Parabólica

Parabolica 15 01 2019 7530

Bom dia,

Virar as costas para a inovação tecnológica nos dias que correm. Essas inovações se impõem sobre as tradicionais formas de fazer as coisas tanto pelo lado da eficiência/eficácia, quanto pelo custo. Determinadas tarefas restam simplesmente muito difíceis de execução quando feitas com práticas e meios tradicionais. Na questão da segurança pública, isto se expressa com muito mais intensidade, até porque o crime, organizado ou não, utiliza-se também de moderna tecnologia para enfrentar as forças policiais estatais. Tentar enfrentar essa gente sem utilizar da moderna tecnologia tem se mostrado um retumbante fracasso neste Brasil de hoje.

Recentemente, uma longa matéria sobre segurança pública, no Brasil e em outros lugares do mundo, exibida num canal de televisão por assinatura, mostrou um traço comum: todas as cidades que conseguiram reduzir índices de criminalidade alcançaram o intento graças à utilização eficiente de câmeras de vídeo instaladas em pontos estratégicos. Nalgumas dessas experiências, o índice de furtos chegou a zerar, como ocorreu no centro comercial da cidade de Brusque, em Santa Catarina. Manter essas câmeras monitoradas sai muito mais barato que aumentar o contingente de policiais nas ruas. Câmeras, apesar de requererem boa manutenção, não adoecem, não tiram férias, não têm folga nem sequer recebem horas extras e férias.

Em Roraima, quando foi secretário de Segurança Pública, o general Eliezer Monteiro – hoje, deputado federal pelo Rio Grande do Norte, – iniciou a montagem de um sistema de câmeras de vigilância especialmente em Boa Vista que restou abandonada desde a saída daquele militar. Por falta de manutenção, os equipamentos devem estar sucateados, e quem sabe até mesmo furtados, jogando no ralo do desperdício milhões de reais. Vários secretários e secretárias passaram pelo comando da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e nenhum deles/delas explicou porque abandonaram aquele sistema de vigilância.

Ninguém sabe quanto dinheiro público foi jogado fora por conta daquele sistema, que a princípio, dadas as características geográficas de Boa Vista, parecia destinado a ser eficiente. É claro, é preciso que esses investimentos em tecnologia sejam feitos com a maior seriedade possível. Como é essencial ao funcionamento do serviço público nos dias atuais, a compra de serviços de solução de informática representam no Brasil de hoje um enorme duto de desvios de dinheiro público através da corrupção. Especialistas ouvidos pela Parabólica garantem, no entanto, que um sistema de vigilância por câmeras, sem roubalheiras, poderia contribuir enormemente para reduzir a criminalidade em Boa Vista.

DE NOVO

O governo Bolsonaro foi buscar outro ex-auxiliar de Michel Temer (MDB) para preencher o cargo de presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai). Trata-se do general Franklimberg Freitas, que já ocupou o mesmo posto no governo emedebista tendo caído de lá por pressão da chamada bancada ruralista. Naquela ocasião, o general Franklimberg Freitas deixou bem claro que não aceitaria a construção do Linhão de Tucuruí sem prévia concordância dos índios Waimiri-Atroari. Logo, se ele não mudou de opinião, vamos ter que aceitar os termos exigidos pela Convenção 169/OIT, para resolver a questão energética de Roraima. A vantagem é que ele, aparentemente, tem a confiança dos Waimiri-Atroari.

FALTA 1

Os produtores de banana de Roraima enfrentam até hoje a tal de Sigatoka Negra, uma doença que reduz a produção e a vida produtiva das bananeiras mais cultivadas. Uma entrevista da fitopatologista da Embrapa, Hayana Lima-Primo, veiculada pela Folha nesta segunda-feira (14) mostra que esse problema poderia ter sido solucionado há bastante tempo. Os pesquisadores já desenvolveram variedades resistentes a esse fungo, assim como uma injeção, que evita a Sigatoka Negra, com enorme vantagem de custos e de danos ambientais que a pulverização. O problema é fazer chegar essas inovações aos agricultores, inclusive vencer a desconfiança deles com as inovações.

FALTA 2

Roraima é o único Estado do Brasil que não dispõe de um sistema autônomo de assistência técnica, serviço essencial para fazer chegar aos agricultores, especialmente os pequenos, os resultados das pesquisas. E já tivemos por aqui uma eficiente Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), nos moldes dos demais Estados. Ela foi extinta pelo notório Romero Jucá, quando governou o Estado nos idos de 1988/89, que a substituiu pela Fundação de Assistência e Desenvolvimento de Roraima (Fader), uma cópia mal feita de uma fundação semelhante de Brasília, que nunca funcionou direito. Aqui, a Fader só serviu para eleger deputado federal, um sujeito trazido da Capital Federal para presidi-la.

FALTA 3

De tão inoperante, a Fader foi extinta quando Ottomar Pinto assumiu o governo em janeiro de 1991. Por mais que a equipe de transição tivesse recomendado ao governador a recriação da Emater-RR, desde lá – e já se passaram 27 anos – o  Estado nunca mais teve um serviço de assistência técnica à altura da necessidade dos pequenos agricultores. O que ainda existe é feito através de um departamento da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seapa), cujos técnicos não recebem adequado apoio logístico e financeiro. E isso porque todo governo fala em priorizar a agricultura familiar. Mera e desonesta promessa.