Opinião

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A PERENIDADE DO PLANETA PASSA PELAS FLORESTAS

Hamilton Mourão*

Quando o assunto é preservação ambiental e biodiversidade, estamos à frente. O Brasil se destaca nesse contexto por ser um dos países que mais preserva as suas florestas, com mais de 60% de todo o seu território coberto por vegetação nativa, e por ser o habitat da maior e mais rica biodiversidade do mundo distribuída em 6 biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal.

As florestas são essenciais para o equilíbrio da vida na Terra e desempenham importante papel nos campos ambiental, social e econômico. Elas protegem os solos e os rios, atuam no clima, abrigam uma rica biodiversidade, proporcionam alimento, lazer, medicamentos, atividades sociais e educacionais e são fontes de pesquisa e de sustento econômico.

Diante da relevância das florestas para a nossa vida e a do planeta, a Organização das Nações Unidas (ONU) tomou a iniciativa de considerar o dia 21 de março como o Dia Internacional das Florestas para que o mundo voltasse a sua atenção para esse tesouro de valor inestimável, quando mantido em pé.

Há maneiras de explorar economicamente as florestas, gerando renda e emprego para as comunidades locais e desenvolvimento para o País, e ainda assim preservá-las. Esse caminho passa pelo cumprimento do rigoroso Código Florestal brasileiro e pelas práticas de manejo sustentável, que por meio de um plano bem elaborado garante a manutenção da diversidade e da sustentabilidade da floresta, permitindo a permanência e a renovação dos recursos naturais e o seu uso constante, inclusive pelas próximas gerações.

A preservação e a proteção das florestas brasileiras são um dos nossos maiores desafios e prioridade. Estamos em constante busca pela perenidade dos nossos biomas e seus respectivos ecossistemas, bem como dos recursos naturais, pela adoção de políticas públicas modernas e consistentes, pelo combate diuturno aos ilícitos ambientais e pelo desenvolvimento sustentável com segurança, justiça e oportunidade para todos os brasileiros. Como um país megadiverso, buscamos alinhar preservação ambiental ao uso sustentável dos recursos biológicos, hídricos, energéticos e minerais.

Dentre as diversas ações adotadas pelo Governo em prol de nosso extenso território verde, destaco a recriação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o qual presido; a deflagração da Operação Verde Brasil 2, em maio de 2020, com previsão de encerramento em 30 de abril próximo; o Plano Amazônia 2021/2022; a Moratória do Fogo, decretada em julho de 2020, com proibição das queimadas legais pelo período de 120 dias; o programa Adote um Parque; o Floresta + que prevê o pagamento por serviços ambientais e estimula que os proprietários de terras conservem área maior do que a determinada pela lei; aperfeiçoamento do monitoramento por satélite; aplicações de multas; apreensões de equipamentos utilizados em crimes ambientais; e o combate sistemático ao desmatamento e às queimadas ilegais, incluindo a campanha Diga Sim à Vida e Não às Queimadas, no ar desde o ano passado. Em comemoração ao Dia Internacional das Florestas foi lançada uma cartilha digital voltada à conscientização dos jovens, a qual encontra-se disponível para download no site da Vice-Presidência da República.

No Século 21, a sustentabilidade é o caminho que nos permite honrar o pacto geracional com nossos filhos, netos e demais brasileiros. É a única forma de continuarmos a usufruir dos benefícios advindos das florestas sem exauri-las, para que as gerações futuras também os faça. Por isso, no nosso testamento precisa constar, na primeira linha, as florestas brasileiras. Assim como recebemos esse valioso legado ambiental de nossos antepassados, precisamos ter o cuidado de repassá-lo para os novos herdeiros do Brasil.

Porém, esse legado e compromisso com as gerações futuras não é da responsabilidade somente do Governo Federal, governos estaduais e demais autoridades públicas. É evidente que os governantes têm um papel relevante e imprescindível na preservação do meio ambiente por meio das políticas e ações públicas. No entanto, precisamos entender que a defesa das nossas florestas em prol do bem-estar coletivo é responsabilidade de todos. A preocupação com a sustentabilidade, o uso consciente dos recursos naturais, a denúncia a ilícitos ambientais pelos canais disponíveis, a redução do lixo e de desperdícios, a não aquisição de animais silvestres e de bens ou produtos da biodiversidade brasileira comercializados ilegalmente, devem fazer parte do dia a dia de cada brasileiro. Uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco.

Quando uma floresta é destruída, com ela perdemos séculos de verde, vidas, saúde, bem-estar e economia. Tratar o meio ambiente com respeito e dignidade é dever de todos nós. Com a união de esforços o Brasil permanecerá sendo o país que mais preserva e protege a sua vegetação nativa. A perenidade do planeta passa pela perenidade das florestas.

*Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República e Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL)

Artigo publicado em O Estado de S. Paulo em 31/03/2021