Jessé Souza

Apesar de tudo o que ja ocorreu na pandemia eleitor ainda nao aprendeu a licao 13254

Apesar de tudo o que já ocorreu na pandemia, eleitor ainda não aprendeu a lição

Jessé Souza*

A explosão de casos de coronavírus por causa da variante Ômicron, neste inicio de ano, que por coincidência é ano eleitoral, tem mostrado que os políticos não estão preocupados em adotar a saúde pública como prioridade absoluta. O que queremos no futuro em relação à segurança na saúde pública para garantir que estaremos bem e que teremos atendimento para sobreviver a esse e a futuros vírus?

Nos municípios do interior, é possível perceber que nenhum administrador tomou como prioridade a estrutura do atendimento básico de saúde, que é o local onde primeiro se enfrenta o coronavírus a fim de impedir que a pessoa tenha seu quadro agravado e, por consequência, seja obrigada a buscar um leito no hospital e de lá sair enrolado em uma lona preta direito para o necrotério.

Nas eleições municipais passadas, os candidatos a vereador e a prefeito sequer colocaram em suas propostas a questão da saúde pública e a estruturação do sistema básico de saúde, o qual ficou comprovado que é primordial para enfrentar não apenas o avanço da pandemia, mas também de outras doenças que evoluem justamente por causa da falta prevenção e do diagnóstico precoce.

Na Capital, a Prefeitura de Boa Vista historicamente havia deixado de investir no atendimento básico, sem estruturar os postos de saúde. No início da pandemia, a questão chegou a um nível tão critico que a Prefeitura demorou a agir, enquanto os médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) mandavam os pacientes de volta para casa, porque sequer haviam kits para testagem, obrigando as pessoas a irem direto para o Hospital Geral de Roraima (HGR).

O tempo passou, lições foram tiradas com o avanço da Covid-19 e chegamos ao terceiro ano de pandemia com novas variantes e uma nova onda da doença. Mas as autoridades continuam fingindo que está tudo bem e, com a campanha eleitoral anteciipada, os pré-candidatos sequer tratam do tema em suas propostas apresentadas ao eleitor. Foram poucos (ou nenhum) os candidatos que verdadeiramente mostraram-se preocupados com a saúde pública nas eleições passadas.

O descaso com o tema é tão grande, que nas pesquisas contratadas pelos políticos, visando as eleições deste ano, a saúde ou a pandemia não é citada em nenhum questionamento dentra da extensa pesquisa de quase três folhas que avaliam os políticos. Sequer há uma pergunta direcionada à Covid-19 nem à vacinação.

Aqui está a grande questão: o eleitor deveria estar muito preocupado com isso, pois está em jogo não apenas o bem-estar de seus familiares, mas especialmente a sobrevivência de todos daqui para frente, uma vez que ninguém está livre do vírus e de enfrentar o descaso do setor público quando adoecer, correndo sérios riscos de, a qualquer momento, sucumbir à doença.

Enquanto muitos eleitores continuam não ligando para a questão da saúde pública como um caso de sobrevivência, desde o início da pandemia haviam políticos metendo a mão nos recursos destinados para o combate ao coronavírus, sendo o principal deles o caso do senador flagrado com dinheiro na cueca durante uma operação da Polícia Federal.

É preciso entender que a nossa vida está em jogo e que os políticos não estão interessados em considerar isso. Um novo ano eleitoral chegou, com a pandemia em novo pico, mas os políticos só estão pensando no voto e nos recursos para fazer suas campanhas eleitorais. E parece que, novamente, o eleitor mostra-se apático, sem cobrar dos políticos e dos governos prioridade na saúde pública.

Basta lembrar que os postos de saúde continuma sem conseguir atender a população de forma digna, e os hospitais, já sobrecarregados devido a uma nova viarante, está com as cirurgias eletivas suspensas. E o eleitor deixando inclusive de se indignar, enquanto outros fazem rifas e vaquinhas virtuais para tratamento de saúde fora do Estado ou para fazer cirurgias simples que estão sendo negadas nos hospitais públicos.

O que ainda é preciso para a população cair na realidade?

*Colunista