Parabólica

Parabolica 17 09 2019 8949

Bom dia,

Ao que parece a operação Lava Jato está com seus dias contados. Anunciado, faz mais de três anos, o grande acordo para “estancar a sangria” está a pleno vapor em Brasília, a capital dos conchavos. Aquele juiz federal (Sérgio Moro); alguns procuradores da República – sob a coordenação de Deltan Dallagnol; – com a ajuda de alguns delegados federais, todos de Curitiba, foram longe demais. Eles conseguiram revelar aos brasileiros e às brasileiras o maior caso de corrupção organizada e institucional do Planeta, e apesar das resistências ainda conseguiram mandar para a cadeia perto de 200 criminosos, entre os quais alguns poderosos.

Sob o manto do argumento de que essa meia dúzia de agentes públicos estava “criminalizando” a atividade dos políticos – uma confissão explícita de que só é possível fazer política com bandalheira grossa –, a putrefata elite dirigente do Brasil reagiu rápido, e com uma força que muitos não imaginavam existir, até pelo aparente apoio popular que aquela gente de Curitiba – por  dever de justiça não se pode esquecer de Wallisney Oliveira (Brasília) e Marcelo Bretas (Rio de Janeiro ) – parecia ter. Ledo engano, em poucos meses o rebotalho dos políticos, grande parte da elite do Judiciário, com o apoio da mídia comprometida, jogaram no lixo toda aquela conquista que uma parcela da população brasileira sonhou ser um marco inicial da nova brasilidade.

Pobre Brasil, onde heróis da cidadania e da moralidade são transformados em poucos meses em bandidos transgressores das formalidades da lei, mesmo que essas pequenas transgressões tenham sido cometidas em nome do futuro do país; e onde acusados de dezenas de práticas de corrupção viram lobistas, com trânsito total no Executivo, Legislativo e Judiciário. O grande acordo envolve enterrar a Lava Jato – tarefa que fica a cargo do Ministério Público Federal e do Judiciário (especialmente do Supremo Tribunal Federal) – que terá como contrapartida dos congressistas tornar morta no nascedouro a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), conhecida como Lava Toga. 

BURACOS

De um leitor da Parabólica recebemos, via WhatsApp, a seguinte mensagem: “Eu li a nota da Parabólica sobre a substituição dos radares fixos na BR-174, no trecho entre Boa Vista e Mucajaí. Não sei o quanto está custando esta substituição, mas entendo que a grana que ali está sendo gasta seria melhor aplicada se o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT) fizesse uma operação tapa-buracos naquele mesmo trecho da 174. Já existem dezenas deles, ainda pequenos, que esse trabalho preventivo evitaria um gasto muito maior no futuro”. Está certo.

PRESTÍGIO

Sob saraivada de acusações partidas do Ministério Público Estadual, o deputado estadual Jalser Renier (Solidariedade), presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), continua com o prestígio em alta entre os políticos roraimenses. Ontem, num único dia, ele anunciou a filiação ao Solidariedade do vice-governador do estado (Frutuoso Lins); do prefeito de Rorainópolis (Leandro Pereira); do prefeito do Caroebe (Argilson Nascimento). O primeiro estava sem partido desde que anunciou rompimento com o governador Antonio Denarium (PSL); o segundo estava filiado ao PSD (do deputado federal Haroldo Cathedral) e o último era filiado ao PSDB (de deputada federal Shéridan de Oliveira). De quebra, ele também anunciou a filiação de Luiza Maura, recém demitida por Denarium da Secretaria-Adjunta da Seapa, que será candidata à Prefeitura de Baliza.

AFINADOS

Tanto Argilson Nascimento (Caroebe) quanto Luiza Maura (Baliza) têm estreita ligação política com o deputado estadual Jânio Xingu (PSB), que é vice-presidente da Assembleia Legislativa. Esse movimento de seus correligionários engrossando as fileiras do Solidariedade, de Jalser Renier, parece ser uma clara demonstração de que os dois estão afinados. Diferente das intrigas de bastidores que falavam de um possível ruído no entendimento entre os dois, Xingu tem dito aos mais próximos que não há hipótese de desentendimento com o presidente da ALE.

GRANA ALTA

A Lava Jato ainda não colocou – e parece que não colocará – qualquer político de Roraima na cadeia, embora um deles tenha sido acusado em mais de uma dezena de malfeitos. De qualquer forma, seus efeitos benéficos devem chegar nos próximos dias, ao estado, sob a forma de um repasse de R$ 23 milhões ao governo estadual para combater incêndios por aqui. É parte da quota de Roraima no rateio da metade dos recursos recuperados pela Lava Jato da roubalheira da Petrobrás. E ainda virá mais um dinheirinho, depois que o governo federal discutir os critérios para divisão da outra metade do dinheiro recuperado.

BALIZAMENTO 1

Um impasse entre o governo do Rio Grande do Sul e o Ministério Público daquele estado, que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), pode balizar as discussões entre os poderes, nas discussões sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) de Roraima para 2020. É que o MPE-RS recorreu ao STF depois que o governo gaúcho decidiu manter para o órgão, em 2020, o mesmo teto orçamentário de 2019. O ministro Dias Toffoli chamou os representantes dos dois lados e da Assembleia Legislativa gaúcha até Brasília para sentarem à mesma mesa e tentarem um acordo.

BALIZAMENTO 2

Aqui, a decisão do governador Antonio Denrium (PSL) é propor que a Assembleia Legislativa mantenha o mesmo teto de 2019 para 2020 a todos os demais poderes (Legislativo e Judiciário) e aos órgãos com autonomia orçamentária/financeira. Fontes da Parabólica garantem que nem todos vão concordar com a proposta do Executivo. Daí que o caminho para resolver a questão pode ser o usado para resolver o mesmo imbróglio no Rio Grande do Sul.