Parabólica

Parabolica 20 03 2019 7859

Bom dia,

Os especialistas em Relações Internacionais não têm dúvidas: países soberanos cooperam e disputam, às vezes até entram em guerra, movidos por seus interesses. Mesmo na hipótese de cooperação em que todos ganham, ainda assim, o que move a decisão de países soberanos é, principalmente, seus próprios interesses. E tem sido assim nesta viagem, encerrada ontem, terça-feira (19.03), do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos, onde se avistou com o presidente Donald Trump. Apesar da conversa cordial, fiel a seu principal slogan em matéria de política externa – “America  First”-, Trump deixou claro que não há concessões norte-americanas sem compensação.

Por isso, parecem ser um erro de estratégia as declarações de amor incondicional do presidente brasileiro em relação ao Estado e à sociedade norte-americanos em todas as ocasiões em que se manifestou durante sua estada em Washington. É claro, muita gente no Brasil e no resto do mundo admira os norte-americanos que erigiram uma sociedade opulenta, democrática, com base numa meritocracia que a tornou um dos mais belos exemplos a serem seguidos. É claro, não existem sociedades perfeitas, e a norte-americana não foge a esta regra, mas muitos brasileiros e brasileiras gostariam de viver algo semelhante por aqui.

De qualquer forma, elogios desmedidos e declaração de alinhamento automático, mesmo que aos Estados Unidos, podem ser confundidos com subserviência, o que certamente poderá trazer prejuízos econômicos e de soberania ao País. E isso é particularmente grave quando parte de um presidente que se elegeu com a bandeira de resgatar os valores nacionais e o amor à pátria. Tomara que essa declaração de amor incondicional seja apenas uma estratégia para justificar firmeza na defesa dos nossos reais e concretos interesses. Para lembrar o próprio presidente Bolsonaro, Brasil acima de tudo.

ACERTAMOS

Ontem, cá deste espaço, dissemos que o secretário de Agricultura e Abastecimento, o engenheiro agrônomo Renato Primo decidira entregar o cargo. A alegação oficial foi a de que havia incompatibilidade entre sua função pública e suas atividades como empresário. Fontes da Parabólica garantem que a falta de dinheiro para trabalhar e realizar um mínimo das tarefas exigidas de um secretário, ocupando uma pasta que deveria ser estratégica num governo comandado por um empresário rural, pesou muito mais na decisão de Renato Primo que a eventual incompatibilidade entre sua condição de empresário e secretário estadual. Ainda ontem, sua saída foi anunciada pelo governo estadual, substituído que foi pelo economista Emerson Baú.

PERFIL

A troca de secretário para comandar a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seapa), aparentemente não muda o perfil escolhido pelo governador Antonio Denarium para comandar aquela pasta. Emerson Baú, o substituto de Renato Primo, é um economista de estreita ligação com o agronegócio. Especialista na elaboração de projetos econômicos, ele conhece com profundidade as linhas de financiamento disponíveis para apoiar a expansão do agronegócio roraimense. Neste sentido, o novo secretário poderá assessorar muitos agricultores em busca de oportunidades de negócios em Roraima, mas terá de enfrentar a mesma escassez de recursos para trabalhar que dificultou a permanência de Renato Primo no governo de Antonio Denarium.

REJEIÇÃO 

A rejeição do nome de Airton Cascavel (PRB) para comandar a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) foi o assunto político mais comentado, ontem, em Roraima. Especialistas políticos procuravam interpretar o significado da derrota (foram 14 votos contra a indicação de Cascavel e apenas 9 a favor) do governador Denarium na primeira votação importante na Assembleia Legislativa depois do anunciado pacto político entre ele e o presidente da ALE, Jalser Renier (SD). De qualquer forma, a interpretação mais consensual entre os especialistas é a de que a rejeição ao nome de Airton Cascavel é um duro recado ao governador para que seja revisto o relacionamento entre o governo e a base parlamentar, que ele ainda não montou na ALE.

CANDIDATURA

A um amigo, o deputado federal Haroldo Cathedral (PSD), quando perguntado sobre uma eventual candidatura sua à Prefeitura de Boa Vista no próximo ano, disse: “Quero concluir meu mandato, mas como político não posso me furtar a uma possível disputa. Se for vontade de Deus, e sendo desejo da sociedade, estamos aí. No entanto, minha prioridade é concluir o mandato e ajudar Roraima a sair dessa calamidade”, diz o parlamentar. O certo é que em todas as especulações sobre o cenário de disputa para a eleição municipal, o nome dele é um dos mais citados.

APURAR

Tudo bem que ninguém aceita censura prévia, mas é preciso que a manifestação de opinião de qualquer pessoa tenha consequência quando se faz acusações públicas, seja a autoridades ou a pessoas comuns. O recém-eleito senador por Goiás, Jorge Kajuru (PSB), utilizou redes sociais para chamar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de bandido, corrupto e canalha. Ora, o ministro tem obrigação de exigir provas das acusações ou nossa Corte Suprema estará irremediavelmente desmoralizada. Enquanto instituição, o STF precisa pedir à Procuradoria-Geral da República uma apuração rigorosa de todas as acusações, e são muitas, que pesam contra vários de seus ministros.