As incoerências de Bolsonaro e de seus dissidentes
Sebastião Pereira do Nascimento*
A falta de ligação entre ideias e fatos que condiz com um resultado ilógico e que geralmente vem de pessoas não consistentes, tanto no modo de proceder quanto de perceber as coisas, é algo que leva a falta de solidez e da capacidade de agir eticamente que, por vez, leva a pessoa ter uma vida inteira testemunhada pela incoerência. E a despeito disso, aqui tomamos como exemplos as contradições ou incoerências semeadas por Jair Bolsonaro e seus aliados dissidentes.
No último dia 22, a atriz Regina Duarte, “recuando” do bolsonarismo, fez um gesto de desabafo pelas redes sociais após ser duramente criticada por seguidores bolsonaristas, quando divulgou uma homenagem ao cantor Caetano Veloso, com o mote “Caetano forever”. Com a reação dos sequazes a atriz logo apagou e pouco tempo depois compartilhou outro vídeo do artista e justificou a publicação. “Apaguei o post anterior. Óbvio! Me deu um nervoso tão grande diante da reação da maioria de vocês! Aí, mais calma, decidi voltar!”, escreveu a atriz.
“Caetano forever, sim! Porque sou plural! Porque não costumo misturar alhos com bugalhos! E, porque democracia é isso! Abaixo o fascismo de exigir que todo mundo pense igual! Não é real! Cada um tem todo o direito de ser como quiser!”, esmiuçou a ex-secretária especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro.
Em seguida, Regina ainda desabafou. “Voltei porque quero ser respeitada na minha admiração por este grande artista brasileiro”. “Respeito também vocês que não conseguem mais enxergar valores artísticos em quem pensa diferente politicamente. Polarização de merda! Já sofri muito com isso”, acrescentou. “Já que não tem outro jeito, insisto ainda, não vamos esquecer: democracia é a arte de conviver com a liberdade total de expressão. Está claro? Querem vomitar? Ok! Vomitem à vontade! Eu continuo aplaudindo e me nutrindo da arte de Caetano. Pronto! Falei!”
A partir dessas contradições de Regina Duarte, podemos citar outros nomes também conhecidos que desistiram do governo Jair Bolsonaro: os ex- ministros general Santa Cruz, Sérgio Moro e Henrique Mandetta; os senadores Major Olímpio (PSL), Jorge Kajuru (Podemos); os deputados Alexandre Frota (PSDB), Joice Hasselmann (PSL), Luciano Bivar (PSL), Delegado Waldir (PSL), Janaina Paschoal (PSL/SP); os governadores João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e Wilson Witzel (este último governador cassado do RJ). Todos eles, entre outros milhares que vêm saltando do barco furado, pateticamente disseminavam as cóleras propagadas pelo então candidato Bolsonaro. Hoje desafeto. Mas, ainda que seja por remorso ou por não querer naufragar junto com Bolsonaro, o alto preço que esses ex-aliados vêm pagando faz jus aos danos que ajudaram a causar ao país. E pelo histórico de inconsistência lógica e incoerência moral não são sujeitos confiáveis.
Portanto, é assim que segue a incoerência humana, sob a égide de pessoas dissimuladas e facultas de convicções morais e ética. Há ainda aqueles que vociferam em meio a tanta hipocrisia, destilando seus mugidos tóxicos, não sabendo que cedo ou tarde prestarão contas por suas incoerências. Exatamente o que acontece na atualidade, onde uma avalanche de ex-aliados do Bolsonaro vêm tentando se redimir dos reveses que cometeram em apoiar um déspota para o governo do país.
E por mais que diga que isso é intrínseco da liberdade de escolha, no entanto, essa liberdade deve passar por uma avaliação de consciência onde, do ponto de vista moral, entre as várias alternativas possíveis, é preciso se colocar na posição de cada um, assim como individualmente, e de agir de forma que seja satisfatório para o outro, como se fosse para si mesmo. Isso solidifica o bom caráter que leva o sujeito a exercer atitudes de coerência entre o pensar e o agir – atributos que não foram levados em conta ao fazer a escolha por Bolsonaro, o qual sempre deixou claro o seu pobre entendimento humano, assim como as suas intenções políticas.
Mas se houve incoerência na escolha do candidato, hoje a carga de incoerência celebrada por Bolsonaro é muito maior quando ele prega um discurso e nega a prática, como é de costume. Por exemplo, quando se esquivou de cumprir as ações prometidas antes das manifestações de 07 de setembro – aos olhos de seus pares mais radicais isso foi o máximo da incoerência –, o que culminou com a decepção de uma parte de seus aliados, os quais esperavam Bolsonaro creditar seus discursos feitos às vésperas das manifestações.
