Jessé Souza
A CPI do cupim 03 02 2015 578
A CPI do cupim Jessé Souza* Afinal, deu um surto na Assembleia Legislativa para que, a partir de agora, criasse uma comissão para fiscalizar o Governo do Estado? Sim, deu um surto. E, vale ressaltar, de uma forma bem tardia, uma vez que a maioria dos deputados é a mesma que vinha conduzindo aquela Casa nos últimos anos. Não precisa ser inteligente acima da média para perceber que, em anos anteriores, o mesmo poder Legislativo não apenas se esquivou das fiscalizações aos principais atos do Executivo como também não cuidou da lição de casa, que era sanear suas contas para evitar o que se vê hoje, com servidores sem receber o salário em dia e com dívidas acumuladas. Não estou querendo, com isso, afirmar que os deputados não devem fiscalizar o governo. Não só devem como é obrigação constitucional deles fiscalizar. E existem comissões, na Casa, destinadas a este dever, ou seja, não precisa criar nenhuma comissão especial para isto, basta querer fiscalizar. Porém, ao longo dos anos, muito pouco os deputados fiscalizaram as ações do governo, ficando esta ação restrita à oposição, muitas vezes sem forças sequer para aprovar um requerimento. E essa falta de vontade política de agir como agentes fiscalizadores permitiu que o Estado chegasse a esta situação de dificuldades, que acomete inclusive a própria Assembleia Legislativa. O surto de fiscalização da atual legislatura nada mais significa do que a tomada de uma atitude que é uma obrigação que deveria vir sendo cumprida há muito tempo. E o que a sociedade espera é que este ato sirva como instrumento em favor da melhoria do Estado, e não como instrumento político e partidário a fim de complicar o que já está difícil. Se houver realmente vontade de passar Roraima a limpo, então que a Assembleia Legislativa, hoje como uma suposta oposição robusta, com votos suficientes para tomar qualquer decisão, abra a “CPI do Cupim”, para investigar o que levou o Estado a esta destruição e apontar os nomes dos responsáveis pelos mais diversos desmandos que pululam nas divulgações feitas pelo atual administração estadual. Se os deputados decidiram acordar para a realidade, então o exemplo deve estar a altura deste desejo fiscalizatório manifestado à imprensa, para devolver ao povo de Roraima a tranquilidade de viver em um Estado sem susto, com os serviços públicos funcionando como deveriam, servidor público com a garantia do salário em dia, com os desmandos extirpados e a corrupção sendo apurada e seus responsáveis punidos. *Jornalista [email protected]