Parabólica

Parabolica 15 11 2018 7237

Bom dia,

É natural que os políticos candidatos não conheçam na sua integralidade a realidade que eles prometem aos eleitores mudar para melhor. Jair Bolsonaro (PSL), o presidente eleito da República Federativa do Brasil, disse várias vezes que os brasileiros precisavam de um país com menos Brasília e mais Brasil. Ele sintetizava assim, sua promessa de discutir a questão federativa para dar mais poderes aos estados e municípios, especialmente com relação à questão distributiva dos recursos públicos. Hoje, o governo federal fica com pouco mais de 62% do total da arrecadação de tributos realizada pelo setor público do país. Restando menos de um terço para ser distribuído para os primos pobres da federação brasileira: os estados e os municípios.

Ao ser convidado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para se reunir com todos os governadores eleitos em outubro passado, o eleito Bolsonaro, com os pés na realidade que já lhe chegou ao conhecimento foi direto ao assunto ao dizer que os chefes dos executivos estaduais estavam querendo o mesmo que ele: um pouco de dinheiro para poder governar e começar a cumprir suas promessas de campanha. De fato, o novo presidente brasileiro vai ter de enfrentar uma situação orçamentário/financeira que já projeta um déficit primário – isso é calculado quando de toda a receita pública são diminuídas as despesas operacionais do governo, exceto o pagamento dos juros da dívida pública –, de cerca de R$ 139 bilhões.

Com o recente aumento aprovado pelo Senado Federal, que elevou o teto salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (SFT) de R$ 33 mil para R$ 40 mil, esse monumental rombo seria elevado para R$ 145 bilhões, graças ao efeito cascata desse aumento. Como o limite é fixado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o futuro ministro da economia, Paulo Guedes e sua equipe já terão que cortar despesas de saúde, educação e segurança pública para atender o aumento salarial de elite de burocracia estatal tupiniquim. É por aí que ele (Paulo Guedes) começará suas conversas com os governadores depois de janeiro do próximo ano.

NEM TODOS

Dos 27 governadores estaduais (26 estados e o do Distrito Federal), apenas 18 compareceram à reunião, realizada ontem, quarta-feira (14.11.18), em Brasília, com a presença do presidente eleito Jair Bolsonaro. Faltaram, portanto, oito governadores eleitos, sendo quase todos da região Nordeste, onde o PT e seus aliados ganharam em quase todos os estados. Não é possível dizer que as ausências foram adredemente combinadas, mas pode ser um indicador de que os petistas e seus aliados não estão dispostos a dar trégua ao novo presidente.

PROCESSOS 1

Corre nos bastidores da política local a informação de que já haveria recursos na Justiça Eleitoral contra a diplomação e posse dos senadores eleitos Chico Rodrigues (Democratas) e Mecias de Jesus (PRB). Do ponto de vista processual, a entrada de qualquer recurso neste sentido deveria começar pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), mas, nossa editoria de política investigou exaustivamente sobre o assunto, e não encontrou qualquer recurso protocolado naquela corte da justiça especializada contra os dois parlamentares federais eleitos. Nesse rumo, tudo parece ser apenas boataria para intranquilizar os dois senadores eleitos e seus correligionários.

PROCESSOS 2

Além de processos na esfera eleitoral, também correm boatos da existência de políticos derrotados nas eleições que estariam interessados em aligeirar processos no Tribunal Regional Federal, da Primeira Região (TRF-01), que poderiam resultar na perda de mandato, tanto de Chico Rodrigues, quanto de Mecias de Jesus. É difícil acreditar também nessa hipótese, afinal, caso isso fosse possível de acontecer os dois beneficiários seriam Pedro Arthur Rodrigues – filho e primeiro suplente de /Chico Rodrigues –, e Roberta Leontina Acyoili, primeira suplente de Mecias de Jesus. Não haveria possibilidade de beneficiar outros políticos.

IRMÃOS

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou na tarde dessa quarta-feira, 14, o oitavo ministro do seu futuro governo. Diplomata há 29 anos, o embaixador Ernesto Araújo vai assumir a pasta das Relações Exteriores. Quando Araújo foi questionado sobre a questão da Venezuela, o presidente eleito voltou ao microfone e disse que durante a pré-campanha esteve duas vezes em Roraima, que faz fronteira com o país governado por Nicolás Maduro e tem recebido milhares de refugiados. “Nós não podemos abandonar os nossos irmãos, que passam por uma situação bastante complicada, mas o governo federal não pode deixar que apenas o governo de Roraima e de Boa Vista, basicamente, resolva esse assunto. Então teria que ter uma participação mais efetiva da nossa parte”, declarou Bolsonaro.

TER SAÍDO

O presidente eleito disse também que o Brasil já deveria ter tomado, há muito tempo, providência quanto à Venezuela, e disse que, pela cláusula democrática, o país nem deveria ter ingressado no MERCOSUL em 2012. “E, depois que entrou, tinha que ter saído”, complementou Bolsonaro. Se não mudar de ideia, e decidir jogar duro mesmo com o governo de Nicolás Maduro, o governo Bolsonaro terá de acudir de fato, o governo estadual, e as prefeituras roraimenses para acolher tanta gente que foge daquela ditadura.