Parabólica

Parabolica 11 03 2019 9904

Bom dia,

O fogaréu toma conta do lavrado, aqui nas barbas do Corpo de Militar. Ontem, terça-feira, e desde a segunda-feira (09.03), toda a margem esquerda e direita da rodovia BR-174 – uma imensa faixa de terra pertencente ao Exército Brasileiro – no trecho entre o igarapé Ai Grande e o igarapé Água Boa. Não havia uma alma viva tentando controlar as labaredas que destruíam impiedosamente as já pobres fauna e flora do nosso lavrado. Bastariam umas duas dezenas de homens – dos Bombeiros ou do Exército – com abafadores, para controlar aquele fogaréu, afinal, até com galhos de Caimbé os proprietários de lotes rurais fazem isso apenas com seus eventuais trabalhadores.

Ainda no mesmo dia, uma cena deprimente podia ser vista num dos logradouros do Centro de Boa Vista, onde vários índios Yanomami apareciam jogados no chão, todos embriagados e seminus, feito animais de rua. Aliás, faz muito tempo que a Parabólica vem registrando essa tragédia humana que está por trás da perambulação dos indígenas desta etnia, sem que nada seja feito para evitá-la. Inclusive, por informação do próprio Ministério Público Federal (MPF), até mesmo uma Ação de Improbidade contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) já foi ajuizada sem qualquer decisão até hoje.

Na mesma segunda-feira, ouvintes do programa Bom dia Roraima, da Rádio Folha FM 100.3, da capital e do interior, ligaram para os apresentadores Natanael Vieira e Débora Cavalcante reclamando de falta d’água nas torneiras, tanto em alguns bairros de Boa Vista quanto de cidades do interior, principalmente em Mucajaí. E esse tipo de denúncia tem sido recorrente em quase todos os espaços da Rádio Folha FM 100.3. Só para lembrar, a CAER é uma empresa monopolista que tem mais de 100 mil clientes cativos.

Fizemos esta narrativa utilizando três pequenos exemplos, apenas para lembrar que os brasileiros, e os roraimenses em particular, deveriam levar mais a sério a cobrança para que os agentes públicos cumpram com seus deveres. Chega de desculpas esfarrapadas.

DE NOVO

Em palestra feita ontem, em Miami (EUA), para empresários norte-americanos e brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a citar Roraima como exemplo de uma terra rica que não pode ser explorada por conta do ambientalismo internacional e do indigenismo. Roraima, no dizer dele, é a própria Tabela Periódica, no sentido de ter em seu subsolo a maior parte das riquezas minerais que se tem conhecimento. É recorrente a fala do presidente da República sobre o potencial econômico do estado, mas até agora, a única iniciativa de seu governo para potencializar essa tão falada riqueza foi o envio de um conjunto de propostas – de muito discutível viabilidade jurídica e política – para exploração econômica de terras indígenas.

 ADIADO

O julgamento do recurso eleitoral na Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) contra o prefeito de São João da Baliza, Marcelo Jorge (Pros), e da vice-prefeita, Francinilza da Costa Reis (PSDB) estava previsto para ocorrer nessa terça-feira, ontem (10), na sede do Tribunal Regional Eleitoral em Roraima (TRE-RR), com relatoria da juíza Rozane Ignácio. Por conta do pedido de vistas, feito pelo desembargador Leonardo Cupello, o julgamento foi suspenso, mas pode retornar hoje.

ESPERANDO

Com a decisão do governo Bolsonaro de retirar todos os servidores brasileiros da embaixada em Caracas e dos consulados na Venezuela, e ao mesmo tempo solicitar que o governo de Nicolás Maduro faça o mesmo com seus servidores que trabalham no Brasil, a representação diplomática do presidente interino Juan Guaidó – que o Itamarati reconhece como legítimo – prepara-se para assumir tanto a embaixada em Brasília quanto os consulados em cidades brasileiras. A expectativa é de que isso ocorra nos próximos dois meses.

CONSUL

A mesma fonte da Parabólica que deu a informação sobre a mudança de comando da representação diplomática venezuelana no Brasil, diz que quando houver a troca, um nome é dado como certo para virar o Consul da Venezuela em Boa Vista. Trata-se do índio Pemón Ricardo Delgado, um matemático com mestrado em ciência da computação, e que já foi prefeito de Santa Elena do Uairém. Delgado mora atualmente em Boa Vista depois de ter liderado os Pemón quando daquela reação contra a proibição do ditador Maduro de aceitar ajuda humanitária, liderada pelos Estados Unidos, para a população faminta da Venezuela.

SERÁ RESOLVIDA

Lá em Miami, o presidente Jair Bolsonaro, que jantou com Donald Trump, disse que a resolução da crise política e econômica da Venezuela não será fácil, mas demonstrou muito otimismo ao dizer que a situação de lá vai ser resolvida. Só não disse quando, ou como. Talvez porque o presidente brasileiro acredite que o regime Maduro não resistirá ao cerco internacional a que está sendo submetido por mais de 60 países que já reconhecem Juan Guaidó como legítimo presidente daquele país. Será?