Opinião

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Da incompetência e contradições à violência e o caos

Sebastião Pereira do Nascimento

A falta de correspondência entre ideias e fatos condiz com um resultado ilógico que geralmente vem de pessoas não consistentes, tanto no modo de agir quanto de perceber as coisas, é algo que leva a falta de solidez e da capacidade de proceder eticamente que, por vez, leva a pessoa navegar pela incoerência e contradições. Comparando isso com a realidade brasileira, ou melhor, com o governo de Jair Bolsonaro, a primeira coisa que percebemos é que o país está desgovernado, ou seja, o governo de Jair Bolsonaro não rendeu nada de bom ao país. E agora faltando pouco mais cinco meses para as eleições, Bolsonaro percebendo que não vai ser reeleito entra em desespero e, isolado no seu cercadinho, age subvertendo as coisas, tentando passar uma ideia equivocada da realidade brasileira, sendo ele próprio um dos principais problemas do Brasil.

Sendo essas atitudes de subverter as coisas, suscitar uma forma de proteção da incompetência e da falta de autoestima. Algo que é bem ajustado ao comportamento psicopático de Bolsonaro. Um sujeito valetudinário que sempre age pelos extremos de forma leviana e desajustada, onde suas ameaças geram efeitos deletérios em seu público, constituído também de pessoas debilitadas que agem e repetem suas sanhas. Portanto, Bolsonaro — como presidente — não demonstra nenhum interesse em resolver os problemas do Brasil, onde todo o seu esforço é no sentido de proteger seus pares (familiares e aliados) das sucessivas faltas que cometem.

Um exemplo clássico dessas pessoas é Daniel Silveira (um neófito Deputado Federal com notório histórico de violência e balbúrdias), condenado a oito anos e nove meses de cadeia pelo STF em 20 de abril, o qual, Bolsonaro, com intuito de protegê-lo da prisão — como faz com seus aliados infestos — concedeu perdão de pena ao deputado. Contudo, o jurista Belisário dos Santos Júnior (membro da Comissão Internacional de Juristas), deixa claro que “…o decreto [de Jair Bolsonaro] é inconstitucional, porque foi editado com abuso de poder, desvio de finalidade e violação do princípio da impessoalidade. O indulto alcança uma dimensão especial. Não só pela proximidade entre presidente e indultado, mas também porque o presidente claramente pretende dar uma licença especial para o crime e a ofensa a quem quer que tenha a mesma atitude de ofender a democracia e o STF, condutas nas quais ele próprio parece ter incidido. O presidente agiu com abuso de poder e desvio de finalidade do instituto da graça, normalmente voltado para propósitos humanitários, e isso vicia o ato administrativo. E, mais do que isso, o decreto entrou no mérito da decisão do STF, ao dizer que o deputado agiu sob o pálio da imunidade parlamentar, o que havia sido veementemente afastado pela decisão. Não há imunidade para quem age contra a democracia”.

Portanto, o governo de Bolsonaro é a imagem perfeita de um país em ruína moral, com graves problemas em todos os setores da vida pública, problemas resultantes de um desgoverno que quebrou a harmonia do povo brasileiro, destruiu a educação, a cultura, a economia, desprezou importantes avanços científicos, desmontou os programas de proteção do meio ambiente, instituiu o desmatamento, a grilagem de terra, o garimpo ilegal, além da violência no campo e os ataques contra os povos indígenas. Com obsessivo apetite bélico, Bolsonaro vem incitando o uso de armas de fogo — que tanto mal causa às pessoas de bem —, colocando armas nas mãos sangrentas de bandidos e de indivíduos de mente perturbada ou desprovidos de princípios morais.

Em relação aos povos indígenas, Bolsonaro instituiu uma política reacionária que vem ameaçando gravemente a população indígena do Brasil e, no caso especial de Roraima, vem permitindo a violência a partir de ações brutais de garimpeiros ilegais nas TIs Raposa Serra do Sol e Yanomami, com mortes e estupros de crianças e mulheres indígenas, além da irreparável tragédia ambiental. Coisas que ultrapassam os limites da civilidade, enquanto os órgãos públicos fazem pouco caso dessas atrocidades.  

O mesmo presidente vem ainda adotando discursos de ódio que levam ampliar a injúria racial e o racismo, a intolerância religiosa, a discriminação contra orientações sexuais e identidades de gênero e a violência contra as mulheres. Além disso, o desgoverno bolsonarista retrocedeu com os avanços sociais, extinguiu colegiados federais (conselhos, comitês, grupos de trabalhos, entre outros), reduzindo a participação social – e, consequentemente, a transparência no governo, adotando discursos e práticas contrários à transparência pública, o que facilita atos de corrupção, sabotagem, etc, na alça do governo federal.

