JESSÉ SOUZA

Acidente na conta das autoridades e a morosa obra de recuperação da RR-203

Buracos estão por toda extensão da RR-203, a principal estrada do Município de Amajari e que dá acesso à Serra do Tepequém

O capotamento de um carro lotado de pessoas, na tarde de domingo passado, que transitava pela estrada de acesso à Serra do Tepequém, Norte de Roraima, no Município do Amajari, pode ser lançada na conta das autoridades que têm feito pouco caso a respeito da morosa recuperação da malha asfáltica da RR-203. Por pouco não ocorreu uma tragédia, resultando somente em ferimentos, hematomas e muito susto.

Apesar das seguidas denúncias que vêm sendo reverberadas desde que a obra começou, em 2020, as quais seguem até os dias atuais, uma vez que nunca chegou a ser concluída, entre paralisações, abandono por parte da empresa, morosidade e serviços visivelmente de péssima qualidade, os órgãos de controle fazem vistas grossas e o dono da obra, o Governo do Estado, sequer dá qualquer satisfação.

O acidente de domingo ocorreu depois que um dos pneus do carro estourou ao bater em uma das imensas crateras abertas ao longo dos 110Km de estrada. Não foi o primeiro e, devido à situação da obra, os acidentes deverão seguir, além dos riscos, transtornos e prejuízos aos proprietários de veículos. A buraqueira que existe na estrada é consequência direta do trabalho moroso e de baixa qualidade, o qual não passa por qualquer fiscalização.

A recuperação da RR-203 foi iniciada em 30.11.2020, com prazo de conclusão de 365 dias, cujo valor do contrato foi de R$10,2 milhões à época, mas jamais chegou ao seu final. Para se ter noção do descaso, a obra iniciou pela rua principal da Vila Tepequém, trecho urbano da rodovia, cujo asfalto se “derreteu” um mês após o serviço terminado, já nos primeiros meses de 2021, cujo serviço foi refeito quase um ano depois.

Nos demais trechos, os buracos se abriram no asfalto novo desde o início, obrigando a empresa a fazer reparos de tapa-buraco, em remendos intermináveis que nunca resolveram o problema. A situação ficou tão crítica que a primeira empresa abandonou o serviço sem cumprir sequer a metade do contrato, que incluía não apenas recuperação da malha asfáltica, mas também sinalização vertical e horizontal, além de serviço de poda das margens da rodovia.

Após muito tempo paralisada, a nova empresa retomou a obra recentemente. Porém, nos trechos que já haviam recebido serviço de tapa-buraco, entre a Vila Três Corações e a Vila Brasil, a buraqueira já começou a se abrir de novo, com trechos críticos que só pioram com as chuvas, ganhando destaque àquele próximo da entrada para a região do Ereu. Mas os buracos estão por toda parte representando riscos constantes.

Da Vila Brasil até a Vila Tepequém, a obra de recuperação segue, inclusive com paliativos com barro e rejeito asfáltico, mas os buracos começaram a se abrir novamente, mostrando a qualidade duvidável do serviço. Aonde a operação tapa-buraco não chegou, as crateras representam perigo iminente aos condutores, a exemplo do que ocorreu com o veículo que captou no domingo, após o pneu estourar ao bater em um buraco.

Então, diante desse quadro deprimente com a obra pública, só restam os questionamentos: até quando as autoridades irão fazer vistas grossas com este grande descaso? Só irão decidir fazer algo quando vidas forem ceifadas tragicamente em uma tragédia anunciada?

*Colunista

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