Opinião

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Pautando a sociedade: em memória de nossos Vovôs e Vovós

Evandro Pereira

Quando um indígena fala de sua ancestralidade é importante que o dito homem branco compreenda que não se trata das mesmas estruturas de pensamento que a sociedade hegemônica capitalista conceitua a ideia rasa e limitada do que seria a humanidade. Na condição de indígenas, ao tratar de humanidade, estamos falando de vidas humanas, mas também de territorialidades, de sacralidade, de guardiãs e guardiões.

As cosmologias indígenas precisam ser analisadas com lentes profundas para não ficar na superficialidade do senso comum. Não se pode usar a régua dos brancos para medir a cultura dos indígenas. O colonialismo e a necropolítica implementados na história do Brasil contra as populações afro-ameríndias são instrumentos que permitiram ao opressor a tentativa de imposição de uma teoria única de que existem pessoas superiores a outras, portanto, constroem-se privilégios para uma categoria e exclusão para as demais. Para tal feito, utiliza-se o estado nacional e seus aparelhos ideológicos.

Tem-se, com isso, um erro básico de compreensão de mundos, resultado de uma visão construída sob séculos de exploração contra as populações originárias e reproduzido nos dias de hoje com certa naturalidade. Na cultura de muitos povos indígenas temos uma complexa teoria do significado de humanidade, pois ela está presente em nossas espacialidades, por meio da presença perene de nossos vovôs e vovós. Com isso, tem-se culturas diferentes, que não são melhores ou piores que as outras – apenas diferentes em um país plural e continental como o Brasil.

Não se trata das rochas, montanhas, lagos, árvores, rios ou barro terem humanidade, como muitos não-indígenas imaginam, mas do guardião daquele espaço que vive “do lado de lá” ter sua sobre-humanidade preservada na cosmologia indígena. O espaço, portanto, é sagrado e precisa ser protegido também pelos humanos do “lado de cá”. Somos seres em movimento, nossas anciãs e anciãos conhecem o trânsito entre esses mundos. Assim vivemos por milhares de anos e temos orgulho de nossa cultura ancestral. Afinal, não queremos competir com ninguém, queremos conviver em harmonia com o outro e com a natureza. A competição é a essência desse dito mundo moderno que nos foi imposto violentamente pelo branco.

A pandemia mundial do Covid-19 que se arrasta desde 2020, somada a atual guerra entre Rússia e Ucrânia, trouxeram à tona fenômenos já percebidos em vários países expressos no racismo e no privilégio que as classes ricas têm frente a estas catástrofes humanitárias. A pandemia deixou sua triste marca nos segmentos menos privilegiados das grandes e pequenas cidades, assim como vitimou lideranças indígenas. Em todo o Brasil, perdemos parte de nossos profetas, que com sua sabedoria seguem nos iluminando, onde estiverem.

            Esse artigo homenageia uma importante liderança feminina do povo Macuxi: nossa saudosa vovó Bernaldina. A matriarca também foi vítima da pandemia no ano de 2020, deixando-nos um legado de ensino cultural rico e singular. A vovó, em seus últimos dias, esteve na Europa e em muitos encontros pelo Brasil, realizando os rituais de defumação do Maruai para trazer proteção, saúde e união, ensinando a todos e todas os cantos e danças tradicionais nas rodas do Parixara, saberes especiais para as novas gerações. Vovó Bernaldina José Pedro será sempre uma voz na defesa da ancestralidade indígena. Ela está presente!

Sociólogo, ex-coordenador da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores indígenas de Roraima e membro do Comitê Pró-cultura de Roraima.

Somos o espírito da nação

Afonso Rodrigues de Oliveira

“O espírito de qualquer nação não é nada mais do que a soma total dos hábitos de pensamento dominantes do seu povo”. (Napoleon Hill)

Já sabemos, sobejamente, que o maior problema na política brasileira é a falta de educação, do povo brasileiro. Ainda não somos um povo educado, nem instruído, politicamente. E por isso não temos como representar o País como ele realmente é. Enquanto não formos educados estaremos no patamar mais baixo, na escada da evolução democrática.

Enquanto não pudermos nos apresentar como cidadãos brasileiros, não teremos como ser respeitados, nem mesmo pelos brasileiros. Que é o que continuamos vendo, sem ver, nos movimentos, discussões, apresentações e coisas tais, tanto do povo quanto dos políticos. O que ouvimos de bobeiras, tolices e aberrações, não tá no gibi.

No Brasil ainda temos bons políticos? Temos sim, senhor. Mas eles não conseguem trabalhar. Os maus políticos são em maioria e mais espertos. E por isso mantêm os bons, amarrados no círculo de elefantes de circo. Agora pense numa coisa: não pense que estou ridicularizando a política nem os políticos. Estou apenas tentando abrir os olhos dos eleitores despreparados, por falta de educação. Simples pra dedéu. A má qualidade na educação, no Brasil, está num ponto dos mais baixos do mundo. Vá refletindo sobre isso.

Vamos parar de gritar, espernear, e xingar políticos considerados adversários. Vamos nos concentrar na falha dos que os elegeram. O vereador, o deputado, o senador e o presidente da República, não foram nomeados nem fizeram concurso para o cargo. Eles foram eleitos por uma maioria dos eleitores despreparados pra votar. O que indica que o problema é muito mais complexo do que se imagina. E que só será resolvido com Educação. Então vamos educar o brasileiro, primeiro, informando-o de que ele nunca será um cidadão, enquanto for obrigado a votar em candidatos que não merecem seu voto. E sem educação nunca seremos merecedores do voto facultativo.

Então vamos procurar o culpado pelo descaso dos políticos pela educação. E se você for experto no assunto, participe indicando o caminho para a salvação da Nação. Porque estamos correndo um risco, desesperador, de sermos marionetes de espertalhões lá de fora. Vamos deixar o passado para trás, e procurar amadurecer, politic
amente, para podermos fazer o que já deveríamos ter feito. Vamos assumir a reponsabilidade pelo espírito da nossa Nação. E o espírito desta Nação está nos nossos pensamentos. De como os usamos em benefício da Nação. “Brasil, esse colosso imenso. Gigante de coração de ouro e músculos de aço”. Pense nisso.  

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