Opinião

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Pingos de Caio

Walber Aguiar*

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.

Drummond

Era o dia 7 de maio. Nasceria o meu menino grande, o meu Walbinho, como o povo gosta de dizer. A primeira roupa que ele vestiu foi um macacão amarelo dado pelo meu amigo Cláudio, do curso de história. A partir daquele inverno de 1999, ele estaria comigo todos os dias.

Por não conseguir pegar o peito da mãe, chupava desesperadamente os dedos da mão. Nascia com fome aquela criança enorme, disposta a comer a vida, a descobrir brinquedos, lunetas, cálculos de física, buracos negros, como admirador de Stephen Hawking que é. Um apetite voraz pelo existir, por tudo aquilo que é  bom, que possui grandeza e significado.

Era o dia 7 de Caio, um número emblemático, enigmático tido como número da sorte. Nasceu com cara de fome, mas eu já tinha nome pra lhe dar. Nome de santo, de poeta, de cajado que ajuda a me sustentar na minha velhice, de bordão, motivo de alegria. Sim, uma alegria indescritível, dessas que a gente ri sem motivo, ama por amar, sem exigir nada em troca. Afinal, como diria Drummond, o verdadeiro amor é amor a nada.

Era um nome composto. Composto pela humanidade santa de Caio Fábio e sua profundidade abissal no evangelho, juntamente com a poesia de Vinicius de Morais, aquele que está sempre vindo, com traços de poesia e inquietação. Poesia pela beleza de ser quem ele é, inquietação por querer saber de todas as coisas, seja do imanente, do transcendente, seja das galáxias mais distantes, seja dos buracos negros mais contundentemente misteriosos.

Era o dia do menino de touro, firme, resoluto, objetivo e simples. O menino que já nasceu grande, disposto a devorar a vida e qualquer coisa que o valha. Mês das mães, da doce alegria da maternidade de sua mãe, Nalva, que o amou e ama profunda e incondicionalmente. Era o tempo de chuva , de frio, de espremer o nariz na tela do computador e transformar o virtual em uma dimensão histórica concreta. Dia do menino afeiçoado aos animais portadores de uma inocente instintualidade. Naquele dia eu o consagrei ao Deus de toda a graça e o amei sem impor qualquer condição. Porque o amor simplesmente ama, não quer saber de altura , condição, largura ou profundidade. Era o dia dele e meu, afinal, durante todo esse tempo, aprendemos um com o outro e nos identificamos no jeito, no sorriso, na alma meio encorujada, na intensidade de ser.

Parabéns, meu curumim, quero estar sempre aqui quando você precisar…

*advogado, historiador, poeta, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras.

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Riqueza não traz felicidade

Marlene de Andrade

 

“Mas tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso, muito paciente, rico em amor e em fidelidade.” (Salmos 86:15

Ser rico é ruim? Não, mas então por que Salomão questionou suas riquezas? Nesse viés, ele afirmou: “Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar e, contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.” (Eclesiastes 1:2-8). Como podemos perceber, apesar de Salomão ter sido um rei tão rico, passou a achar tudo muito enfadonho. 

O que fez Salomão pensar assim, se esse rei foi tão próspero? Muito simples: ele colocou, em sua vida, Deus em último lugar e por isso acabou entendendo que nada mais havia feito do que dar socos ao vento. Deus é a maior prioridade de nossas vidas e isso é tão verdade que a Bíblia nos afirma o seguinte: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua Justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6. 33.  

Crer que estaremos com Deus após a nossa morte traz muita paz aos nossos corações, porém precisamos seguir o seguinte conselho bíblico: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições…” João 16:33. Como se pode perceber mesmo sendo rico, o ser humano tem aflições, contudo devemos caminhar sempre para frente sem retroceder, crendo que se Deus é por nós quem será contra? 

Evidentemente, que ninguém quer sofrer, todavia fazer o que para que essa vida terrena seja repleta de alegrias e satisfações? Temos que aceitar tudo que nos acontece dia pós-dia, visto que aflições existirão sempre em nossas vidas. É óbvio, que ninguém quer sofrer decepções, doenças e, entre outras, perdas de entes queridos, mas fazer o que diante das adversidades, a não ser caminhar para frente sem retroceder, confiando que no Paraíso Celeste seremos felizes eternamente? 

As pessoas que não creem em Deus acham ridículo crer que exista vida após a morte, mas como é bom acreditarmos que não morreremos depois de nossa partida desta terra.  

Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANANT 

Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED 

Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL 

Perita em Tráfego/ ABRAMET 

CRM-RR 339 RQE 341 

 

Civismo e moral

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Deve-se criar e fortalecer o espírito de autenticidade: o cidadão deve ser autêntico, coerente, franco, leal”.

Pelo que vemos no despenhadeiro da nossa cultura, não estamos nem um pouco, interessados em fortalecer o espírito de autenticidade. O demando no nosso linguajar está preocupante. Na década dos sessentas do século passado preocupei-me muito com uma campanha levada ao público pela nossa mídia. Um intelectual apresentou uma sugestão, que foi apoiada pela mídia, para mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro. O argumento era que a letra do Hino é clássica e por isso os jovens não a entendem.

Mesmo sem o apoio que os tolos queriam, continuamos desvalorizando, tanto o Hino quanto a Bandeira e tudo mais que compõe nossa autenticidade, que não está autêntica. Vamos desenrolar a bobina. O que ouvimos de absurdos contra a nossa gramática, todos os dias, na nossa mídia, é preocupante. E preocupa mais o fato de não vermos preocupação. Coisinhas simples que não chamam atenção de quem não lhes dá atenção. E infelizmente somos uma esmagadora maioria. Em nossas conversas particulares ou não, não importa que falemos fora do ritmo da gramática. Mas não podemos tolerar os deslizes nas falas dos comunicadores, dirigidas ao público.

Vamos ser mais severos com o respeito à nossa gramática e ao nosso idioma. Não vamos permitir que os “sábios” do exterior recomecem a nos chamar de macacos. E o maior exemplo que podemos dar, é não sermos macacos. Parece que estou enrolando porque não quero ser taxado de crítico. Mas estou preocupado com o que deveríamos ver e não vemos: o desrespeito pelo nosso Idioma. E não precisamos ser intelectuais para entender o que falam.

Bem recentemente tive o desprazer de ouvir, não sei se é verdadeiro, alguém criticando a letra do nosso Hino. Não seria mais racional e patriota ensinar, nas escolas, a gramática que devemos respeitar, sendo coerentes e francos? Mas fica difícil fazer uma criança entender os tempos dos verbos, quando ela lê, todos os dias, na tela da TV, o seguinte: “Voltamos daqui a pouco”. Não é raro ouvirmos um apresentador despedir-se do público: “Amanhã estamos de volta”.

Tudo bem. Ser professor é uma tarefa importantíssima e que requer respeito, coerência e lealdade. O que implica responsabilidade no dever de educar. E como a educação se inicia no lar, nada mais justo do que os pais serem mais atentos ao que os filhos estão assistindo dentro de casa. Se não respeitarmos nosso idioma, não defenderemos nossa Pátria. Estaremos mais preocupados com racismo, preconceitos e outras questões menos importantes. Pense nisso.

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