ERROS EM SÉRIE
Linoberg Almeida*
O lado ruim de ser um bom observador é que acabamos enxergando coisas que muitos não veem. Ruim? Darwin, aquele de A Origem das Espécies, dizia que bons observadores precisam ser bons teóricos. Só que teoria sem prática transformadora não resolve. A origem de muitos problemas que vivemos hoje não está num decreto; somos reféns de muita bola fora na gestão da crise.
Nunca tivemos ações efetivas de testagem em massa da população boa-vistense, como parte de um programa modelo de rastreamento e controle, bem como georreferenciar casos bloqueando cadeias de transmissão. A testagem informaria número de infectados e direcionaria a tomada de decisão sobre medidas de restrição. Talvez não impedisse mortes, mas reduziria o bate cabeça que vimos muitas vezes nestes 12 meses.
Preferiu-se copiar soluções toscas vistas por aí como reduzir frotas de ônibus. Menos veículos, eles passam lotados, gente aglomerada, atraso de vida… Mesmo com redução de usuários é nessas horas que a definição de mobilidade urbana deve vir à tona. Reduzir possibilidades de contágio é fazer com que aqueles que não têm o privilégio do “fique em casa” no horário comercial sigam a vida sem ter no busão ou lotação um vetor de contaminação.
O mesmo vale para as filas de bancos, lotéricas, onde a espécie humana se aglomera na incapacidade de instituições de lucros altíssimos melhorarem a velocidade e qualidade do atendimento. Vista grossa de poderes públicos e privados que fazem de conta que antes do vírus não tinha lei que limitava tempo de espera, o que nunca foi respeitado.
Ao invés de propaganda que alerta população sobre a diferença de responsabilidades entre estado e município na saúde teria sido melhor integrar o atendimento ao paciente, valorizar profissionais e estruturas da atenção primária com estratégia de saúde da família eficiente (alimentada com dados de testagem), se antecipar na compra de vacinas (inclusive em consórcio de cidades), ter diálogo esclarecedor com população, gerando o exercício pleno da cidadania. E quando não há diálogo, advertências, multa…
Ao invés do governo vigiar as pessoas, as pessoas poderiam estar vigiando o governo se a cidade fosse uma sala de aula e com o tempo aprenderíamos melhor o que é cidadania. Não se viu por essas bandas soluções de crédito para empresários em crise, nem transferência de renda para grupos vulneráveis, programas de empreendedorismo para a retomada, ou descontos agressivos ou isenções de taxas/ tributos que salvariam negócios e vidas.
Num cenário de mais dúvidas do que certezas, 1100 mortes ao nosso redor, gente interessada em impunidade aos de imunidade, diversas tragédias sociais, precisamos de gestores capazes de acolher, dar a mão, explicar, dar solução e não afundar nossa gente em desilusão. Imagine quem foi parar na informalidade, quem empreende com contas chegando ter de ouvir que o vírus escolhe hora para contaminar depois de um ano a lamentar. Enquanto isso, a feira livre, a festa bomba, a fila anda, a fome consome por não termos gestão de crise por essas bandas.
*Sociólogo e professor da UFRR
FRATERNIDADE E DIÁLOGO: COMPROMISSO DE AMOR
Maikel Ronqui*
Resolvi procurar no Google a palavra “diálogo”. Logo saltou aos olhos, no primeiro item de resultado: substantivo masculino. Interação entre dois ou mais indivíduos, colóquio, conversa. Já a etimologia da palavra nos sugere algo a mais. O termo tem sua origem no grego: diá – logos, que significa “através da Palavra”. Podemos falar, portanto, que diálogo é o encontro entre duas ou mais pessoas através da palavra.
Palavra não é somente a junção de signos e significados. “Logos” significa a verdade mais profunda de uma pessoa, portanto dialogar é doar-se, entregar-se a partir de seu núcleo mais profundo e verdadeiro. Atualmente vivemos em um contexto cada vez mais individualista e polarizado, por isso, manter o diálogo não tem sido uma tarefa fácil.
Uma das posturas mais bonitas que podemos ter é a prática da alteridade, a arte de se colocar no lugar do outro. Mas não apenas um imaginar-se no lugar do outro, e sim, colocar-se mesmo, com empatia. Ao escutar atentamente e acolher a realidade do próximo, não significa que perderemos nossa identidade, ao contrário, seremos mais verdadeiros conosco.
