Parabólica

Parabolica 02 05 2019 8112

Bom dia,

O Brasil comemorou o Dia Internacional do Trabalho ontem, quarta-feira, 1º de maio, tendo de conviver com uma taxa de desemprego que ultrapassou a marca de 13% da população economicamente ativa, isto é, pessoas com idade para trabalhar. Na Europa, formada por países muito antigos, cujos trabalhadores quase sempre enfrentam altas taxas de desemprego, o desemprego hoje é de apenas 6,2% da população economicamente ativa. Como se vê, num continente onde quase tudo já foi explorado e com alto nível de absorção de tecnologia poupadora de mão-de-obra, o percentual de pessoas desempregadas é menos da metade daquela observada no Brasil, um país novo, com vasto estoque de recursos naturais a ser explorado e com uma população relativamente jovem.

No Velho Continente o 1º de Maio foi comemorado em vários países com manifestações, algumas com extrema violência – como na França – mas em vez de pedir empregos, os manifestantes pediam melhorias das condições de trabalho e, nalguns da Europa Oriental, as demandas eram por aumento do salário mínimo. É compreensível que seja assim, quando o percentual de desemprego se apresenta relativamente baixo. É claro, o ideal é que todos estivessem empregados, mas isso não acontece em condições de uma economia relativamente estável.

E no Brasil, como foi comemorado o Dia Internacional do Trabalho? Depois de perderem o direito de receberem impositivamente dos trabalhadores a contribuição sindical, as principais centrais sindicais do país abandonaram os megashows, que atraiam milhares de pessoas com o sorteio de veículos. Em São Paulo, a maior metrópole brasileira, elas se juntaram, contrataram artistas para cantar e fizeram discursos. Noutras cidades menores do país, o dia foi comemorado com passeatas, faixas e cartazes contra a reforma da previdência, a favor da soltura de Lula da Silva e contra o governo Bolsonaro.

FOCO

É impressionante a capacidade dos brasileiros de errar o foco e o interesse concreto do país. Seria natural que as comemorações de ontem estivessem centradas na reivindicação por mais emprego e maior crescimento do Brasil. Consequência da falta de emprego, do baixo crescimento da economia e da altíssima concentração de renda, os economistas estimam que existam cerca de 180 milhões de brasileiros e brasileiras de alguma forma excluídos, parcial ou totalmente, dos benefícios econômicos do Brasil, seja pelo lado da renda ou pelo lado do consumo.

APARTHEID

É essa cruel realidade que precisa ser enfrentada. Por conta dela a economia não cresce significativamente e, por isso, o emprego não se expande na velocidade minimamente necessária. É consequência de apartheid o esgarçamento do tecido social brasileiro, cuja consequência mais visível é essa violência incontrolável que bate às nossas vidas, dentro e fora de casa. O que é desanimador é saber que, em vez de focar nessa questão crucial, gastamos nosso tempo e esforços com coisas que, decididamente, são laterais na realidade deste pobre país tupiniquim.

CONCORDÂNCIA

Aos poucos os brasileiros e as brasileiras têm de se acostumar com o jeitão do presidente da República Jair Bolsonaro (PSL). Voluntarista e quase sempre sincero, ele vai soltando o que realmente pensa em circunstâncias quase sempre inusitadas. Ontem, por exemplo, numa entrevista improvisada, ao sair de Ministério da Defesa onde fora participar de uma reunião de emergência para tratar do agravamento da situação na Venezuela, o presidente admitiu pela primeira vez que a construção do Linhão de Tucuruí só deve iniciar mesmo após a concordância dos índios Waimiri Atroari com a passagem da rede por seus 123 km da reserva.

VENCEU

Na entrevista, Jair Bolsonaro também admitiu que a decisão de ouvir previamente os Waimiri Atroari foi decorrente da resistência do presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o general Franklimberg Freitas, que se recusou a emitir o laudo do componente indigenista antes da consulta aos índios, na forma como é exigida pela Convenção 169/OIT. Fazia tempo que esta informação circulava como boato nos bastidores das conversações sobre o Linhão de Tucuruí, mas só agora confirmada oficialmente pelo presidente da República.

PRESIDENTE

O empresário e ex-deputado federal Remídio Monai foi eleito presidente da Câmara de Comércio Brasil-Guiana. Na reunião realizada na última terça-feira (30.04), também foram eleitos 1º e 2º vice-presidentes, respectivamente, Eduardo Oestreicher e João Batista Mendonça de Oliveira. A nova diretoria programa formar uma caravana de empresários locais para fazer uma viagem a Lethem e a Georgetown ainda neste primeiro semestre de 2019. A Câmara de Comércio Brasil-Guiana existe desde 2000, mas estava desativada.

SERELEPE

Enquanto anda serelepe aparecendo em redes sociais visitando obras, ou entregando carros financiados com verbas federais, o notório Romero Jucá continua confortavelmente assistindo os processos a que responde como réu, com idas e vindas na Justiça e na Polícia Federal. Noutro dia, num deles foi concedido à Polícia Federal mais tempo para apurar possível cometimento de ilicitudes (recebimento de propina por parte dele). Agora outro processo foi encaminhado para a Lava Jato do Rio de Janeiro, para condução por parte do juiz Marcelo Bretas. E haja protelação, parece estratégia que deverá resultar em prescrição dos crimes.

HOMENAGEM

O Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil homenageou nesta terça-feira, 30, a Universidade Estadual de Roraima (UERR) pelo desempenho – é o melhor do estado – de excelência dos acadêmicos daquela instituição no Exame de Ordem. O reitor da Universidade, Régis Freitas, recebeu a homenagem durante a reunião ordinária realizada no Eco Hotel.