Bom dia,

Hoje é segunda-feira (25.05).

Estamos iniciando a última semana de maio. Na política, ficou consagrado que é de sabedoria secular: a arte de simular e dissimular. Francis Bacon escreveu, faz quatrocentos anos, as três vantagens para os políticos, da simulação (fazer parecer o que não é) e da dissimulação (não parecer o que é). “Primeiramente, fingir um oposição adormecida e surpreender. Pois, se as intenções de um homem são anunciadas, segue-se um toque de alarme para reunir todos os que a elas se opõem. Segunda é resguardar para a própria pessoa um refúgio satisfatório. Pois, se um homem se compromete com alguma declaração, ou bem avança, ou cai. A terceira é descobrir o que se passa na mente do outro”.

O leitor e a leitora da Parabólica devem estar achando estranho começarmos a semana fazendo essas reminiscências. Acontece que foi a melhor forma que encontramos para dizer que uma atenta observação do que, dizem e fazem, os principais protagonistas da cena política brasileira, a conclusão que se chega é de que o país está infestado –além de pessoas portadoras do Novo Coronavírus-, de muita gente simulando e dissimulando. Por conta disso, Brasil é uma grande nave sem rumo e sem um capitão que lhe indique um porto seguro nessa travessia de um mar de tragédias trazidas pelo Covid19. Tem gente sem saber o que fazer, gente fazendo o que não sabe; e uma montoeira de gente simulando e dissimulando para enganar uma população que morre aos milhares, ou perde milhões de empregos e oportunidades.

NÃO SABIA 1

Em entrevista concedida, ontem, domingo (24.05) ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, a presidente do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR), a conselheira Cilene Lago Salomão, afirmou que o governador Antonio Denarium (sem partido), sabia das péssimas condições nas unidades ambulatoriais e hospitalares do estado, e várias irregularidades praticadas no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). O governador disse em várias ocasiões que tão logo soube da situação tomou as providências devidas, inclusive, com a demissão do então secretário Francisco Monteiro. A presidente  também revelou que o conselheiro Bismarck Azevedo já estava com o pedido de afastamento do citado secretário.

NÃO SABIA 2                                            

Segundo a conselheira Cilene Salomão, o TCE-RR fez no final do ano passado, uma inspeção geral e física nas dependências ambulatoriais, hospitalares e de apoio; além de auditagem em processosda Secretaria Estadual de Saúde, constatando uma montoeira de deficiências e irregularidades. O órgão elaborou um extenso relatório apontando as deficiências e irregularidades, além de sugerir várias medidas corretivas. O documento, segundo a conselheira-presidente do TCE-RR, foi entregue pessoalmente ao governador Denárium em audiência com os conselheiros, sem que houvesse ocorrido qualquer providência corretiva.

COLAPSO

Outro entrevistado ontem, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3 foi o secretário estadual de saúde, Coronel Olivan Júnior. Com franqueza pouco usual entre as autoridades estaduais, o secretário reconheceu que o Hospital Geral de Roraima (HGR) já está em colapso. Não tem mais como internar portadores do Covid19 em leito de espera e nem em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Como os leitos de retaguarda contratados junto aos hospitais privados (Hospital Lottis Iris e Hospital da Mulher), bem como do hospital de campanha montado no estádio Canarinho, não recebem pacientes infectados pelo Covid19; a única alternativa para atendê-los é apressar a entrada em funcionamento do hospital de campanha do Exército, que ainda não tem data para acontecer.

CAOS TOTAL

Segundo o secretário estadual de saúde, Olivan Júnior, o cenário administrativo e operacional vigentes na Secretaria Estadual de Saúde, e nas suas unidades hospitalares, ambulatoriais e operacionais é de completo caos. Falta infraestrutura, materiais, equipamentos, remédios, controles, e até, conduta moral de servidores e dirigentes da instituição. A solução, segundo o secretário –que garante não aceitar qualquer interferência no seu trabalho-, foi fazer um tipo de intervenção militar afastando da chefia de setores estratégicos servidores com vícios históricos, colocando nos seus lugares militares, da ativa e da reserva, do Exército, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

INTERVENÇÃO FEDERAL

Olivan Júnior–que veio para Roraima trazido pelo general Eduardo Pazzuelo quando da intervenção federal na Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) em dezembro de 2018-, disse que fala quase todos os dias com o atual ministro interino da saúde, de quem afirmou estar recebendo total apoio. Talvez animado com esta proximidade, e diante do cenário de terra devastada que encontrou na Sesau; além das evidentes pressões políticas locais, o secretário encaminhou na semana passada, ofício ao governador Antonio Denariun, pedido de intervenção federal na Secretaria Estadual de Saúde. Aliás, o primeiro secretário estadual de saúde do governo Antônio Denárium, o médico anestesista Ailton Wanderley, já havia feito essa sugestão quando pediu para sair. Aí fica dúvida será que estaríamos em melhor situação se isso tivesse ocorrido lá trás?