Jessé Souza
Agua vida e morte 21 01 2015 527
Água, vida e morte Jessé Souza* Se o Ministério Público ou a própria Justiça tinha dúvida da responsabilidade dos gestores da Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer) com a poluição de igarapés, como Mirandinha e Caxangá, além do Rio Branco, que é responsável pelo abastecimento de água potável de boa parte da Capital, então que leiam as declarações do atual presidente daquela empresa, Danque Esbell, enviadas à imprensa. Tudo o que a administração anterior tentava esconder da imprensa está nas declarações daquele gestor. O presidente não apenas confirmou que a Caer lançava dejetos em nossos mananciais de água potável como também apontou a culpa de gestores passados por terem deixado os equipamentos ficarem sucateados, permitindo que o problema ocorresse. Não se trata de qualquer pessoa que deu as declarações. O presidente da Caer é um funcionário de carreira daquela estatal, então tem conhecimento dos fatos. Logo, não está difícil responsabilizar os que tiveram culpa nas constantes ações poluidoras de nosso principal rio, as quais colocaram em risco a saúde da população. Daqui, deste espaço, o alerta vinha sendo dado há tempos sobre a ação poluidora de uma empresa que serviu como cabide de emprego e deixou de cumprir suas obrigações para garantir água de boa qualidade, um sistema de distribuição de água eficiente e de tratamento de esgoto exemplar, uma vez que recursos não faltaram para isso. A sociedade precisa ficar vigilante para evitar que este grave problema se repita, uma vez que Roraima ainda pode ser exemplo de preservação de seus mananciais e de garantia de abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficiente para a população. Não podemos esquecer a realidade do Estado de São Paulo, que enfrenta uma grave crise de abastecimento. Não podemos ficar esperando que os problemas avancem para que as autoridades sintam-se na obrigação de agir. E essa ação começa pela eficiência das ações da Caer, que deve ser uma empresa que dê exemplo com suas ações para evitar poluição e garantir um sistema de distribuição de água e de esgoto de qualidade. As agressões aos igarapés e ao nosso principal rio precisam ser cessadas, principalmente por irresponsabilidade ou incompetência de gestores. E os órgãos fiscalizadores não podem agir com parcimônia com aqueles que teriam e têm a obrigação de evitar esse tipo de problema. A bomba relógio da poluição aos rios e igarapés já foi disparada há tempos, desde a poluição e morte dos igarapés Caranã (na RR-205) e Grande (BR-174). No Caranã, que deságua nos afluentes do Rio Branco, até hoje existem residências lançando esgoto sem tratamento e lixo em seu leito. Não é mais possível aceitar que as autoridades escondam os problemas e os órgãos fiscalizadores fiquem imóveis, sendo engabelados por mentiras oficiais, que se somam à falta de vontade política de agir para fiscalizar e punir os irresponsáveis governamentais. *Jornalista [email protected]