A grande teiaBoa Vista comemorou 127 anos, neste domingo, com muitos avanços, inclusive elogios de pessoas que visitam o Estado ou buscam informações sobre a Capital roraimense. Porém, ainda há muitos desafios para encarar a fim de combater as mazelas antigas e as que estão surgindo agora, neste exato momento, quando estamos comemorando essa data importante.
É fato que temos uma cidade bonita a partir do Centro, ou seja, a partir do “leque” (que é a forma do mapa e muito bem chamado de “teia” pelo cantor e compositor Neuber Uchoa) planejado ainda no começo da década de 1940, que possibilitou a cidade surgir organizada.
Mas um dos desafios é tentar organizar urbanisticamente o que ainda é possível, pois o surgimento da maioria – senão todos – dos bairros da zona oeste, os mais afastados do Centro, foi por meio de invasões. A frota de veículos, por exemplo, tem aumentado a cada ano e a cidade não tem se preparado para viver essa realidade.
Ao longo dos anos, não houve investimento direcionado para atacar seriamente este problema, que é possível ver no dia a dia, quando pegamos o transporte urbano ou nosso próprio veículo. É verdade que os ciclistas estão indo muito bem, com as ciclovias, mas a máquina implantou uma guerrilha urbana contra o ser humano, a qual precisa ser contida com recursos, inteligência e vontade política.
A questão da imigração é outro grande desafio. Os governos precisam estar atentos às questões sociais que emergem de forma rápida e assustadora, sob pena de as mazelas se tornarem irreversíveis, somando-se à violência urbana e à criminalidade (que é um problema grave que extrapola as obrigações das autoridades).
Outro grande desafio é a educação infantil, onde também está havendo pouco investimento para evitar que as crianças, desde o berço, fiquem sujeitas à falta de proteção, o que pode jogá-las nas permissividades das ruas cedo, para depois surgir a delinquência, depois os pequenos delitos e, logo em seguida, a criminalidade.
Com o inverno, os alagamentos revelam sérios problemas na infraestrutura, apontando que é necessário menos estética e mais investimento em drenagem. Não é mais possível tolerar como desculpa de que “Boa Vista é cidade plana” (aliás, os japoneses iriam rir desse argumento governamental).
Enfim, é preciso sempre comemorar os avanços e os acertos, mas é necessário principalmente que não percamos o foco nos problemas, principalmente os mais graves. Tudo ainda está por fazer, pois somos uma cidade pequena e jovem. O momento de resolver os problemas é agora, já!*[email protected]: www.roraimadefato.com.br