AFONSO RODRIGUES

A arte de governar

“Todas as artes produziram obras-primas. A arte de governar só produziu monstros”. (Saint-Just)

Sempre que ouço as notícias sobre as guerras, lembro-me do pensamento do Saint-Just. Não podemos classificar o Hitler e todos os outros grandes governantes do mundo. A história nauseante vem desde os primórdios da fantasiada civilização. E continuamos os mesmos desde aquelas épocas. E pelo que vemos, continuaremos na mesma caminhada no regresso. O que deveria ser banido se cuidássemos mais da educação. Porque, mesmo que saibamos que “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”, devíamos ter sido educados para cuidar da madeira. Como fazer isso, não sei. Mas os governantes deveriam saber. E assim nos livraríamos da criação de monstros.

Quando será que vamos entender que a solução para o abismo é a educação? Porque o descaso com a educação vem desde nossa origem sobre este enorme planeta Terra? Acho que isso só quando entendermos, o que é a Educação. Já tive o desprazer de ouvir de um governador, esse absurdo: “…para ensinar a essas crianças do interior, o professor basta saber ler e escrever”. E ele não era nem é, o único administrador público que pensa assim. E iremos continuar assim enquanto não nos eduquemos de verdade. E ser educado não basta saber ler e escrever. A educação vem do lar, porque aprendemos no lar. O que exige que quanto mais educado o lar, maior será recebida a educação pelo  aluno. Simples pra dedéu.

Não sei se estou estragando seu primeiro dia útil, da semana. Mas não pude fugir à tentação de trazer à tona, esse assunto tão desprezado pelos educadores. Essa aconteceu comigo. Eu estava no primeiro dia de atividade como professor numa escolinha, na Confiança I, no Cantá. E foi no início dos anos oitentas. Para iniciar a chamada, abri o documento onde os nomes dos alunos foram escritos pela professora que, certamente fora transferida. No meio da chamada deparei-me com um nome muito esquisito. Passei por cima e fui em frente. Terminei, e um dos alunos levantou o braço e falou:  

– Professor… o senhor não chamou o meu nome!

– Desculpe-me, qual é seu nome?

– Aurélio!

Corrigi o nome na pasta e fui em frente. E o nome do garoto estava escrito pela professora: “Alrelho”. E tenho mais casos iguais a este, que ficarão para depois. E os anteriores são de escolas respeitadas. E é uma pena que não levemos isso em consideração. Vamos parar com os blá-blá-blás e concentrarmo-nos no mais importante para o equilíbrio do mundo, que é a Educação. Sem ela não teremos como alcançar o patamar exigido pela racionalidade. Pense nisso.

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