Jessé Souza
And the Oscar Goes To 07 11 2014 250
And the Oscar Goes To… Jessé Souza* O caso de Roraima é surreal. Dá um filme digno de Oscar. Até o mocinho é bandido. O filme pode começar pelo túnel cavado pelos presos na Penitenciária, que decidem destruir o presido na mesma hora em que a Justiça Eleitoral anunciava o resultado do segundo turno da eleição, pleito este que foi cercado por inúmeras denúncias de corrupção eleitoral. A Penitenciária destruída é o foco de toda violência que aterroriza a cidade, sitiada por assaltantes foragidos e foragidos assaltantes. Lá dentro quem manda é o crime organizado. E lá fora, na cidade, que manda são os bandidos foragidos, acossados por uma Ronda no Bairro que consome milhares de reais de um governo no buraco. Embora o túnel cavado pelos presos tenha sido tapado, gerando uma onda de violência no presídio, o buraco cavado no governo desmorona ainda mais. E as máfias agem na saúde pública, no órgão fundiário, no órgão previdenciário e no órgão educacional. Enquanto o presido foco de tensão é sitiado por gente da Força Nacional de Segurança, agentes da máfia governamental tentam saquear os últimos recursos disponíveis nos cofres do governo. Ao perder eleição para um grupo cujo líder responde a dezenas de processos, o governo fica à deriva, sem saber que rumo tomar. Nesse meio tempo, um forte senador tenta de todas as formas se apoderar do Estado. Mesmo perdendo a eleição, tem empresas, montou mineradora, é proprietário de veículos de comunicação e tem fortes influências em Brasília, lá aonde as pessoas “vão com o diabo ter”. Na TV, em cadeia nacional, passa a novela Império, cujo imperador é dono do Monte Roraima, de onde brotam diamantes. Mesmo não tendo qualquer relação com o Estado onde ocorrem as cenas principais do filme sobre Roraima, o folhetim global serve para ambientar o clima surreal. Depois de perder as eleições, o governador é cassado pelo Pleno formado por homens e mulheres togados e ninguém sabe quem assumirá. O povo fica sem entender, pois o segundo colocado que poderia assumir é “ficha suja”; e o próximo, na sequência, o presidente do Legislativo, também é “ficha suja”. E tudo isso acontecendo antes do Natal e Ano Novo. E com a prefeita da Capital curtindo férias em Paris, bebendo dos mais caros champanhes. Enquanto isso, os bandidos continuam assaltando e aterrorizando na cidade. Os presos sem túnel revoltados na Penitenciária e prontos para uma rebelião. O governo à deriva, com governador cassado e sem saber quem assumirá o Palácio. E os servidores com salários atrasados. Então os zumbis começam a sair dos túmulos no Dia dos Finados, de onde brotam sacolas de dinheiro de boca urna que estavam enterrados. O dinheiro está contaminado com vírus mutantes que transformam quem pegar nas cédulas em zumbis. E um meteoro se aproxima da Terra ameaçando escurecer os céus por seis meses. O senador tenta a última cartada para dominar a terra devastada, pois ele sabe que dos cofres brotam dinheiro… E quem quiser que conte o final deste filme. Porque eu vou bem ali ser feliz e cuidar da minha vida! Bom final de semana. *Jornalista [email protected]