Por outros olhares, essa incoerência ou recuou tem uma razão: o medo. O medo do impeachment que poderia ser aberto pelo Congresso e reforçado pelo STF, além do medo de ser desterrado de vez das Forças Armadas, sobretudo pela fraca adesão popular ao movimento, já que o próprio presidente e os organizadores do evento previam milhões de pessoas na rua, ou seja, a falta de apoio maciço da sociedade frustrou imensamente Jair Bolsonaro. Tanto é que no dia seguinte, ainda que afirmando sua incoerência, ele toma outro rumo, desta vez mais equilibrado.
Contudo, ele continua destilando sua incoerência moral, agora falando apenas para sua base de seguidores mais radicais, como bem observado na última reunião da ONU, onde do discurso proferido, apenas 34% das menções foram positivas, enquanto as menções negativas foram de 66%. Menções essas rejeitadas pelo grande público brasileiro e externo. Isso deixa claro que Jair Bolsonaro, definitivamente, foi uma péssima escolha para o Brasil.
Por essas razões e pelos estragos causados ao país e, particularmente, no momento em que as terras indígenas de Roraima vêm sendo severamente atacadas por este governo, deixamos aqui um protesto contra a visita do presidente em Boa Vista. E em nome dos cidadãos de bem desta terra, repudiamos e, negamos, o título de “Cidadão Boa-vistense” e a comenda “Orgulho de Roraima”, concedidos pela Câmara Municipal de Boa Vista e Assembleia Legislativa respectivamente, ao presidente Jair Bolsonaro. Boa Vista não merece um cidadão nem Roraima merece ter orgulho de um governo que, por sua má conduta administrativa e moral, levou a morte de quase 600 mil brasileiros afetados pela covid-19.
*Filósofo, Consultor Ambiental e Escritor. Autor dos livros “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.
A importância da liderança
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Liderança começa com a questão pura e simples da honestidade e da credibilidade”. (Ray Stata)
Foi no início da década dos cinquentas. Eu era adolescente iniciante. Naquele dia assisti, no cinema, a um comercial do lançamento de um dos livros mais importantes que já li. Ele mudou toda minha vida, com o conhecimento das Relações Humanas. Naquela época eu frequentava, diariamente, a redação do jornal “Diário de Natal”, em Natal, no Rio Grande do Norte. Certo dia, quando entrei na redação, o jornalista Ney Marinho de Melo, que éramos muito amigos, falou:
– Afonso, estou terminando de ler um livro excelente. Quando terminar de lê-lo vou trazê-lo pra você.
Dias depois, quando entrei na redação, ele me entregou o livro “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, do Dale Carnegie. Era exatamente o livro da propaganda a que assisti no cinema. O Carnegie publicou esse livro em 1936. Dois anos depois do meu nascimento. Mas foi como se o livro tivesse sido posto no meu berço de nascimento. Desde seu lançamento no Brasil, nunca mais nos separamos. É um dos livros que sempre estiveram nas minhas estantes. Até mesmo quando morei no tapiri, na Confiança I.
Vários outros livros sobre Relações H
umanas nunca faltaram em minhas estantes, desde que conheci o livro, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” Aconselho você a fazer isso. Esse livro ainda continua sendo um dos livros mais vendidos, no mundo. A orientação e ensinamentos que ele dá sobre o relacionamento humano é de uma construção inimitável. Quando o li pela primeira vez, em mil novecentos e cinquenta e dois, foi como se tivesse concluído um curso superior sobre relacionamentos. E não pense que estou querendo ser o dono da cocada preta. Estou só espraiando o sentimento que me invadiu ainda há pouco. Foi quando retirei, sem intenção, o livro da estante, e senti saudades daquele tempo. E me senti feliz por conhecer esse cara.
Seja qual for a sua profissão, seu trabalho, sua tarefa no seu dia a dia, não deixe de conhecer as instruções sobre Relações. Elas são fundamentais para o desenvolvimento pessoal. Nesses quase setenta anos de convivência com o livro “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” e tantos outros do mesmo nível, tornaram-me uma pessoa feliz, pelo fato de entender o relacionamento com as outras pessoas.
Vamos encerrar este papo com um dos pensamentos mais ricos entre os pensamentos do Dale Carnegie: “Em todas as ocasiões, mantenha a mente aberta para a mudança. Receba-a de braços abertos. Corteje-a. Somente através do exame e reexame de suas opiniões e ideias você poderá evoluir”. Pense nisso.
99121-1460