A produção acadêmica no Brasil na UTI Victoria Angelo Bacon*
Tenho observado assustadoramente o nível da produção de artigos que são publicados em revistas. Há uma quantidade apavorante de artigos “costurados” em cima de outros, um verdadeiro festival de plágios indiretos e “preguiça de se pesquisar”. O nível da produção acadêmica no Brasil caiu consideravelmente e quem atua na academia sabe e reconhece esse fator negativo. A explosão de cursos de graduação e pós- graduação na última década, combinados à facilidade na “busca – search” de artigos prontos na ferramenta Google, tornou tal facilidade um mecanismo acelerador para que as publicações disparassem sem controle e por conseqüência sem qualidade. Produzir a qualquer custo para encher o Currículo Lattes acabou se tornando um mantra nas Universidades Brasileiras tanto as públicas quanto as privadas. As instituições privadas, além da baixíssima qualidade na produção de artigos, o nível altíssimo de cópias dos textos acadêmicos é escandaloso. Existem algumas ferramentas que rastreiam e apresentam diagnóstico de plágios, basta selecionar alguns artigos publicados em revistas e verão o altíssimo nível de “costura” de textos.
A Revista Nature, uma das mais importantes e conceituadas na publicação de artigos, acusou a academia brasileira de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações, a mais baixa entre os 50 países que publicam nessa importante revista. Quanto à produção da iniciação científica, o percentual fica ainda mais baixo, 0.5%. A Universidade brasileira custa tão caro e produz tão pouco. Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a “Nature” generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico. Uma vergonha para um país que gasta anualmente 37,5 bilhões de reais para manter o ensino superior.
Ao mesmo tempo começamos a enfraquecer no ranking que mede as citações por documento (CPP), uma das principais referências para se saber se o trabalho científico tem qualidade ou é descartável, apontou que o Brasil está na UTI.
Para concluir que a produção científica brasileira é, em média, ruim/péssima apesar de volumosa. Assim, não basta o Brasil comemorar essa expansão da produção acadêmica quando se percebe uma queda assustadora na sua qualidade.
*Secretária Executiva da Universidade Federal de Rondônia
Os 6 Princípios Básicos da Aprendizagem Baseada no Cérebro Simone Sanaiotte *
Os educadores têm sido bombardeados com conceitos de neurociência em benefício da educação. São milhares de pesquisas, artigos, trabalhos científicos, palestras e workshops disponíveis on-line e off-line. Os avanços e descobertas na área da neurociência relacionada ao processo de aprendizagem são certamente uma revolução para o meio educacional.Esse conceito já levava em consideração o funcionamento do cérebro e as vantagens de unir a maneira de ensinar com a maneira que o cérebro aprende melhor. Após anos de implementação da Aprendizagem Cooperativa em escolas ao redor do mundo, fez-se necessário apresentar os princípios que são a base para a o Ensino e a Aprendizagem Baseada no Cérebro.Princípio 1: Nutrição
É preciso nutrir o cérebro! Para um cérebro bem nutrido não basta uma alimentação balanceada e hidratação. Isso é essencial, porém, precisamos ir além e garantir que os cérebros dos alunos recebam glicose e oxigênio suficientes para que eles possam permanecer alertas e sejam capazes de reter informações e gerar conhecimento. Esses nutrientes só chegam ao cérebro pela circulação sanguínea, estimulados por movimentos e interação entre os colegas. Faça atividades em que os alunos tenham que caminhar e conversar com seus pares. O movimento ativa a circulação sanguínea e o interagir com outra pessoa ativa áreas do cérebro que o mantém mais alerta.
Princípio 2: SegurançaTorne sua sala uma comunidade! Sentimo-nos seguros quando estamos com as pessoas que conhecemos. Normalmente esperamos que os alunos formem seus grupos de amizades por afinidades e os obrigamos a fazerem trabalhos em grupo somente com objetivo acadêmico. Esse tipo de abordagem não promove grupos de confiança e pode até mesmo gerar ou aumentar o bullying quando um aluno faz parte de um grupo no qual não é bem aceito. Pelo menos duas vezes por semana, promova atividades nas quais os alunos tenham que trocar informações pessoais e trabalhar a empatia. Em pouco tempo, será fácil perceber que a interação entre todos os alunos da sala acontecerá com mais frequência e terá melhor qualidade.
Princípio 3: Sociabilidade.O ser humano é um ser social! Estudamos Vygotsky por anos a fio e acabamos cometendo o grande erro de acreditar que uma aula produtiva é uma aula em que os alunos estão em silêncio. Nossos alunos vão para escola preocupados se vão encontrar o colega preferido, se o material escolar é parecido e aceito pelos outros ou se o corte ou penteado de cabelo está dentro dos padrões estabelecidos pelos diferentes grupos a que pertencem. Utilize o princípio da sociabilidade. Promova situações propícias à maior interação dos alunos, para que expressem seus conhecimentos e possam dar opiniões sobre os conteúdos que estão sendo abordados na aula.
