JESSÉ SOUZA

Arrastão no 13 de Setembro é resultado das seguidas omissões das autoridades

Avisos e alertas sobre o avanço da imigração desordenada venezuelana nunca faltaram às autoridades (Foto: Divulgação)

Segunda-feira pela manhã, uma família com pelo menos quatro crianças ocupava a calçada em frente ao Supermercado Norberto, no bairro São Vicente. Para quem não mora mais na Capital, um cenário no mínimo impactante. Aos que vivem a realidade local diariamente, apenas mais uma cena dentro do contexto da chegada diária de venezuelanos ao Estado.

Avisos e alertas sobre o avanço da imigração desordenada venezuelana nunca faltaram às autoridades – e não é de hoje. A cada dia aumenta o número de famílias estrangeiras dormindo na calçada dos comércios e canteiros no entorno da Rodoviária Internacional de Boa Vista ou nos bairros vizinhos, especialmente 13 de Setembro e São Vicente, zona Sul da cidade.

O que era previsível acabou ocorrendo na mesma segunda-feira da cena narrada no início do artigo, só que na parte da noite: um grupo de venezuelanos fez um arrastão em frente a um supermercado no 13 de Setembro, o bairro mais impactado pela imigração em massa por dois principais motivos.

O primeiro deles é que o 13 é o ponto de referência dos estrangeiros que chegam, pelo fato de lá estarem localizados o ponto de acolhimento de venezuelanos para quem precisa buscar uma vaga nos abrigos, a sede da Polícia Federal, onde os estrangeiros precisam se regularizar, e a rodoviária, cercado por espaço público amplo utilizado para acampar ao relento por quem não tem onde ficar.

O segundo motivo é que o 13 está dominado por uma facção venezuelana, que estabeleceu pontos de venda de droga e mantém uma disputa de território na base da violência bruta, em que quem desafia esse poder paralelo é executado de forma cruel, com corpos esquartejados e desovados em via pública para que todos vejam.

Os ingredientes do cenário tenebroso estão lá, sob a omissão do poder público, especialmente da Segurança Pública, que nunca fez questão de retomar o controle daquele bairro, localizado em uma área onde não há rotas de fugas, a não ser se for pelo Rio Branco, e onde entradas e saídas são fáceis de serem controladas, inclusive um dos trechos está sob domínio do Exército.

Seria preciso também retomar o domínio dos abrigos, onde coisas muito estranhas estão ocorrendo, mediante um pacto de silêncio lá dentro, uma vez que a facção venezuelana impõe suas leis, sob a omissão de quem é responsável pela segurança, os militares do Exército, os quais parecem também submetidos a este pacto de silêncio – não se sabe em que circunstância.  

Se não houver uma ação planejada das autoridades de Segurança, em conjunto com forças federais e o próprio Exército, a tendência é a situação piorar ainda mais. O arrastão da noite de segunda-feira foi apenas o alerta no seu mais alto grau, mostrando que a Segurança Pública roraimense nunca esteve preparada para o cenário que se desenha há anos com o aumento da imigração.

O bairro 13 de Setembro há tempos está sob o domínio de criminosos venezuelanos e vive o severo impacto da violência e do aumento da pobreza, sob a lentidão ou omissão das autoridades, que não conseguem sequer manter o Estado sob controle sem a ajuda da Força Nacional de Segurança. É muita propaganda nas mídias sem que se veja resultados na prática, em que a crônica policial diária mostra uma onda de criminalidade, inclusive com tiroteio em praça pública.

Já se sabe que a Operação Acolhida não consegue mais abrigar os venezuelanos em quantidades suficientes para evitar o caos na Capital. Significa a necessidade de uma intervenção imediata do Governo Federal, em conjunto com as autoridades locais, as quais sempre se esquivaram do problema. O momento crucial chegou. E ninguém pode dizer que não estava sabendo.  

*Colunista

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