Às vezes parece que temos medo de ouvir o outro ou de nos colocarmos em seu lugar. Medo de nos contaminar com verdades ou pontos de vista diferentes. Ainda bem que somos tão diferentes! Já imaginou como seria um mundo de iguais? Pois é, não precisamos imaginar, basta acessarmos nossos grupos e comunidades nas redes sociais, por lá, só os iguais são aceitos e permanecem. Por isso, para além destes espaços, é preciso olhar para a beleza do diferente, para a beleza do mundo, e encontrar no outro aquilo que nos completa e que nos torna mais humanos.
A paz é nosso horizonte, contudo, quando falamos em diálogo, não podemos perder de vista a dimensão profética. Pois, tão bonito quanto parar para ouvir e se colocar no lugar do outro é denunciar as injustiças sociais bem como tantas outras formas de violência, e agir para o bem comum.
A Campanha da Fraternidade 2021 nos alerta para a necessidade urgente de diálogo e busca pela paz. Para nós, Cristo é nossa paz. A paz verdadeira só encontraremos quando pararmos de olhar para o fundo da nossa caverna e encararmos com olhar amoroso a realidade do mundo que nos cerca, afinal, Ele está no meio de nós.
*Especialista em Gestão escolar e coordenador da Pastoral do Colégio Marista Paranaense
NÃO FALTA TEMPO
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Não diga que não tem tempo suficiente. Você tem exatamente o mesmo número de horas por dia de que dispuseram Helen Keller, Pasteur, Michelangelo, Madre Teresa de Calcutá, Leonardo da Vinci, Thomas Jefferson e Albert Einstein.” (Jackson Brown Jr.)
É bem verdade que a astrologia já nos diz que o dia hoje não tem mais vinte e quatro horas. Que não ultrapassa mais de dezessetes horas. No que acredito plenamente. E também que estamos nos enganando, pensando que a correria no dia a dia fica por conta da tecnologia. Quando na verdade deveríamos prestar atenção à inclinação do eixo da Terra. Os relógios continuam os mesmos, medindo da mesma forma. Vá pensando nisso e se preparando para viver cada minuto, legal e ordenadamente.
Todos nós temos uma tarefa importantíssima para o desenvolvimento da humanidade. Afinal, somos humanos. E cada um de nós tem sua tarefa que deve ser cumprida. Simples pra dedéu. Nada é tão complicado que não possa ser resolvido. Então não fique encucado ou encucada. Leve a vida na brincadeira séria, e tudo dará certo. O Thomas Edson já disse que quando errava não errava, aprendia como não fazer. E é assim que vencemos os obstáculos.
Calma cara, e não procure fazer de sua vida um campo de guerra. A luta renhida faz parte do desenvolvimento. E a ginástica e os exercícios que devemos fazer vêm da nossa mente. O importante é que saibamos usá-la. E ela não se cansa. E você já sabe que toda força de que você necessita para vencer a luta, está na sua mente. E por isso, seja qual for o problema, você não deve ficar parado e olhando para o bico do seu sapato. Quando o problema chegar levante a cabeça.
Ontem faleceu, em São Paulo, a mãe do marido de uma das minhas sobrinhas. O Juraci é um dos maiores e admirados amigos que tenho em Sampa. À noite liguei pra ele e admirei-me com a sua postura. Eu sabia do amor e dedicação que ele tinha pela sua mãe. E do quanto ele se dedicava à saúde dela. Mas admirei que ele não e
stava abatido. O sentimento era forte, mas a resistência era maior. Porque a vida é assim. Às vezes nossa ida é compensadora.
Já estamos chegando ao final de mais um mês. E como foi o seu mês passado? Espero que você tenha aproveitado cada momento dos dias vividos. E que continue nessa caminhada vitoriosa. Porque um dia nos separaremos temporariamente. Porque vivemos num eterno ir e vir. E por isso não devemos perder retalhos do precioso tempo que temos na vida. Vamos sempre em frente. O horizonte fica lá na frente, e é inatingível. Mas é rumo a ele que devemos caminhar. Mantenha seu otimismo e você não se cansará da vida. Pense nisso.
*Articulista – Email: [email protected] – Telefone: 95-99121-1460