Parabólica

Parabolica 22 01 2020 9653

Bom dia,

Por certo que Jair Bolsonaro (sem partido), mesmo depois de 28 anos como deputado federal, não tinha a completa noção das barreiras que teria de contornar para, como presidente da República, cumprir as promessas de campanha. E, de fato, não era possível a um parlamentar sem muito protagonismo no exercício de seus sete mandatos no Parlamento Nacional, saber o quão profundo era o aparelhamento ideológico do Estado brasileiro, em todas as suas dimensões (Executivo, Legislativo, Judiciário e outros órgãos), pela esquerda, que por vários anos foi ocupando cargos estratégicos na burocracia estatal federal.

Este aparelhamento está presente e disseminado por todos os braços do Estado brasileiro, mas é bem mais articulado nalgumas áreas, como cultura, meio ambiente, direitos humanos e política indigenista. É nessas áreas que se concentram as maiores contradições entre o que pensa e quer o novo governo, e o que pratica e defende a esquerda, incrustrada no aparelho estatal do país. São vários os conflitos expostos entre o governo e este aparelhamento, inclusive com a resistência em aceitar algumas nomeações para dirigir estes órgãos aparelhados.

Bolsonaro também não tinha condições para perceber o quanto o Brasil está refratário às políticas do ambientalismo internacional, incluindo os direitos humanos, na vertente indigenista. Basta lembrar que recentemente o ex-comandante militar da Amazônia revelou que os órgãos de inteligência do país chegaram ao impressionante número de cem mil organizações não governamentais (ongs) atuando na Amazônia, muitas delas financiadas por dinheiro vindo do exterior. Por isso, depois de já ter cumprido 25% de seu mandato, o governo Jair Bolsonaro ainda patina para cumprir suas promessas de campanha.

EXEMPLO 1

A recente divulgação da conclusão de um relatório de auditoria contratada a peso de ouro – custou a bagatela de R$ 48 milhões – pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dando conta de que em oito operações bilionárias firmadas pelo banco com três empresas do grupo JBF, dos irmãos Batista, não foram encontrados indícios de irregularidades é prova da dificuldade do governo Bolsonaro em cumprir suas promessas de campanha. Durante as eleições e mesmo depois de empossado, Jair Bolsonaro prometeu abrir a “caixa preta” do BNDES. Ainda não conseguiu cumprir a promessa.

EXEMPLO 2

Em campanha, e mesmo depois de empossado, Bolsonaro prometeu que acabaria com a indústria de multas montada no Brasil. Até tentou, quando mandou que fosse suspensa a utilização de radares móveis pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) que foi derrubada por decisão da justiça federal. Aqui, por exemplo, depois da posse de Bolsonaro, a PRF mandou instalar mais dois radares fixos em menos de 20km ao longo da BR-174, no trecho que vai do viaduto do Contorno Oeste até a ponte do igarapé Água Boa. Em algumas cidades brasileiras, agentes de trânsito têm utilizado até veículos descaracterizados para multar veículos. Parece que com Bolsonaro, a indústria de multas até cresceu.

BEM MENOR

Encaminhada pelo ex-deputado estadual Joaquim Ruiz, a Parabólica recebeu uma tabela com os dados até agora consolidados pelo Ministério da Economia sobre o enquadramento dos ex-servidores dos estados de Rondônia, Amapá e Roraima, em decorrência da Emenda Constitucional Nº 98. Da análise dos dados fica evidente que Roraima parece ser o patinho feio com relação aos outros dois estados. Rondônia já teve 5.823 servidores enquadrados; o Amapá, com 2.191 servidores beneficiados, ocupa a segunda posição; já em Roraima, por enquanto, só 208 servidores foram enquadrados. Em valor mensal, isto significa R$ 40,8 milhões; R$ 15,3 milhões e R$ 1,4 milhões que estão sendo injetados na economia dos estados, respectivamente. A despesa anual da União Federal com estes enquadramentos já chega a mais de R$ 748 milhões.

RÁPIDAS

Uma nota publicada por um delegado pode agravar ainda mais a crise na Polícia Civil. Nela, depois de dizer que o governador Antonio Denarium realizou um antigo sonho da classe, que será eternamente grata a ele, o delegado diz que os delegados são a “única classe que está, todas as noites, pronta para garantir os direitos dos cidadãos de bem”. ### Ainda a respeito da decisão do governador Antonio Denarium, de sancionar a Lei que aumentou o salário dos delegados, fontes da Parabólica garantem que ele chegou a decidir pelo veto total da lei, chegando mesmo a escolher o porta-voz para anunciar a medida, mas recuou devido à pressão dos delegados presentes ao Palácio Senador Hélio Campos. ### A imprensa internacional, presente ao Fórum Econômico de Davos, não deu qualquer importância às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao dizer que as maiores adversárias do meio ambiente são a fome e a miséria do povo. Mas a imprensa brasileira, engajada – e financiada com dinheiro internacional –, tentou passar a impressão de que isto iria prejudicar a vinda de investidores ao Brasil.