Portanto, este é o cenário de um Brasil atual, sinônimo de terra arrasada, onde diante da miséria do povo e do caos no país, Bolsonaro busca conforto nos ombros tóxicos de seus minguados apoiadores que lhe passam a ideia de que ele está fazendo a coisa certa. Os apoiadores, assim como o próprio presidente, são pessoas perturbadas que navegam por águas turvas e que têm como ponto alto a hipocrisia e falta moral, as quais não hesitam em desrespeitar normas e princípios legais, que vão desde as transgressões éticas aos ataques às constituições democráticas.

No campo da hipocrisia, são pessoas com narrativas nacionalistas, mas que têm ódio das coisas públicas, burlam o fisco e quando têm oportunidade de se inserir em algum órgão público usurpam o erário e sugam o país ao seu bel prazer. Além disso, vivem falando de liberdade atropelando a liberdade do outro e, como elementos farsantes, falam da moral e da família, mas são pervertidos, desregrados e violentos na vida doméstica; falam em nome da religião, mas alimentam o que há de pior na natureza humana, onde líderes de igrejas, além de se locupletarem da fragilidade emocional das pessoas — em conluio com elementos governamentais —, tramam interesses escusos nos porões dos órgãos públicos.

Portanto, é com esse pífio grupo de apoiadores que Bolsonaro busca de todas as formas dar um golpe na democracia. Assim, Bolsonaro seguirá fazendo ameaças até o fim das próximas eleições, fazendo intimidações e outras arruaças com intuito de trazer para si o apoio integral das Forças Armadas — que até o momento permanecem nos quartéis —, pois Bolsonaro sabe que seu projeto de Brasil arrasado não se sustenta apenas com os milicos egressos da caserna e o apoio (em parte) das forças de segurança pública. Ele sabe ainda que não tem apoio maciço da população brasileira
, por isso o desejo sôfrego de cooptar as Forças Armadas. Logo, é válido ressaltar que os princípios fundantes da ordem constitucional devem prevalecer. 

* Consultor Ambiental e Filósofo.

Construindo vidas

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. (Bob Marley)

Minha mãe muitas vezes me censurava, alegando que eu não tinha sentimentos. E isso porque eu não me emocionava tão facilmente. Às vezes eu tentava me corrigir. Mas não havia necessidade. O tempo passou, eu vivi aprendendo sem saber que estava aprendendo. Hoje, com a idade avançada que tenho, estou me sentindo quase sentimental. Ainda bem que controlo o escorrego dos sentimentos que querem cair pelos meus olhos.

No último dia vinte e seis emocionei-me num evento simples, à noite, no Estádio Canarinho. Lembrei-me do ano em que conheci o Estádio. Foi na minha chegada a Boa Vista, em 1981. É uma história meio longa que vai ficar pra depois. As lembranças vieram quando meu filho, Carlos Magno, no meio da tropa acenou para mim, na bancada. Quando cheguei a Roraima, ele era ainda uma criancinha. Estivemos no Canarinho, naquela época, muitas vezes. Foi quando assumi minha propriedade na Confiança I, e afastamo-nos do Estádio.

Na noite de 26-04-2022, ele acenou para mim, quando formava um grupo de oficiais da Polícia Militar de Roraima. Meu filho estava sendo promovido a Major da PMRR. E foi aí que naquele Major, eu vi a criança que brincara naquele gramado, quando criancinha. Não sei se tal cerimônia mexeria com seus sentimentos. Mas mexeu, e muito, com os meus. E fiquei muito feliz. Enquanto a Banda tocava eu pensava no amor e respeito que tenho pelos meus filhos. O amor que tenho à minha família.

Hoje levantei-me, pela manhã, olhei para o tempo e senti saudade dos tempos de nossa chegada a Roraima. O Sol avisava que iria sair e as nuvens começavam a se retirarem do caminho. O que poderia parecer sentimentalismo foi nada mais do que lembranças de tempos vividos com racionalidade. Aí lembre-me da frase que vou repetir: “Todas as flores de amanhã estão nas sementes de hoje”. Cuide da semente que você é, para gerar a flor de amanhã. Nunca se esqueça de que na plantação da semente, o adubo deve ser o bom exemplo que será sempre a melhor didática. Cuide para ser sempre orgulhoso dos seus filhos. Eles serão o fruto da semente que é você.

Os momentos simples nos trazem a felicidade, no sentimento que sai do coração e escorrega pelos olhos. Ser feliz é o extremo do sentimento. E a felicidade está dentro de nós. Cabe a cada um saber buscá-la e vivê-la no seu dia a dia. É simples pra dedéu, amar a vida. E quando a amamos ela nos faz feliz. Viva seu dia, hoje, como se ele fosse o último. Não nos esqueçamos de que o amanhã é futuro. No virar da noite ele vira hoje. Pense nisso.

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