Bom dia, Hoje é terça-feira (02.06). E, diferentemente do que foi prometido na semana passada, pelo governador do estado e pelo secretário estadual de Saúde, a Área de Proteção e Cuidados (APC), que já foi chamada de Hospital de Campanha do Exército, destinada a cuidar de doentes infectados pela Covid-19, não tem mais previsão de abertura de suas portas à pacientes no decorrer desta semana. Ontem, depois de visitar as instalações da unidade, o deputado estadual Jalser Renier (Solidariedade) disse que para, além de faltar alguns materiais e equipamentos, os profissionais contratados pelo governo do estado ainda precisam de treinamento, o que demanda alguns dias antes que possam começar a trabalhar. Enquanto isso, continua imperando o caos no Hospital Geral de Roraima (HGR), a maior unidade hospitalar do estado, e única a receber doentes da Covid-19, que não tem mais leitos de espera e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Enquanto isso, políticos continuam a falar em união de todos para enfrentar a pandemia, sem precisar claramente o que vem a significar essa tal de união e para que ela serve. Até agora, mero discurso para engalobar a população, que não tem alternativa pública para se tratar quando acometida pelo vírus. Em vez desse discurso vazio, o melhor era exigir que todos os atores, obrigatoriamente envolvidos na tarefa de tirar o povo roraimense da tragédia, social/sanitária/econômica, cumprissem com suas respectivas obrigações, que são claramente definidas pela Constituição, por decisões emanadas do Supremo Tribunal Federal (STF), pelas regras do Sistema Único de Saúde (SUS). Governo federal, governo estadual e municipal sabem exatamente o que deve ser feito em suas respectivas competências. Se não o fazem, é porque não querem; ou não têm competência (gestão) para fazê-lo.

EXEMPLO 1 Já no domingo passado (31.05), o governador Antonio Denarium (sem partido) gravou vídeo em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, a sede administrativa do governo, anunciando, com exibição do competente atestado médico, que estava curado da Covid-19, sem sequer precisar ser internado. Tem sido assim, com a esmagadora maioria da elite, que contagiada pelo vírus, tem rápido acesso aos testes de confirmação e aos meios existentes para curar os seus terríveis efeitos. Quase todos os membros de uma elite privilegiada que são infectados pela Covid-19, saem quase lampeiros da doença. Logo, existe um protocolo que seguido com os devidos cuidados, quase zera a morbidade entre os infectados.

EXEMPLO 2 E por quê, a parcela da população, comum e pobre, não consegue o mesmo nível de êxito, quando acometida da Covid-19? Simplesmente, porque as autoridades não cumprem adequadamente com suas obrigações, a começar pela disponibilização de testes na rede de atendimento primário para que o vírus seja combatido nos primeiros sintomas. E, além disso, haja disponibilidade de medicamentos, já usados com relativo êxito em pacientes da elite. Ao contrário disso, a narrativa que se ouve, aqui e acolá, é de pacientes que chegam às unidades de atendimento primário, mas são mandados para casa, sem testes e remédios, aconselhados a guardar isolamento social até que os sintomas se agravem. Por mais absurda que essa narrativa seja, ela é absolutamente verdadeira.

OBRIGAÇÃO 1 A obrigação de manter a rede de atendimento primário é, sem qualquer dúvida, do município, o que não exime o governo federal e o governo estadual de responsabilidade solidária. E o que acontece aqui em Roraima, especialmente, no âmbito do Município de Boa Vista? A Prefeitura não tem suprido adequadamente, ou melhor, minimamente as Unidades Básicas de Saúde (UBS)/Postos Médicos Municipais de testes e de medicamentos, sem justificar as razões da omissão. E o governo estadual? Em vez de colaborar transferindo testes e medicamentos –cuja maioria recebe do governo federal-, ao município, prefere através de seu porta-voz, o governador, criticar a omissão da prefeitura.

OBRIGAÇÃO 2 Sem o devido atendimento nas unidades básicas de saúde, a população mais pobre é obrigada a recorrer ao precaríssimo atendimento no Hospital Geral de Roraima que, em virtude da falta de gestão estadual, recebeu o encargo de ser até agora, a única unidade de atendimento secundário aos infectados pela Covid-19, sem a existência de providências minimamente necessárias. O que resta a pobre população, vítima da infecção pelo vírus é assistir a um diálogo de moucos, cujo objetivo principal parece ser a disputa política que se avizinha, nas eleições municipais deste ano e na estadual de 2022. 

ARRANJOS A notícia ainda carece de confirmação oficial, mas, fontes da Parabólica garantem que o governador Antonio Denarium chamou, ontem à tarde, alguns deputados estaduais de sua base de apoio, em torno de sete parlamentares, para anunciar que decidira convidar seu ex-líder na Assembleia legislativa, o deputado estadual Soldado Sampaio (PC do B) para a chefia da Casa Civil do governo, vaga desde o pedido de exoneração de Disney Mesquita. O imbróglio fica grande porque Sampaio é público desafeto de Jalser Renier, o presidente da ALE, que precisaria receber uma compensação política. Em tempo: Jalser reuniu alguns colegas parlamentares mais próximos, ontem à tarde, para discutir o andamento do impeachment do governador Denarium.