LETRAS SABOROSAS

Aprenda uma deliciosa receita de tomate confitado

Aprenda uma deliciosa receita de tomate confitado

Receita do Dia

Por Renata Guirau da Oba Hortifruti

INGREDIENTES:

500g de tomate-cereja

150ml de azeite de oliva

02 dentes de alho em lâminas

5g de sal

5g de açúcar

Pimenta a gosto

Folhas de manjericão e alecrim a gosto

MODO DE PREPARO:

Corte os tomatinhos ao meio e reserve. Pegue uma assadeira e coloque metade da quantidade de azeite, os tomatinhos e os temperos. Mexa bem e acrescente o restante do azeite. Leve ao forno pré-aquecido em 200º C por 45 minutos e mexa de vez em quando para não secar os tomates. Após esse período, retire do forno, espere esfriar e coloque em um pote de vidro.

Os tomates duram até 15 dias na geladeira.

Dica Letras: Essa conserva é super prática e pode servir como molho de uma carne, de massa ou até para uma bruschetta ou torrada. E para quem quer ganhar um dinheiro extra também.

O QUE É SOFT POWER OU GASTRODIPLOMACIA?

Um termo relativamente novo, que vem sendo utilizado e exercido por diversos países desde 2002, mas que venho observando a utilização pelo governo brasileiro desde o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) com a contratação da chef gaúcha Roberta Sudbrack, que servia pratos típicos com ingredientes da culinária brasileira para os chefes de estado convidados do presidente.

Mas, segundo alguns livros, a gastrodiplomacia ou diplomacia gastronômica se define como “a prática de governo de exportar sua herança culinária nacional como parte de um esforço de diplomacia pública” ou ainda “uma forma de promover a cultura e a diplomacia através da comida”. Consiste em utilizar a gastronomia como ferramenta para fomentar a cooperação internacional e o diálogo entre culturas.

A gastronomia pode exercer Soft Power demonstrando que possui a capacidade de mudar de forma indireta a percepção internacional sobre um país e a sua participação no comércio internacional.

Mas o que é Soft Power?

O professor Américo Alves de Lyra Junior, do curso de Relações internacionais da UFRR, disse que Soft Power ou Poder Brando, que em tradução livre para a língua portuguesa, representa a atividade política de um Estado nacional influenciar outros Estados a partir da cultura. É válido posicionar que, no cenário internacional, países buscam o poder para fazer valer seus interesses

A culinária é utilizada como ferramenta de diplomacia há milhares de anos, pois a comida pode ser a maneira mais acessível que um país possui para apresentar seus valores e sua história, sendo um atrativo cultural e turistíco.

Somente recentemente alguns países começaram a fazer uso em programas governamentais com o objetivo de expandir a sua culinária e seus ingredientes como forma de expressão cultural para atrair estrangeiros e impulsionar  o turismo e a economia. 

A Tailândia foi o primeiro país a utilizar a gastrodiplomacia com o objetivo de difundir a culinária do país, expandindo o número de restaurantes tailandeses no mundo e incentivando o turismo. O programa Global Thai propagou os alimentos do país, dados de 2016 contam com aproximadamente 15 mil restaurantes espalhados pelo mundo.

O Peru é um grande exemplo da América Latina. Em 2007, o chef Gastón Acurio fundou a APEGA – Sociedade Peruana de Gastronomia, e conjuntamente com o governo do país, lançaram inúmeras ações por meio do programa “La gran cocina peruana” que dava destaque aos pratos como o ceviche (patrimônio cultural do país), e de seus produtos como as pimentas (ajis), variedades de milho, grãos como quinoa e chia, a bebida nacional Pisco, entre outros.

A valorização da sua cultura alimentar para sua população e para turistas iniciou através da maior feira gastronômica da América Latina, a Mistura, que foi lançada em 2008 e teve sua ultima edição em 2017.

BRASIL EM SABORES

A partir de conversas entre os chefs Paulo Machado (MS) e Morena Leite (BA) e junto com o chefe da divisão de ações de promoção da cultura brasileira no Itamaraty, Adam Jayme, em 2022 nasceu o projeto BRASIL EM SABORES que pretende trabalhar a cozinha brasileira nas mais de 100 embaixadas brasileiras no mundo. Foram nomeados cinco chefs de cozinha, de cinco regiões brasileiras, que promoveram durante os anos de 2022 e 2023, a nossa culinária nos cinco continentes. Os Embaixadores Gastronômicos que representam as regiões são: Morena Leite (nordeste); Paulo Machado (centro-oeste); Janaina Rueda (sudeste); Saulo Jennings (norte) e Manu Buffara (sul).

Já foram executadas algumas ações em diversos países como: Peru, Turquia,  África do Sul, Japão,  Nova York, Austrália, Itália e França.

A idéia é que cada Embaixador regional convide um representante de cada estado e que esse nomeie pelo menos cinco, para que seja formada uma teia com mais de 200 cozinheiros de todos os estados brasileiros.

O Instituto Capim Santo (ICS) está a frente da coordenação desse projeto junto ao Itamaraty. E o Instituto Guimarães Rosa (IGR), que é uma unidade do Minisitério das Relações Exteriores, e que é voltado para elaborar as diretrizes de política externa brasileira no âmbito das relações culturais e educacionais, trabalha em conjunto com o ICS na promoção da gastronomia brasileira.

Em maio de 2023, o jornalista Roberto Smeraldi e o chef Saulo Jennings, apresentaram o documento “ Soft Power, Gastronomia e Amazônia” visando a COP 30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças  Climáticas, que será realizada em novembro de 2025, na cidade de Belém, Pará. Eles pesquisaram como os conceitos de soft power e a gastrodiplomacia foram utilizados por países em desenvolvimento para alavancar o setor e também fortalecer a imagem no exterior. E além dos conceitos, mostram alguns dos exemplos já citados. Esse estudo traz um pouco do que foi feito por cada chef de cozinha e pesquisador gastronômico nos últimos anos para divulgar e fortalecer a gastronomia amazônica, e tem algumas propostas de ações para a gastronomia amazônica.

O estudo pode ser baixado através do site: https://amazonia2030.org.br/soft-power-gastronomia-e-amazonia/

Finalizo com um exemplo da gastrodiplomacia que aconteceu em dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante o evento da COP 28. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Janja da Silva, ofereceram um jantar temático da Amazônia à chefes de Estado e suas comitivas. Chamado de “Amazônia: uma experiência imersiva”, o evento contou com apresentações de artistas brasileiros, decoração temática e um jantar amazônico com um menu assinado pelo chef “tapajônico” Saulo Jennings, do restaurante Casa do Saulo, em Santarém. No cardápio foi servido tacacá,  salada santarém com feijão manteiguinha, Pirarucu assado, risoto com pirarucu defumado e creme de cupuaçu.

Espero que tenhamos muito mais encontros diplomáticos saborosos do Brasil pelo mundo a fora.