Opinião

Opniao 25 01 2020 9673

A vida é cheia de caminhos

Vera Sábio*

Ouvi estes dias de uma amiga que antes tinha a vida em um nível social mais alto e acabou em uma curva da estrada, ficando um pouco menos do que era. Porém, tranquilamente ela aceitou, na crença de que a vida é uma estrada.

Felizes aqueles que na esperança de dias melhores, arregaçam as mangas, vão a luta e ultrapassam quaisquer buracos, pontes quebradas, pedregulhos, curvas perigosas e o que a vida coloca pelo meio do caminho. Sempre na confiança de que dias melhores chegarão.

Da mesma forma, tristes aqueles que ao invés de olharem para frente e atingirem lugares novos, teimam em se lamentar diante do retrovisor. Gostando muito mais do que viveram e fechados a todo o bem que o universo pode lhes proporcionar.

A grande jogada se chama gratidão. Se doer, agradece, pois existem dores ainda piores. Se tropeçar, agradeça, pois tem pernas, pés, dedos, ao contrário nem tropeçaria. Se ouvir lamentos, agradeça pelo sentido da audição, se enxergar perigos, agradeça pelo dom da visão, e mesmo se tem voz para falar o que quer, agradeça, pois podes falar um grande obrigado por tudo enquanto tantos são mudos e enfim têm menos do que você que consegue ler este jornal e tem consciência de entender o que escrevo.

Neste caminho chamado vida, embora os imensos obstáculos que possui, existe sempre um rio chamado perseverança que corre sem nunca voltar atrás. Que este rio te ensine a cada dia que um novo sol irá brilhar e quando menos esperares, seu caminho se transformará. Mas mesmo quando tudo estiver florido, agradeça e agradeça por este pedaço de calmaria, onde você precisa se fortalecer, já que uma hora ou outra obstáculos surgirão, afinal só não tem problemas, quem não estiver vivo.

*Palestrante, psicóloga, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.

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QUANDO O LIXO TEM MAIS VALOR DO QUE O SER HUMANO

Wender de Souza Ciricio*

Moram nos Estados Unidos, segundo os dados estatísticos, 750 mil brasileiros; no Paraguai 350 mil, depois vai diminuindo a presença de brasileiros em outros países, mas que somados passam de 2 milhões vivendo formal e legalmente como imigrantes. Assim como muitos brasileiros saem do país com o desejo obsessivo de ter emprego, subsistência e a chance de encontrar algo melhor do que aqui, estrangeiros de outros países mudam para o Brasil com desejos e intenções muito parecidas.

De imigração a população de Roraima entende muito, apenas tem dificuldade de absorver a forma como tem sido feita; e com razão. Não resta qualquer dúvida que as autoridades, que regem sobre nós, jogaram uma tremenda responsabilidade sobre nosso colo. Alguns fardos pesam em meio a essa situação. Uma delas é que não tem como impedir a entrada, principalmente de venezuelanos, e outra é que estamos sendo iludidos e enganados com discursos pífios de que os governos, das esferas federal e estadual, estão dando a assistência que se faz necessária. E nessa ausência do Estado, o povo a deriva vê seus sentimentos em relação ao venezuelano mudando de cores e de tom.

No início, quando a massa local viu venezuelanos entrando maltrapilhos, descamisados e famintos, o sentimento foi de simpatia, seguido em pouco tempo por empatia. O olhar sobre os imigrantes era de piedade e comoção, que logo se transformou em ação. Essa ação foi consumada por meio de sopões, alimentos e suprimento, evidência clara que a dor dos recém-chegados passou a ser a dor de quem os recebia, isso se chama empatia. Entretanto, os anos vem a galope trazendo mais venezuelanos e com eles um conjunto de situações não tão salutares como violência, doenças, mendicância, desemprego e mais outras situações. E mesmo, a despeito, de alguns dos venezuelanos, oferecer mão-de-obra, alguns empreenderem e outros gastam o pouco que têm no comércio local o povo abandonou as esferas da simpatia e empatia e pulou para antipatia.

A antipatia tem ganhado tamanha proporção que poucos conseguem ver que a ausência do Estado é a causa maior desse caos que tem a tendência de crescer. A antipatia tem crescido de tal modo que venezuelano, mesmo não sendo “santos”, é claro, são quase que responsáveis por todos os atos ilícitos praticados. Viraram “costas largas”. Roubos, assaltos e homicídios viraram patentes de venezuelanos; e mesmo que brasileiros também pratiquem esses pecados, as suspeitas inicias sempre são sobre os venezuelanos.

