotos andam nas ruas de cabeças baixas teclando no celular desconsiderando a possiblidade de serem roubados porque no subconsciente imaginam que o mundo dos perversos não é páreo para o mundo deles, se acham onipotentes e intocáveis, porém tremem diante de uma arma branca ou revólver, porque o mundo não lhes pertence. Um lindo casal entra numa concessionária, enamora e resolve levar um carrão cabine dupla sem se dar conta de que conseguirão pagar somente até a quinta prestação e que jamais conseguirão parar os infinitos telefonemas das inoportunas agências de cobrança. Tentamos mandar energias positivas para nossos governantes, cruzamos os dedos, mordemos os lábios e esperamos que eles provem que são bons, honestos e feitores de políticas justas e equânimes. Entretanto navegamos entre desempregados, pobres, doentes e moribundos. Muitos pais não conseguiram impedir que suas filhas engravidem fora de hora e nem evitar que elas finjam estar em aulas para ir a motéis com namorados. Que mundo é esse que não nos dá o controle do portão e a senha para poder manipulá-lo?

As famílias do lavrado, da vicinal 11 e 12, o sujeito doente de câncer, a vítima do assalto que trabalhou anos para ter ser carro agora roubado, a mãe que perdeu o filho afogado num rio selvagem, o homem que volta para casa tendo que dizer para esposa e três filhos que foi demitido, o jovem que vê seu sonho desvanecer ou adiado sem saber até quando verá seu nome na lista dos aprovados para universidade. Quanta frustração, quantos nós na garganta e quantas desilusões. Precisamos superar a utopia de achar que o mundo nos pertence. Em nosso projeto pessoal e subjetivo de vida temos que contar que chuvas vêm na hora que queremos o sol e que o sol esquenta mais do que suportamos. Não adianta construir nas encostas dos morros porque um dia a chuva vem e vem com força.

Esse texto não é o texto das fórmulas e nem das receitas, mas da conscientização e da realidade. Se existe um estímulo para lhe dar é que esse mundo não é seu e nem meu. Conforme-se, levante a cabeça e marche.

*Psicopedagogo, historiador e teólogo

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fone (95) 98112.6086

Façamos juntos

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Não se pode ajudar continuamente os homens, fazendo por eles o que eles próprios poderiam fazer.” (Abraham Lincoln)

E só cresceremos quando entendermos que cada um de nós é responsável pelos seus atos. Não podemos ficar esperando que alguém faça por nós o que poderíamos fazer. Embora dependamos de quem vai fazer o que queremos que ele faça. Simples pra dedéu. Na minha longa jornada, na vida, já convivi com grandes políticos, de vereador a Presidente da República. E todos conheciam meu comportamento. Mas nenhum deles soube em quem eu votava. Ainda sou assim. E por isso espero que os amigos que tenho na política, não se sintam constrangidos com meus pensamentos sobre os políticos. Aprendi, muito cedo a não criticar. E se tiver que criticar critico o ato, e não quem o praticou. Porque quando fazemos isso sabemos que alguém pode estar, numa análise, aprendendo com seu próprio erro. Que é o que nos engrandece.

Estamos nos aproximando das próximas eleições. E pelo que vejo, o andar da carruagem continua o mesmo. Comentários que ouço, diariamente, me preocupam. Não percebo crescimento na razão do eleitor brasileiro. Ainda não entendemos o grau da importância da nossa ação na política. Ainda não crescemos o suficiente para entender que somos nós, eleitores, os responsáveis pelos desmandos na política. E que enquanto não botarmos isso em nossas cabeças, continuaremos elegendo desqualificados para fazerem por nós o que estamos fazendo com nosso voto. E eles riem porque sabem que estão fazendo exatamente o que fizemos com nossa ignorância política. Elegendo desqualificados.

Você ainda é dos que votam no candidato porque ele fala bonito? Cuidado. O Jânio Quadros frequentava muito os churrascos de fins de semana, na casa do Vereador Tarcílio Bernardo, em São Paulo. Eu estava sempre lá. Naquele dia o Jânio falava muito, criticando o Adhemar de Barros, seu adversário político. O Deputado Emilio Carlos precisou se ausentar, e quando saía, passou pela sala da casa. Eu estava conversando com minha amiguinha, filha do Vereador. O Deputado Emílio Carlos tocou no meu ombro e falou ao meu ouvido: “São briguinhas comadrescas… Afonso.” Que é o que ouvimos com frequência e nos deixamos levar pelo blá-blá-blá.

Vamos parar de ficar gaguejando em críticas banais à banalidade no falar de políticos que deveriam educar o falar. Afinal, somos responsáveis por eles. Eles estão representando o que dizemos ser, quando votamos neles. Afinal de contas, são nossos representantes e escolhidos por nós. E o que devemos é nos educarmos para que possamos ser respeitados por eles. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121+1460