Princípio 4: EmoçãoTudo que é seguido por emoção é mais lembrado! Lembramo-nos do cheiro do bolo da avó, da música que estava tocando quando algo importante aconteceu em nossas vidas; colocamos um sorriso no rosto ao lembrar um acontecimento marcante. O Dr. Spencer Kagan reuniu diversos estudos e comprovou que tudo o que envolve a emoção positiva tem o poder de aumentar a criatividade, a percepção e habilidades de raciocínio. Promova situações em que os alunos se divirtam e, logo após, trabalhe o conteúdo que necessita ser memorizado. A melhora no desempenho dos alunos será notada rapidamente ao utilizar esta técnica com frequência.
Princípio 5: AtençãoA atenção melhora a retenção! Quando nossos alunos estão distraídos e com as mentes vagando enquanto explicamos, eles têm pouca chance de conseguir assimilar e fixar os conhecimentos e habilidades. Ao notar que a sala “está cansada”, devemos promover primeiro a interação entre os alunos e focar nos objetivos principais da aula durante e logo após essas interações. O cérebro só está atento enquanto está oxigenado. Princípio 6: Estímulo.
O cérebro precisa de estímulos para atuar no seu potencial máximo! Muitas vezes palestramos por tempo demais e esperamos que os alunos continuem prestando atenção e ganhando conhecimento. O tempo de concentração do cérebro não ultrapassa dez minutos em alunos do Ensino Fundamental, por exemplo. Se considerarmos a Educação Infantil, esse tempo diminui para a média de dois minutos. Trabalhar estímulos como a variação de atividades e associar palavras a gestos melhora a retenção das informações, auxiliando os alunos a memorizarem melhor.
Todos esses princípios já são utilizados na metodologia da Aprendizagem Sistêmica, por meio das diversas Estruturas que os professores podem aplicar em sala de aula. Os estudos sobre as técnicas de Ensino Baseado no Funcionamento do Cérebro estão cada vez mais complexos e formações profissionais que auxiliam o professor a aplicar esses conhecimentos de forma prática estão finalmente disponíveis.*Gerente de Parcerias e Soluções na empresa Planneta, desenvolvendo soluções educacionais integradas à tecnologia
Mente aberta Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Não é suficiente ter uma boa mente: o principal é usá-la bem”. (René Descartes)
O poder da mente é imensurável. Ela não conhece limites. Os limites nós os pomos. É natural, porque ainda não somos capazes de ir além dos limites estabelecidos pela imunização racional. Cada um de nós está dentro dos seus limites, de acordo com sua evolução racional. Não sei, nem isso me preocupa, se você é religioso, nem a que religião você pertence. Estou focando a racionalidade, dentro dos conhecimentos, na Cultura Racional. E a Cultura Racional não deve ser confundida com religião. Ela é apenas o conhecimento da nossa origem.
Porque somos todos da mesma origem, somos todos iguais. As diferenças estão no nosso desenvolvimento mental. Daí sermos todos iguais nas diferenças. Seu desenvolvimento mental depende de você e de mais ninguém. Enquanto você estiver sob a orientação de alguém para o seu desenvolvimento, dificilmente você se desenvolverá mentalmente. E sem o desenvolvimento mental não seremos mais do que meros títeres dos titeriteiros. Abra sua mente para que você possa viver sua mente como uma mente racional.
Não basta você ser uma pessoa inteligente se não souber usar sua inteligência adequadamente. Quando não realizamos nossos sonhos é porque não soubemos usar nossa mente. Geralmente nos deixamos levar pelas orientações dos que não sabem ou não souberam nos orientar. E quando sabemos usar nossa mente não precisamos buscar orientações. Tudo de que necessitamos para viver racionalmente está dentro da nossa mente. É só saber usá-la. No universo de onde viemos não há unidade de tempo. O tempo que passamos, ou passarmos, por aqui só é tempo para nós. Logo, o tempo que você levará para voltar ao seu mundo de origem vai depender de você e de mais ninguém. Nunca se julgue inferior. Sua inferioridade está na sua negligência quanto à sua imunização racional. E só você pode fazer isso por você. Você e mais ninguém.
Quando estiver fora desse minúsculo mundo urbano em que você vive sem o direito de ver as estrela no azul do céu, olhe para elas. Conte-as, se for possível. Depois reflita sobre quantos milhões de quilômetros há entre cada uma das que estão lhe parecendo bem juntinhas. Isso vai levar você a refletir sobre o poder e a incomensurável distância do mundo de onde você veio. E considere que você terá que voltar para lá, não importando o tempo que você ainda ficará por aqui. E até lá, você viverá eternidades, no cansativo ir e vir, até se imunizar com racionalidade. O que tudo indica que é você que tem que dirigir sua vida. Você e mais ninguém. Pense nisso.
*Articulista [email protected]