Bom dia,

Hoje é segunda-feira (06.09). E os brasileiros e as brasileiras começam uma semana que para muitos é decisiva para o encaminhamento da crise institucional que vem se agravando no país ao longo dos últimos meses. Apoiadores de presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometem levar milhões de pessoas para as ruas amanhã, no Dia da Independência. Sem explicitar com toda a clareza as quais os objetivos que pretendem chegar eles parecem acreditar que o apoio expressivo popular que pretendem expressar nas ruas será suficiente para legitimar qualquer atitude que Bolsonaro tomar para ganhar condições de governabilidade, que lhe foi conferida por quase 59 milhões de votos, mas que até agora, segundo ele próprio, não lhes foi suficiente para dobrar duas coisas: o que ele chama de aparelhamento esquerdista do Supremo Tribunal Federal, e a índole fisiológica dos integrantes do Congresso Nacional.

Na sua diária troca de farpas com alguns dos ministros do STF, Bolsonaro fala que vai reagir dentro das “quatro linhas” da Constituição, sem dizer quem vai demarcar esse campo de jogo. Com apoio de seus seguidores diz ser preciso “sanear” as instituições brasileiras, intuindo que tentará afastar ministros nos quais vê a deliberada intenção de prejudicar o país e seu governo. Na primeira tentativa de afastar um deles, o ministro Alexandre Morais, dentro das “quatro linhas” da Constituição, teve seu pedido de impeachment contra aquele magistrado arquivado pelo ex-aliado, e hoje concorrente, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) arquivado sumariamente. Foi desalentador, que Bolsonaro desistiu a fazer o mesmo contra outro ministro desafeto, o presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que não perde oportunidade de fustigá-lo.

Rigorosamente, poucos se aventuram a predizer o que vai acontecer no Brasil a partir deste 7 de Setembro. O que parece ficar mais fácil de previsão é a falta de condições materiais para a ocorrência de um golpe constitucional, especialista dizem que isso não cabe nas “quatro linhas” da Constituição, o que implica dizer da possiblidade de um ”acordão” do tipo “vamos abaixar a bola de todos e discutir regras de convivência que permitam ao país chegar às eleições de 2022 em condições de normalidade minimamente institucional. O problema é saber se os contendores querem isso, e nesse caso, fica difícil prever o desenlace da crise. Vai ser preciso deixar as ondas baterem contra o rochedo para se saber o tipo de espuma que sairá. Só para lembrar o habilidoso Tancredo Neves.

DIFERENTES

O programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, da Rádio Folha, entrevistou ontem, Geilson Bolsonaro – um dos organizadores locais do movimento de amanhã-, e Pedro Nardes – membro da comissão nacional de organização daquele evento, que apesar de afinados politicamente, divergem quanto aos resultados da mobilização. Deilson – que usa o sobrenome do presidente devidamente autorizado-, entende que o movimento popular dará ao presidente as condições materiais para que ele adote qualquer providência para acabar com a crise. Nardes – um produtor rural gaúcho, irmão do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), que está morando em Roraima desde 2017-, diz que o movimento popular vai durar até que seja feito o saneamento do poder judiciário brasileiro.

DOCUMENTO

Pedro Nardes disse a Rádio Folha que na quarta-feira, 08.09, a liderança nacional do movimento popular – que pretende reunir até dois milhões de pessoas na Esplanada dos Ministérios-, vai entregar ao presidente do Congresso Nacional, o senador mineiro Rodrigo Pacheco (DEM), um documento onde estarão fixadas as exigências de medidas para sanar a crise institucional do país. Eles, os líderes do movimento, não são muito otimistas quanto à reação de Pacheco, por isso estão dispostos a manter a população nas ruas, inclusive com o bloqueio de rodovias por parte dos caminhoneiros, até que seja adotada a solução. Eles não dizem por quais meios.

APRESENTAR-SE-Á

Um dos líderes de caminhoneiros paulistas, Marco Antônio Pereira Gomes, conhecido por “Zé Trovão” que teve sua prisão preventiva decretada pelo ministro do STF, Alexandre Morais, disse que vai se apresentar à Polícia Federal no próximo dia sete de setembro, dia das manifestações de ruas em apoio ao presidente Jari Bolsonaro. A informação foi dada a Rádio Folha FM 100.3, pelo empresário rural Pedro Nardes, um dos organizadores nacional do movimento. “Ele vai se apresentar, e não entregar-se, afinal, não cometeu qualquer crime que justificasse sua prisão”, disse Pedro Nardes. Zé Trovão, ativo militante de redes sociais, teve sua prisão decretada por Morais a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a acusação de estimular o uso da violência nas manifestações do 7 de Setembro.

SEM FECHAMENTO

Os organizadores locais do movimento de 7 de Setembro garantem que a BR-174 não será bloqueada por caminheiros a partir de amanhã, terça-feira. Entre as razões para que nossa principal rodovia, que dá acesso a Boa Vista do lado Sul, não seja interditada é que a safra de grãos, que este ano baterá o recorde de área plantada podendo chegar a 110 mil hectares, está em plena colheita. Os empresários rurais estão entre as principais forças políticas que apoiam o governo de Jair Bolsonaro.