Jessé Souza

A data passou mas 24 03 2015 774

A data passou, mas…  – Jessé Souza*
O Dia Mundial da Água passou e, talvez (eu desejo estar enganado), o assunto irá adormecer novamente na lembrança das autoridades locais, principalmente no que diz respeito à prioridade que o assunto requer para garantir não só a saúde do meio ambiente, mas também o abastecimento da população. 
Garantir água para gerações futuros significa pensar seriamente na preservação do meio ambiente em todos os seus aspectos, seja tratando das nascentes de rios e igarapés, seja preservando matas ciliares e lagoas que ainda sobrevivem ao avanço das cidades.
A agressão à mata ciliar do Rio Branco e de seus mananciais avança e não há um trabalho sério para tratar deste assunto. Nem mesmo os chamados olhos d’água do nosso principal rio e de seus afluentes recebem o devido cuidado. Qualquer estudante do ensino fundamental aprende que a vida de um manancial depende da preservação da mata ciliar, onde estão os olhos d’água, que é a fonte de vida dos mananciais.
A cidade está avançando e os alertas sobre a vida dos igarapés se perdem ao longo dos governos, pois a única política que existiu foi o de sepultar esses mananciais urbanos em caixotes de cimento, como já me referi em antigo anterior. Canalizar significa matar igarapés, mas parece que isto não comove os setores organizados da sociedade, que assistem aos governantes seguirem com a política errada de preservação.
Não se trata mais apenas de um alerta de “ecologistas desocupados” ou de “dondocas histéricas”. Trata-se de pensar em garantir que a população continue segura em suas fontes de abastecimento de água potável, o que requer a preservação de todo um conjunto de ecossistema, que inclui uma simples lagoa até uma bacia hidrográfica.
Nenhuma campanha de conscientização sobre uso consciente de água ou limpeza de rios conseguirá evitar o futuro desabastecimento, a não ser uma política de governo eficiente capaz de pensar no meio ambiente como um todo, que lute pela sobrevivência de todos os mananciais como uma ação contínua e permanente que envolve todo o meio ambiente. 
As pessoas pensam que os alagamentos são a única consequência que a população de Boa Vista sofre com o soterramento de lagoas naturais. Hoje isso significa luta para evitar pontos de alagamentos. Se estas agressões não forem freadas, amanhã pode faltar água, a exemplo do que vem ocorrendo em outros estados.
Se os igarapés de Boa Vista não forem salvos, recuperados e preservados, não vai demorar para o Rio Branco secar ainda mais. E se as queimadas e incêndios não forem contidos de forma planejada, não restará mata ciliar em vários mananciais. Então, vamos agir ou ficaremos de braços cruzados esperando a realidade local se “paulistanizar”? 
*Jornalista  –  [email protected]