Bom dia,

Depois de três dias sem publicação, a Parabólica volts hoje. Sabe por quê? Tudo devido ao corte indevido e abrupto do fornecimento da energia elétrica ocorrido no começo da semana. Tem sido assim constantemente, e agora nestes tempos de pandemia o problema fica mais agravado. Boa parte da produção de matéria jornalística do Grupo Folha está sendo feita de casa dos nossos profissionais, e com esta Coluna não está sendo diferente, que está sendo, em parte escrita e editada desde o interior do município de Boa Vista. Quando falta a energia, ficamos sem internet, trazida até o local através de sistema de rádio. Os equipamentos quase sempre danificam quando a energia é reestabelecida, devido o pique de voltagem.

E por que estamos fazendo este registro? Pela simples razão de respeito aos nossos leitores e leitoras; e também como uma forma de protesto. Todos pagamos uma energia muito cara, as famílias e as empresas. No caso das últimas, que atingem um consumo mais elevado, a concessionária as obriga a assinar um contrato de demanda mínima de pique, que seja consumida ou não. Quando ocorrem esses cortes abruptos muitos equipamentos danificam, e quem se aventura a pedir indenização tem que se submeter às regras e rotinas estabelecidos pela própria empresa fornecedora da energia. É o típico caso da “Raposa que toma conta do galinheiro”, de forma que só prejuízos maiores estimulam os prejudicados a pedir ressarcimento dos prejuízos.

E nestes tempos de pandemia, a reposição -ou o conserto-, de equipamentos queimados não tem sido fácil.

LIBERALISMO 1

Nestes tempos de pasmaceira quase total por conta da pandemia do Covid19, não custa fazer reflexões sobre aspectos da nossa vida, que parecem não ser muito importantes, mas que define a fato o mundo em que vivemos. Adam Smith -e seus seguidores clássicos-, pensador inglês do Século XVIII, criou a economia como ciência para justificar o liberalismo, ideia que começava a dominar o mundo ocidental a partir especialmente da França e da Inglaterra. A ideia básica era pregar que Estados (Governos) deveriam ser o menor possíveis para interferir minimamente na liberdade das pessoas; de trabalhar -ao salário ofertado no mercado-, montar empresas, empregar, ser empregado e definir, enfim, o melhor para si.

LIBERALISMO 2

Consequência das ideias dos liberais a o mundo nunca mais foi o mesmo. As revoluções industrial, e liberais dos Séculos XVII e XIX, especialmente a francesa, em 1789, levaram a constituição de estados liberais, como a dos Estados Unidos da América, que promoveram, via mercado, em regime de produção capitalista privado, mais de três séculos de contínuo desenvolvimento material de suas populações. Nunca, a história da humanidade, tinha presenciado tanto desenvolvimento material. Apesar da afluência da riqueza gerada, o sistema de mercado/capitalismo não foi capaz de distribuir entre as pessoas, eficientemente, a riqueza gerada. Uma legião de excluídos foi crescentemente sendo observada neste mundo de tanta produção material.

ESTATISMO

Como resultado da crescente massa de excluídos das riquezas geradas no mundo capitalista, no início do Século XX (1917), Vladimir  Ilyich Ulianov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin, comandou a Revolução Bolchevique, na Rússia dos czares, iniciando a implantação de uma experiência socialista sob o comando de um Estado centralizador, autoritário, e proprietário de todas empresas e atividades econômicas. Era o contraponto ao estado liberal, e isso ficou mais claro depois do final da Segunda Guerra Mundial, quando Estados Unidos da América (EUA) e União Soviética (Federação de países socialistas criada a partir da Rússia) dividiram o mundo entre capitalista (EUA e seus aliados) e socialistas (URSS e seus países satélites).

RUÍNA

A queda do Muro de Berlim, símbolo maior da divisão do mundo entre socialistas e capitalistas, em novembro de 1989, marca historicamente a fim da aventura do socialismo empírico -ou real como muitos preferem chamar-, com o desmoronamento da União das Repúblicas Socialistas Soviética, o que foi interpretado pelos liberais como o triunfo do capitalismo sobre o socialismo. Ideólogos liberais, e de direita voltaram a pregar a ideia de um Estado mínimo, com culto e defesa quase cega na eficiência do mercado, desconhecendo a enorme chegada da desigualdade social.

E AGORA?

A crise do capitalismo -com a globalização de arranjos produtivos e financeirização da economia planetária-, que já vinha sendo desenhada nas últimas três décadas, está colocando em xeque a capacidade do mercado de resolver crises profundas, como esta trazida pela pandemia do Novo Coronavírus. Sem a intervenção forte, e quase totalitária do Estado, é quase certo que boa parte da humanidade seria dizimada e a economia planetária entraria em colapso total. E agora, quem se aventura falar em estado mínimo. É só para refletir, nestes tempos de isolamento social?