A forma de se endinheirar – Jessé Souza*Não há como transformar a realidade do Estado de Roraima, para melhor, com esta forma de se fazer política. Quem está no poder tentar tirar qualquer tipo de vantagem para ganhar dinheiro. É como se os cofres públicos fossem exclusivamente uma fábrica para enriquecer quem se elege a cargos públicos.
Dois fatos que correram no fim de semana podem corroborar. O primeiro deles, a matéria da revista IstoÉ, que mostra a venda de terreno da família Jucá para a Caixa Econômica Federal por valor bem acima do praticado no mercado imobiliário.
Quem conhece a realidade do Estado sabe que boa parte das autoridades se apropriou de imensas terras urbanas e rurais apenas como forma de especular. É fato irrefutável: são os coronéis da política que detém os maiores latifúndios de Roraima. São inúmeros imóveis nas mãos de familiares, agregados, testas de ferros e “sócios”.
Outro fato que chamou a atenção foi a matéria do Fantástico, que mostra o festival de “fantasmas” e “gafanhotagem” praticado por políticos de todo o Brasil. Desta vez, não apareceu nenhum parlamentar de Roraima, mas sabemos que esta prática é corriqueira por aqui. Aliás, o “caso gafanhoto” ganhou repercussão em nível nacional e disso todos lembramos.
Isso mostra como a máquina pública é utilizada tão somente para fins pessoais por parte de muitos políticos, os quais têm nos cargos públicos uma forma de se endinheirar, como se a política fosse um grande negócio, um comércio qualquer, feito na base da ilegalidade e da imoralidade.
Se os políticos agem desta forma, é óbvio que não sobram recursos para investir na segurança pública, em uma educação de qualidade ou em uma saúde que funcione de verdade. Aponto este três setores como exemplo pelo fato de hoje eles representarem um desafio para o Estado, cujos problemas submetem a população a problemas que poderiam ser evitados com o mínimo de investimento sério.
Como a política é direcionada para se locupletar, então os investimentos para os setores prioritários ficam em segundo ou último plano. Interessa a esta forma de se fazer política o lucro que se pode tirar de onde haja grande volume de recursos. E o povo que fique com o “vale alimentação” ou com outras esmolas públicas disfarçadas em programas sociais, uma vez que os agrados governamentais têm esse propósito de confundir e anestesiar o discernimento das pessoas.
O assistencialismo é o método mais eficaz de deixar as pessoas na dependência dos governos, enquanto os políticos misturam dinheiro público com suas contas particulares. Infelizmente, essa é a realidade de nosso Estado.