Parabólica

Parabolica 07 01 2019 7487

Bom dia,

Uma possibilidade de herança perversa que a marota intervenção federal em Roraima, decretada pelo então moribundo presidente Michel Temer (MDB), no começo de dezembro do ano passado, é de que continuemos a praticar a ideia comodista de que o governo da União Federal é quem tem o dever de resolver os nossos problemas. Afinal, nos diz a sabedoria popular: o costume do cachimbo deixa a boca torta. Era assim nos tempos do Território Federal; foi assim, desde que o Estado foi implantado no começo de 1991; e agora a situação de comodismo parece estar em alta desde a intervenção marota de Temer e seus correligionários.

Começamos a escrever essas ideias depois de ler a notícia publicada aqui na Folha, dando conta que as águas do rio Mucajaí estão quase inservíveis ao consumo humano, com muita lama e, possivelmente, com a presença do mercúrio utilizado na garimpagem de ouro praticada à jusante da capital do município, em regiões localizadas na Terra Indígena Ianomâmi. A situação é tão grave que a prefeitura daquele município anunciou que vai denunciar o problema aos órgãos estaduais e federais. E faz muito bem, pois o governo municipal não tem instrumentos legais e meios operacionais para combater esse crime ambiental que pode provocar danos irreparáveis.

O governo estadual, no entanto, tem sim, instrumentos legais e meios operacionais para combater essa garimpagem irregular. E tem obrigação de fazê-lo em parceria com o governo federal, saindo da zona de conforto de jogar todas as soluções na costa da União Federal. A Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídrico de Roraima (FEMHAR) é o órgão responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos do estado por delegação da Agência Nacional de Águas (ANA). A instituição já recebeu inclusive recursos para elaborar uma política de utilização desses recursos, e tem poder de polícia para coibir este tipo de crime.

O novo governo federal de Jair Bolsonaro (PSL) tem defendido, desde as eleições, ser favorável à exploração dos recursos minerais em Roraima, inclusive nas terras indígenas; e isso parece ter estimulado a que uma leva de milhares de garimpeiros decidam praticar a garimpagem predatória, que provoca danos irreparáveis à natureza. Quem é de boa fé, sabe que o presidente quando fala em mineração, quer que a extração desses recursos minerais seja feita dentro da legalidade, e com os devidos cuidados ambientais. E o governador recém empossado, Antonio Denarium (PSL) precisa provar que pensa na mesma direção de seu correligionário presidente, articulando uma grande operação para por fim a tal crime ambiental.

EXEMPLAR

Morreu sábado de manhã, em Boa Vista, o pecuarista e ex-vereador por Boa Vista, Paulo Onete Dias de Souza Cruz. Filho do também pecuarista Bernardino (Gaúcho) Dias de Souza Cruz, pioneiro da região do Amajari, no município do mesmo nome. Paulo Dias, como era conhecido, foi um exemplo de empresário rural, político decente, pai amoroso e esposo dedicado a sua inseparável companheira de tantas décadas, Lisarb Dias de Souza Cruz.. É o tipo de morte que deixa a sociedade humana menor. Era, com certeza, uma pessoa do bem. Condolências aos seus familiares.

ACORDO

Na sexta-feira passada (04.01) houve uma ampla reunião envolvendo titulares e outros representantes de todos os poderes e órgãos do estado para realizar as primeiras discussões sobre a apresentação do novo Projeto de Lei, da Lei Orçamentária Anual (LOA), para o exercício fiscal de 2019, que deve ser discutido pela Assembléia Legislativa do Estado (ALE) quando os deputados estaduais voltarem do recesso, no começo de fevereiro. Fontes que estiveram na reunião disseram que o clima de consenso foi muito claro durante o encontro. Todos demonstraram tendência de caminharem para um acordo, mesmo que tenham que abrir mão de alguma grana para resgatar a governabilidade do Estado.

NEM TANTO

As mesmas fontes dizem que será quase impossível que todos os demais poderes e órgãos do Estado concordem em reduzir em 40% o teto de sua dotação orçamentária de 2019, em relação ao que receberam em 2018. É impraticável chegar nesse número. O mais provável é que se chegue a um acordo de que a dotação de receita deste ano chegue a mesma do ano passado, sem qualquer reajuste, mesmo da correção monetária prevista em 4,5%. Mais que isso, “tenho quase certeza de que as conversas não irão prosperar”, disse à Parabólica um dos participantes da reunião de sexta-feira última. Só o clima de cordialidade nas conversas já anima todos.

REVISTADOS 1

Essa história da existência de um cheque no valor de um milhão de reais encontrado presumivelmente na residência do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Jálser Renier (SD), durante a execução de busca e apreensão na residência do parlamentar, comandada pelo Ministério Público Estadual, tem pitadas de comédia. Os agentes federais que auxiliavam a operação teriam colocado o cheque e outros valores no interior de um envelope de plástico, e o deixaram num determinado local da residência. Já no final da busca minuciosa que fizeram por lá, os agentes não encontraram o precioso envelope contendo o cheque e valores em espécie.

REVISTADOS 2

Foi um Deus nos acuda. Ninguém sabia do paradeiro do tal envelope, o que motivou a chamada ao local de um representante mais graduado do Ministério Público, que determinou uma minuciosa nova varredura no interior da residência, inclusive, que fossem revistados os agentes federais que participaram da operação de busca e apreensão. Os policias passaram de revistadores a revistados, num clima de constrangimento total. Apesar do vexame, nem o cheque e muito menos os valores foram encontrados. Êta! Que confusão.