As máscaras caem, revelando quem são os grande vilões na questão energética
Jessé Souza*
A verdade pode demorar, mas sempre ela emerge de alguma forma. O procurador de justiça do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), Edson Damas, deixou bem claro ao afirmar que os indígenas Waimiri-Atroari nunca foram empecilho na negociação para liberar a construção do Linhão de Tucuruí entre os estados de Roraima e Amazonas.
Embora o procurador tenha dito que o grande problema seria a “burocracia estatal”, talvez para não se indispor com políticos, é sabido que as autoridades sempre quiseram atropelar os entendimentos e passar por cima dos povos indígenas, especialmente no atual governo, que chegou a mentir ao anunciar o início das obras.
O mesmo empenho dos aliados do governo Bolsonaro no Congresso, incluindo boa parte da bancada federal de Roraima, para liberar o garimpo em terras indígenas nunca foi o mesmo para se chegar a um acordo para resolver a liberação das obras de Tucuruí, a fim de interligar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e resolver de vez a insegurança energética do Estado.
Até os parlamentares estaduais se mobilizaram para aprovar rapidamente a “lei do garimpo”, a qual foi tratada com prioridade absoluta pelo autor do projeto, o Governo do Estado, enquanto nunca mostraram interesse em se mobilizar com a finalidade de cobrar o fim do impasse sobre o linhão dentro da terra indígena. Só aí dá para perceber o nível de prioridade de nossas autoridades.
O procurador Edson Damas afirmou que é o Estado que demora para tomar decisões, mostrando um desleixo ao tratar da questão, além da troca constante de autoridades, enquanto os indígenas decidem de forma rápida. O resultado desse descaso, dos interesses obscuros e da ânsia de tentar passar por cima dos indígenas é o que estamos vivenciando na questão energética.
E ainda existe a manipulação de informações levadas para a opinião pública, que tenta fazer a população acreditar que os indígenas são o grande obstáculo, na mesma medida em que tentam liberar o garimpo ilegal e retirar os direitos dos povos indígenas, como vem ocorrendo com tramitação rápida de projetos no Congresso.
Revelada a grande farsa, então é hora de a sociedade organizada cobrar de nossas autoridades o fim desse impasse, respeitando as decisões dos indígenas e tratando dos acordos de forma prioritária, sem subterfúgio e sem querer colocar os indígenas como vilões. Não se pode mais permitir que os políticos e as autoridades continuem mentindo e prejudicando a população de Roraima.
*Colunista