JESSÉ SOUZA

A reconfiguração da engenharia de trânsito como resultado da imprudência

Apesar de Avenida Ville Roy ser bem sinalizada e monitorada, a imprudência é recorrente por lá (Foto: Divulgação)

Depois dos recorrentes acidentes de trânsito, a engenharia de trânsito já vinha sendo reconfigurada em alguns cruzamentos de avenidas importantes no bairro São Vicente, na zona Sul da Capital. Com o mais recente caso, na semana passada, o qual vitimou mãe e filho que estavam em uma moto, ao  colidir com uma caminhonete que avançou a preferencial, o cruzamento das avenidas Surumu e Sebastião Diniz foi definitivamente fechado.

A solução das autoridades municipais foi prolongar o meio-fio na extensão da Avenida Sebastião Diniz, fechando o acesso para quem trafega pela Avenida Surumu, pondo fim aos seguidos casos de graves acidentes que ocorriam por lá, apesar de o cruzamento sempre estar bem sinalizado, com faixa de pedestre bem visível e placas de sinalização.

O cruzamento da mesma Avenida Surumu com a Avenida Benjamim Constant, outro local de recorrentes colisões de veículos, já havia recebido a instalação de uma rotatória, obrigando agora que todos os condutores reduzam a velocidade e atravessem o cruzamento sem riscos de acidentes graves. Outras rotatórias sempre existiram e foram mantidas por aquele setor da cidade, um dos bairros mais antigos da Capital.

Com ruas e avenidas largas, o bairro São Vicente cresceu desde a década de 1970 bem planejado em questão de vias públicas. Apesar de um tráfego não intenso, acidentes graves historicamente ocorreram por lá, mostrando que o grande problema são a falta de atenção e a negligência de condutores não só de carros e motos, como também de bicicletas. A alta velocidade somada à imprudência de condutores avançando a preferencial sempre foram as principais motivações de mortes no trânsito naquelas avenidas.

O bairro São Vicente é apenas um indicativo do que ocorre em outros setores da cidade, onde o despreparo e a negligência de condutores provocam acidentes quase que diários. Na Avenida Major Williams, no bairro São Francisco, na zona Norte, alguns cruzamentos também foram fechados recentemente com a construção de meio-fio, eliminando pontos antes propícios para colisões corriqueiras de veículos.

Infelizmente, por falta de educação e despreparo de condutores, Boa Vista terá que se tornar uma cidade de avenidas onde os condutores terão que andar mais para fazer retornos, como ocorre em Manaus (AM); ou de vários semáforos e de radares eletrônicos que obrigam os condutores a pararem várias vezes durante o trajeto, como ocorre atualmente na Avenida Carlos Pereira de Melo, na zona Oeste, onde antes disso os acidentes eram diários.   

Enquanto o condutor não assumir suas responsabilidades e culpas, e enquanto a sociedade não partir para um pacto de paz no trânsito, com campanhas educativas e de conscientização a partir das crianças, Boa Vista se encaminhará para a cultura do “tranca-rua” ou dos “pardais”; e com os mesmos imprudentes reclamando disso tudo e jogando a culpa somente no outro ou nas autoridades.  

*Colunista

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