FOLHABV AGRO

Agropecuaristas de Roraima e a Importância da preservação de áreas protegidas

Agropecuaristas de Roraima e a Importância da preservação de áreas protegidas

A preservação ambiental é uma responsabilidade cada vez mais evidente no setor agropecuário brasileiro, especialmente em estados com biodiversidade rica como Roraima. As Áreas de Preservação Permanente (APP) e as Reservas Legais (RL) são componentes fundamentais no equilíbrio entre a produção agrícola e a conservação do meio ambiente, e os produtores rurais têm um papel crucial para garantir a proteção desses

O que são as APPs e RLs?

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são espaços que, de acordo com a legislação ambiental brasileira, devem ser mantidos intocados para garantir a proteção dos recursos hídricos, a estabilidade dos solos e a preservação da biodiversidade. Geralmente, essas áreas incluem margens de rios, encostas, nascentes e outras zonas sensíveis que desempenham funções ecológicas indispensáveis ​​para o ecossistema local.

Já as Reservas Legais (RL) são porções de propriedades rurais que, por lei, devem ser destinadas à conservação da vegetação nativa. No caso da Amazônia Legal, região que inclui Roraima, essa reserva deve corresponder a 80% da área total da propriedade rural, já a região de savana a RL tem que ser de 35%. Isso significa que o agropecuarista tem a obrigação de manter uma parte significativa de seu terreno preservado, com o objetivo de garantir a manutenção dos serviços ecossistêmicos e da biodiversidade.

Utilizando uma analogia, imagine que você comprou uma casa de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), com 1.000 m². Nesse caso, você seria o fiel depositário de uma área correspondente a 800 m², equivalente a R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) do valor total da aquisição. Através da regra, você não poderia construir nada, degradar ou utilizar essa área para qualquer outra função que não seja a preservação. Vale ressaltar que, em caso de incêndio, invasão ou derrubada de árvores, você poderá ser penalizado por tais ocorrências. Já imaginou viver em menos de 20% de sua própria residência? Isso acontece com os agropecuaristas quando somamos as porcentagens das RLs e APPs.

O agronegócio brasileiro é responsável pela manutenção de diversos biomas. Exatamente por isso, ele reserva, por força de lei, grande parte de seu território para a conservação da natureza. Você conhece algum ambientalista que já tenha feito algo de magnitude grande pela preservação ambiental? E, se você conhece, certamente ele faz isso com o auxílio do agronegócio brasileiro. Em Roraima, não é diferente.

Segundo o renomado biólogo brasileiro Richard Rasmussen, em uma de suas palestras realizadas em 2024, em Rondonópolis, ele afirmou: “O que o Brasil conserva hoje equivale a 28 países e, ainda assim, consegue produzir tudo o que produz, sendo um dos líderes mundial na produção de alimentos e exportação”

Em reportagem da revista FORBES, a colunista Carmem Perez intitulou uma matéria com, “O que tem a ver o agro com o corredor da onça”. O projeto onça pintada é um projeto de preservação desse felino incrível, que é um indicador de qualidade ambiental, já que sua presença dá indícios de um ambiente equilibrado e saudável. Atualmente 48% da distribuição de onças pintada no mundo, se encontram no Brasil. Segundo o Instituto Onça Pintada (IOP), liderado pelo também renomado biólogo Leandro Silveira, apenas 10% delas estão em áreas protegidas, 6% em áreas urbanas e 84% em áreas privadas.

Dessa forma, podemos compreender a importância dos produtores rurais para estratégias de conservação da espécie. Por não estar em uma região de grandes centros, o corredor da onça é favorecido geograficamente, como se tivéssemos uma visão aérea. Montamos caminhos para que as onças possam ir e vir. Esse corredor percorre 119 municípios em 06 estados brasileiros. (Trecho retirado da coluna de Carmem Perez, revista Forbes 18/04/2024).

Tudo isso foi dito para que de uma vez por todas você possa entender que o agro, une a produção ambientalmente correta de alimentos, aproveitando cerca de 8% do território nacional, e em Roraima utilizamos cerca de 10% de nosso estado.

A produção de grandes culturas é inviabilizada em casos de fogo, portanto, o fogo é um inimigo natural, fazendo com que produtores protejam 100% de suas áreas, alguns tendo inclusive kits de tratores, caminhões e outros implementos correspondentes aos que os bombeiros utilizam, até realizando treinamento específico de seu pessoal para tal, inclusive em muitas vezes auxiliam órgãos governamentais em combates a incêndios florestais quando solicitado.

O agro roraimense é vitorioso quando expande as áreas plantadas, gerando divisas, empregos e renda para a população. Afinal, assim como é importante preservar, também é crucial produzir, pois tudo o que vai para o prato da população, inclusive para os ambientalistas vegetarianos, vem do agro.

A seguir apresentamos uma tabela retirada do ZEE-RR, ao qual especifica as áreas de Roraima.

Salientamos que, dos 30,8% (projetos de assentamentos e áreas remanescentes), são essas áreas que têm suas APPs e RLs preservadas. Ou seja, esses aproximadamente 31%, preservam-se de 35% a 80% conforme os biomas e APPs. Restam aproximadamente 10% do estado para produção agrícola. Portanto, não há risco de morte silenciosa do lavrado em Roraima devido ao crescimento das áreas plantadas. Fiquem tranquilos, nossos agropecuaristas estão cuidando até das abelhas, como já mencionado aqui nesta coluna, com o caso da Roraimel.

Leia a Folha Impressa de hoje