AFONSO RODRIGUES

Ainda não distinguimos a liberdade

“A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa)

Talvez o entrave no desenvolvimento da educação no Brasil, esteja na intenção de bloquear o pensamento do Rui Barbosa. Porque o brasileiro ainda pensa que temos liberdade no voto, e que por isso somos cidadãos. Quando na verdade, nem temos direito à liberdade, nem somos cidadãos. Ainda votamos por obrigação e não por dever de cidadão. A liberdade só há no voto facultativo. E este só há com educação. Talvez por isso não nos eduquem. Qual a faculdade brasileira que educa o universitário para o voto facultativo? Pelo menos eu não conheço alguma. E continuamos a ver a política como um meio de falcatrua. Infelizmente ainda vamos engolir esse sapo por muitos anos. Não vejo nenhum foco de provável caminhada para uma educação que possa nos tornar cidadãos de fato.

Faz mais ou menos umas três décadas que isso aconteceu por aqui. Eu ia saindo do Cartório Eleitoral, aqui em Boa Vista, quando me encontrei com um conhecido, agricultor. Um cara simples, sem nenhum preparo adequado para a política, e que estava na fila para se candidatar a Vereador, pelo seu município. Cumprimentamo-nos, e surpreso lhe perguntei:

– Ué… eu não sabia que você era político.

Ele esboçou um sorriso maroto e respondeu:

– Nem sou. Mas se todo mundo tem direito a essa boquinha, por que eu também não tenho?

Felizmente, para a sociedade, ele não teve mais de alguns votos decepcionantes. Mas, decepcionante para ele, porque para a sociedade do seu município foi uma vitória. Mas a coisa não mudou, em todo o Brasil. E não mudará enquanto o eleitor não entender o quanto ele está sendo usado como marionete de aventureiros que ignoram o pensamento do Gston Bouthoul: “Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. Já tivemos, no Rio de Janeiro, um Vereador que criou uma lei garantindo aposentadoria para os cavalos que trabalhassem com carroças. E isso foi verdade. E o Vereador era um ator famosíssimo da televisão. Vamos acordar e parar de espernear, e apenas nos educarmos para nos conhecer no que somos, e melhorar. Enquanto formos obrigados a votar, sem o direito de escolher o político no candidato, seremos responsáveis pelo pior que temos na política e que deveria ser peneirado no nosso conhecimento. Porque enquanto não melhorarmos, continuaremos títeres, marionetes de nossa ignorância política. Vamos acordar e construir o País que possa realmente nos tornar cidadãos. Mas, vamos fazer tudo para merecermos o que está nos faltando. Pense nisso.

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