Bom dia,

Hoje é terça-feira (09.06). A pandemia da Covid-19 avança no Brasil enquanto a balbúrdia e a desorganização do Estado brasileiro mostram, cada dia que passa, maior disfunção e falta de uma política minimamente homogênea para enfrentá-la. Primeiro foram as divergências entre o governo federal e os governos estaduais e municipais à cerca de quem eram as atribuições pela definição das respectivas responsabilidades para traçar as estratégias de enfrentamento. Por mais discutível que pareça, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por maioria de votos de seus ministros que esta competência era dos estados e municípios. Inconformado, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) passou a criticar abertamente as medidas adotadas por alguns governadores e prefeitos; e foi além, convocou movimentos de ruas e deles participou, sem utilizar máscaras e sem manter o distanciamento recomendado por esses dirigentes, em desafio público de sua discordância.

Pois bem, nos últimos dias, com a autoridade que lhes foi concedida pela Suprema Corte, certos governadores e prefeitos vêm amenizando os rigores do isolamento social através da autorização de funcionamento de vários negócios e estabelecimento, fazendo com que a economia volte paulatinamente à quase normalidade. Mas, para mostrar a quase anarquia que permeia o funcionamento do Estado tupiniquim, alguns juízes de primeira instância têm exarado decisões em direção contrária às decisões dos governadores e prefeitos. Ora, onde fica a polêmica decisão do STF? Mesmo os que dela discordam -afinal, a pandemia é de caráter nacional e deveria ser tratada essencialmente pelo Estado Federal-, não é crível que magistrados de instâncias inferiores do Poder Judiciário decidam desautorizar a Suprema Corte. No meio disso tudo resta uma população que espera algum milagre para escapar do vírus.

FALTAM 1

Apesar do falatório otimista que parte do governo estadual sobre as providências que lhes estão atribuídas para abertura da Área de Proteção e Cuidado (APC) do Exército, ainda continua sem previsão certa a inauguração daquela unidade de saúde, hoje, a única saída para evitar mais mortes provocadas pela Covid-19. Ontem, segunda-feira (08.06), a Seção de Comunicação da Operação Acolhida publicou nota oficial com informações detalhadas sobre a demanda de profissionais médicos e paramédicos para cada nível de oferta de leitos aos pacientes contaminados. Essa disponibilidade (oferta) de leitos está escalonada a partir de 80 até a capacidade máxima de 782 leitos.

FALTAM 2

Os números mostram, por exemplo, que para atender aquela oferta mínima (80 leitos) a APC necessita de um corpo de médicos clínicos de 54 profissionais. A nota da Operação Acolhida mostra que deles, o governo contratou apenas 21 médicos com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), e que desses só oito já realizaram a capacitação necessária para poder iniciar o atendimento de pacientes. E, mais uma decisão judicial complica a contratação de médicos: a justiça proibiu a contratação de profissionais sem registro no CRM. Como se pode perceber continua difícil fazer funcionar no devido tempo a APC. Segundo a Operação Acolhida considerando o período dos últimos 15 dias, morrem em média diária, cinco pacientes infectados pela Covid-19.

ENQUANTO ISSO…

Enquanto as autoridades não cumprem com suas obrigações, pessoas continuam sendo “assassinadas” pela omissão do governo estadual e dos municípios. Todos os dias casos dessa tragédia são narrados pelos parentes das vítimas que não encontram médicos, testes e remédios nos postos de saúde municipais; e quando tentam socorrer seus entes queridos com quadro mais agravado no Hospital Geral de Roraima (HGR) encontram um cenário de caos. Ontem, segunda-feira, um senhor transferido desde Normandia, onde não foi atendido por falta de condições, morreu no interior da ambulância que o trouxe à Boa Vista, enquanto aguardava uma vaga no HGR. E o pior, nenhuma autoridade do estado e do município parecem incomodar-se com esse tipo de tragédia. Até quando?

RÁPIDAS

E, afinal, quando o general Eduardo Pazuello, ministro interino da saúde e ex-coordenador da Operação Acolhida, vem a Roraima para ver de perto o caos que impera na saúde estadual e municipal? ### Fontes da Parabólica dizem que é pouco provável que o ex-secretário Leocádio Vasconcelos aceite o convite para integrar a equipe do secretário Marcelo Lopes na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). ### E hoje tem mais um motivo para tensionar as relações entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Morais. É que, atendendo ao pedido de três partidos políticos, Morais, em medida liminar, determinou ao ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, que seu ministério continue a divulgar os dados sobre a pandemia da Covid-19, como vinha fazendo anteriormente. Se desobedecer a decisão, Pazuello vai ser multado. ### E a inflação, hein? Quem faz compras nos supermercados sente no bolso a subida dos preços, especialmente, de gêneros alimentícios. E, não se venha culpar a subida do dólar. A moeda norte-americana está quase em queda livre.