JESSÉ SOUZA

Amazônia precisa de ações efetivas e permanentes, a exemplo do que vem ocorrendo

Bases de apoio para operações contra o garimpo ilegal permitiram ações mais efetivas dentro da Terra Yanomami (Fotos: Divulgação)

O balanço divulgado pelo Governo Federal sobre as ações de combate ao grimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami mostram que, quando há vontade política, é possível enfrentar os problemas que desafiam o país. No governo passado, foi colocada em prática uma intensa e permissiva política de invasão não apenas ao território Yanomami, mas a todas as terras indígenas do país.

Conforme o relatório referente ao mês junho passado, foram realizadas na Terra Yanomami 226 operações de combate ao garimpo ilegal, cujas ações resultaram em uma série de apreensões e destruições de equipamentos utilizados pelos invasores. Foram destruídos 6.159 litros de óleo diesel e 11 motores, além de 3.000 kg de cassiterita inutilizadas no próprio local.

A lista inclui ainda três helicópteros inutilizados, incluindo um modelo Bell 206 L4, juntamente com um quadriciclo, dois aparelhos de celular e uma pista de pouso clandestina. As operações também desmantelaram cinco acampamentos, um deles equipado com cozinha e três freezers, além de duas antenas Starlink e uma balsa.

“O Navio Patrulha Fluvial Amapá realizou patrulhas navais e controle fluvial na Foz do Rio Catrimani, garantindo a segurança dos Yanomami que sofrem com a presença do garimpo nessa região”, divulgou o governo. “Essas ações não apenas interromperam as atividades ilegais, mas também reduziram significativamente a capacidade dos garimpeiros de operar na região”.

Conforme a Casa de Governo, instalada em Boa Vista, houve diminuição drástica nos alertas de garimpo na Terra Yanomami, registrando uma queda de 73% no número de alertas de garimpo na região, com ações de monitoramento utilizando tecnologias avançadas, como imagens de satélite, que permitem uma vigilância constante e precisa das áreas vulneráveis.

Também em junho, as Forças Armadas instalaram bases de apoio para operações contra o garimpo ilegal nas comunidades Pakilapí e Kayanaú, as quais são imprescindíveis para dar suporte logístico às operações de combate, tornando-se pontos estratégicos para ações de fiscalização e repressão, com infraestrutura necessária para a execução das operações.

O relatório assinala ainda que imagens de satélite de alta resolução permitem a identificação de áreas de desmatamento e atividade garimpeira proporcionando uma visão detalhada do terreno e das operações clandestinas. Além disso, a integração de dados de inteligência e o uso de softwares de análise geoespacial ajudam a planejar e executar as operações de combate de forma mais eficiente.

As operações permitiram que o Exército fizesse, em junho, 2.950 abordagens, 48 prisões, 17 embargos e 383 aeronaves fiscalizadas, bem como a inutilização de 34 embarcações, 15 aeronaves, 157 acampamentos, 446 motores, 62 mil litros de combustível, além da apreensão de 30 armas, 22 antenas de internet e 17 mil litros de combustível.

Os dados permitem mostrar o que deveria estar sendo feito há muito tempo como ação efetiva e definitiva não apenas contra o garimpo ilegal, mas para manter a presença constante do Estado nessas áreas remotas da Amazônia, onde não apenas o garimpo ilegal se instalou, mas também outras ações criminosas, o que permitiu o surgimento do narcogarimpo que hoje aflige Roraima como herança do garimpo ilegal.

Em vez de oficiais das Forças Armadas estarem tramando golpes, articulando desvio de joias ou buscando altos salários, os militares deveriam estar ocupando áreas estratégicas na Amazônia brasileira, a exemplo do que está ocorrendo neste momento. Afinal, a grande ameaça à soberania brasileira não está em invasão estrangeira, invasão nas fronteiras e atos integristas, mas o fortalecimento do crime organizado por meio do narcogarimpo.

*Colunista

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