Bom dia,

A única coisa que, ao menos em tese, os políticos de Roraima não deveriam dizer em voz alta é de que a criação e ampliação de áreas ambientais – leia-se: Floresta do Parima, Parque Nacional Viruá e Estação Ecológica Maracá, decretada ontem pelo Governo Federal, pegou alguém de surpresa. Tudo isso e um pouco mais já era previsto pelo Decreto 6754/2009, assinado pelo próprio presidente Lula em 2009, quando da transferência ao domínio do Estado de Roraima de terras pertencentes à União.

Não é de conhecimento público que tenha havido nesse meio tempo, ou seja, 14 anos, reações na proporção da importância que o assunto requer, e agora, depois dos decretos assinados e publicados, resolve muito pouco externar indignação nesse momento e menos ainda sem que essa seja precedida de uma ação de fato contra o decreto, como um pedido de nulidade junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com milhares de assinaturas de quem vive em Roraima e não aceita mais uma decisão de cima para baixo e que só afeta na prática o estado.

Durante essa quase década e meia, sequer houve um movimento mais organizado de mobilização de todo o Congresso Nacional que pudesse blindar Roraima de mais esse ataque à sua consolidação de fato como unidade da Federação por meio de uma economia geradora de renda e emprego, e, sobretudo, de arrecadação de tributos. Como outras temáticas locais, o assunto virava pauta de pré-campanhas e depois sumia do foco.

O ex-senador Augusto Botelho, na sua época, não se preocupou com holofotes das redes sociais ou com a própria mídia, e quando da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol de forma a não atender o desejo da maioria, ajuizou ação popular junto ao STF. E mesmo que essa tenha sido julgada em favor da demarcação, serviu para definir os novos parâmetros de demarcações do país e vem até hoje garantindo o mínimo de viabilidade para nosso Estado. Enfim, é de ações efetivas assim, que nossa classe política carece.

No mais, não há surpresa, nem novidades. Apenas choro, que é livre, de quem pouco ou nada fez para mudar esse quadro preocupante ao qual, mais uma vez, nosso Roraima foi submetido.

DE TODOS

Mas, quem assistiu ao discurso de Lula, percebeu uma novidade em seus pronunciamentos, quase sempre estimulando o “nós contra eles”. No pronunciamento o presidente em tom bem menos agressivo falou que governa o país para todos os brasileiros e as brasileiras. Embora tenha insistido na velha tática de contrapor os ricos aos pobres, falar sem assacar contra os adversários já um avanço.

PREVISTO

Roraima amanheceu, ontem, com mais uma notícia de operação policial, dessa vez tendo como foco o contrato de serviços de oxigênio para indígenas Yanomami, com empresa que já vinha sendo investigada por desvios de medicamentos. A realização da ação da Polícia Federal, acreditem, já era esperada por alguns dos investigados desde a semana passada, inclusive com relatos de picotagem de papel no meio da noite, para eliminar supostas provas.

IMPRESSIONA

Aliás, esse fato, reproduzido com frequência e até certa passividade por pessoas próximas aos possíveis alvos, impressiona quem acompanha o cenário político local. Segundo informações de fontes da Coluna, essa operação de ontem pode ocasionar um efeito dominó, chamado no meio policial de Fishing Expedition, ou pescaria probatória, sem causa provável ou alvo definido, mas que acaba pegando geral.

ESTRATÉGIA 1

A estratégia utilizada pelo grupo governista desde a decisão de cassação do diploma do governador Antonio Denarium (PP), no mês passado, é de comover a grande massa para uma possível injustiça praticada contra o estado de Roraima. Isso vem sendo feito, a princípio, por meio de postagens de aliados e “populares”, nem tão desinteressadamente assim, com discursos, entrevistas, dentre outros.

SUPLEMENTAR

Mais um crédito suplementar por superávit financeiro foi aberto para a Secretaria Estadual de Educação, em decreto publicado no Diário Oficial do dia 1º. O recurso, da ordem de R$ 3.546.000, deve ser utilizado em grande parte para ações de manutenção e fortalecimento do ensino médio, para Educação Básica e Assistência ao educando, sem uma destinação específica e clara no objeto.