A quarta-feira sangrenta nos chama à reflexão
A quarta-feira sangrenta, em Boa Vista, quando três homens foram mortos a tiros com claros indícios de execuções por acerto de conta, só nos faz lembrar que a criminalidade tem aumentado diante da imigração desordenada, com uma fronteira que não consegue filtrar quem é de boa índole ou quem é bandido.
Em menos de 48 horas, foram três venezuelanos mortos a tiros. E não custa lembrar que, em agosto de 2019, durante uma investigação sobre o crime organizado em Roraima, um dos presos durante operação policial revelou, em depoimento, que existiriam 740 venezuelanos “batizados” por uma facção criminosa no Estado.
Desde a chegada em massa de venezuelanos já se fazia um alerta de que a criminalidade poderia aumentar diante da ineficiência de se manter um controle sobre a vida preguessa dos imigrantes e a defasagem das forças policiais para fazer frente a essa nova realidade criada pela imigração desordenada.
A cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, foi transformada em um pesadelo, com a violência fora do controle, onde os bandidos estrangeiros que integram uma facção criminosa venezuelana começaram a fazer acordos com membros de facções brasileiras.
Esse intercâmbio entre bandidos das duas nacionalidades parece estar bem estruturado em Roraima, especialmente em Boa Vista, onde assassinatos tornaram-se constantes, a exemplo do dia sangrento de ontem que começou bem cedo, logo pela manhã, no centro comercial mais importante da Capital, no movimentado Caxumbu, que forma um corredor de quiosque.
Problema maior é que não se trata apenas de bandidos se matando em acertos de conta ou queima de arquivos, mas de cidadãos trabalhadores como vítimas da bandidagem, a exemplo de um motorista de aplicativo que foi brutalmente assassinado, revelando o grande perigo que nos ronda diante desse cenário da criminalidade.
O que preocupa sobremaneira é que o crime organizado mostra seus tentáculos dentro da estrutura do poder público. Basta lembrar a Operação Alésia, deflagrada em 16 de dezembro de 2020 pela Polícia Federal, que investiga uma organização criminosa encrustada na estrutura da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de Roraima (Sejuc).
São servidores públicos, pagos pelo contribuinte para cuidar do sistema prisional, sob acusação de participarem de uma organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, peculato, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.
Todos os sinais de que estamos diante de um gravíssimo problema. Esses crimes de ontem e de outros dias não são fatos isolados. Assim como também eles não podem ser dissociados da imigração desordenada. É necessário que a sociedade esteja em alerta sobre isso, especialmente os poderes constituídos.
Quando o crime se organiza e adentra a estrutura do Estado, significa que um novo poder paralelo está sendo estruturado. Os crimes recentes são apenas reflexos de que o pior estar por vir, se providências drásticas e imediatas não forem tomadas para estancar tudo isso.
O tempo urge.
*Colunista