AFONSO RODRIGUES

A arte está sempre presente

“Na arte as insignificâncias causam a perfeição, e a perfeição não é uma insignificância”. (Miguel Ângelo)

Onde estamos sempre há algo que devemos observar. Não basta isso, devemos ver a arte no que criamos nas observações. Nunca deixe de olhar nos olhos da pessoa com quem você vai brincar. Há pessoas que não toleram brincadeiras. Normalmente são os pessimistas que estão sempre de mal consigo mesmo. Alguém pode até lhe dizer que não está para brincadeira. Todos nós já ouvimos isso. Mas não perca seu tempo com o aborrecimento dos aborrecidos. Faça de sua vida, uma obra. Todos nós somos artistas da vida. O importante é que não confundamos as brincadeiras. Acredite que a arte é uma manifestação ligada intimamente ao espírito humano. O senso místico e espiritual é existente na arte.

Então vamos simplificar e levar o assunto para a simplicidade do dia a dia. Sempre tive a mania de brincar com as pessoas. Mas aprendi, muito cedo, a olhar nos olhos da pessoa com quem irei brincar. Já falei pra você da brincadeira que fiz com a médica que me atendeu no posto de saúde da Sé, em São Paulo. Era minha primeira vez e ela era praticamente uma garota. Muito jovem lindinha e simpática. Logo que ela fez minha ficha, olhou pra mim e perguntou:

– Tem alguma alergia, se Afonso?

E sem refletir respondi:

– Tenho uma só e que me tortura muito!

Ela empinou-se, olhou pra mim e perguntou, aparentemente assustada:

– Qual é a alergia, seu Afonso?

Novamente sem refletir, respondi:

– É a pobreza!

A Médica deu uma risada tão forte que alguém, do lado de fora, abriu a porta e ficou nos olhando com olhos arregalados.

Ontem, pela manhã, a brincadeira foi mais simples, mas nos fez bem. Entrei para ser assistido pela médica. Coloquei o celular, os óculos e a carteira, sobre a mesinha. Olhei para a auxiliar da médica e falei:

– Cuidado com a carteira porque ela está cheia de notas.

Simpática, a moça perguntou:

– São notas de cem reais?

Sorri e respondi:

– Não… são notas sem valor!

Mas seja sempre cauteloso com as brincadeiras, para que elas expressem qualquer coisa que indique respeito. Sinta-se um artista, mas criando a arte e não tentando exibi-la sem construí-la. Cuide da simplicidade na brincadeira. Nada de grosseria que possa fazer de você um tolo. Nada mais agradável do que sentirmos prazer com as brincadeiras que ouvimos de pessoas que sabem respeitar. Nunca deixe de cumprimentar alguém, mesmo que você não o conheça. Mas, mesmo que isso aproxime você da outra pessoa desconhecida, cuidado para não confundir vizinhança com familiaridade. É assim que respeitamos as diferenças. Pense nisso.

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