A antipatia chegou a uma dimensão tamanha que até o lixo, aquilo que sai de nossas casas e não volta mais, aquilo que fede, é nojento e indigesto, ganhou mais relevância que os imigrantes. Na fome eles mexem no lixo e às vezes, de tanto revirar, espalham pelo chão o que sobrou. Nada legal isso. Mas pior ainda é saber que alguns donos desses lixos se preocupam mais em brigar e xingar o autor e invasor da lixeira do que o esfomeado que está por trás desse lixo. A antipatia nos cegou, nos fez irados, temos ódio, raiva do esfomeado que fala espanhol. A antipatia pôs fim ao diálogo. Somos impedidos, por esse sentimento, de ver a dor, a fome, o desgaste de quem está desabrigado e desolado. O lixo vale mais que o ser humano.

Nosso governo vai lá fora e discursa dizendo que tem feito operações, sejam elas denominadas Acolhida ou outros rótulos, pousa de bom mocinho e de Hobin Hood enquanto o sujeito imigrante quase apanha por tentar achar algo em nossos lixos, achar o que lhe falta, achar o que precisa, achar o pão de cada dia e ter a possibilidade de respirar no dia seguinte. Quem escreve o texto será criticado, pois antipatia estimula a isso. Quem passa fome não se prende à fronteira, nem à fronteira da lixeira. Quem antes sentia a dor e que agora faz parceria com a antipatia não se convence de que essa alternativa de procedimento é mesquinha e revela o quão pobres de espírito são os que tais atos praticam. Acordem.

*Psicopedagogo, historiador e teólogo

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A verdade às vezes dói

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Vamos dizer uma vez mais o que já dissemos cem vezes, pois hoje em dia não há ouvidos dispostos a ouvir nossas verdades.” (Nietzsche)

Estamos aqui, na Ilha Comprida, com um dia bem agradável, apesar da neblina que molha quem não acredita que ela molha. Já fiz tudo que devia fazer e não paro de caminhar, do quarto até a varanda. É gostoso pra dedéu olhar o movimento na rua com uma neblinazinha friinha e muito gostosa. O mar continua na dele. Fazendo o barulho eterno com os reencontros das marolas com as ondas. Estas, evidentemente, mais fortes, fazem as coitadinhas voltarem à praia para volta sem gr
aça.

Numa reflexão provocada pela calmaria causada pela neblina, lembrei-me dessa luta infindável das marolas com as ondas. Aí me lembrei do Dom Hélder Câmara: “É graça divina começar bem. Graça maior persiste na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca.” Porque ainda não aprendemos a aprender com a Natureza? Porque ainda não somos capaz de nos racionalizarmos. Muito simples. Ainda continuamos acreditando mais no cotidiano do dia a dia, como se a vida fosse cotidiana. Ou mais precisamente, continuamos acreditando mais nas mentiras e fantasias do que na verdade. Que foi o que aconteceu como resultado do último dilúvio. Renascemos do desastre e não tivemos condições de continuar o desenvolvimento anterior à chuvarada. Aí começamos a tarefa de nadar em águas turvas.

A Cultura Racional nos diz que o ser humano só aprende com as repetições. E por isso, os que sabem o que dizem, têm que repetir inúmeras e incansáveis vezes, para, às vezes, serem entendidos. Somos, como seres humanos, mais inclinados a acreditar nas mentiras e nas fantasias, do que nas verdades. E não preciso me aprofundar no assunto, porque você já entendeu. E se quiser fazer um teste, é simples. Quando chegar a casa, à tarde, conte uma mentira escabrosa a alguém e amanhã cedo tente convencer a pessoa de que tudo foi uma mentira. Brincadeira sem graça, mas tente. Sobretudo se a mentira tiver alguma coisa contra sua dignidade cotidiana.

Mas vamos falar sério. O mundo está de cabeça para baixo, o que não é novidade. Afinal de contas, a Terra é redonda. Mas quando voamos num foguete acreditamos que estamos subindo, quando na verdade estamos caindo para o espaço. Tão simples que encontramos dificuldades em entender. Mas vá fazendo uma reflexão sobre essa simplicidade complicada. Ainda temos muito a aprender no que devemos aprender sobre nossa vida aqui sobre este planeta Terra. E só quando entendermos isso, poderemos melhorá-lo. Então vamos fazer o melhor que pudermos fazer. Pense nisso.

*Articulista

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