Jessé Souza

Aumento salarial e atuacoes ofuscadas por seguidos escandalos de ampla repercussao 15201

Aumento salarial e atuações ofuscadas por seguidos escândalos de ampla repercussão

Jessé Souza*

Os tempos de bonanças não se resumem somente à Assembleia Legislativa de Roraima, conforme artigo de terça-feira, 11, intitulado “Um festival de agrados na divisão do poder em tempos de bonanças legislativas”. O ano de 2023 também começou bem para os vereadores da Câmara Municipal de Boa Vista, os quais custam quase R$4,2 milhões por ano só em proventos.

Ao contrário do Legislativo estadual, onde a fartura de gratificações e criação de cargos para livre nomeação dos deputados possibilitaram cessar descontentamentos, na Câmara a reeleição do presidente foi parar na Justiça. Mas os vereadores não podem reclamar muito, pois eles reajustaram seus próprios salários em 51,74%, ato que passou a valer a partir desse mês de janeiro, quando eles passam a receber R$ 15,1 mil por mês.

O salário de cada vereador da Capital passou de R$ 10.012,50 para R$ 15.192,97, beneficiando o total de 23 parlamentares. Mas, antes disso, eles já haviam reajustado de R$32 mil para R$ 35 mil o valor mensal da verba indenizatória. Significa que cada vereador passará a receber R$ 50.192,97 por mês. E isso fora as diárias, extraordinárias e outros penduricalhos que existem para engordar os proventos.

Apesar do reajuste de seus próprios salários, a atuação parlamentar vem sendo ofuscada por seguidos envolvimentos de vereadores em denúncias e escândalos que vão de agressão a mulher, desacato a autoridade, passando por posse ilegal de arma, compra de voto, até chegar à suposta participação em crime organizado de tráfico de droga.

Em um dos casos foi de ampla repercussão na imprensa, quando a Polícia Federal descobriu um suposto esquema de compra de votos após Operação Alésia, que resultou na prisão de 23 agentes penitenciários em dezembro de 2020, todos sob suspeita de favorecer uma facção criminosa nas unidades prisionais de Roraima.

Um vereador acabou preso durante a  Operação Dejavu, com busca e apreensão por suspeita de compra de votos nas eleições 2020. Na ação, foi encontrada uma arma de fogo no quarto da casa do vereador, que pagou uma fiança de R$32 mil para ser liberado. A arma pertencia a um policial militar, caso até hoje não bem explicado.

Nem o presidente da Câmara escapou de um escândalo de ampla repercussão: a investigação da Polícia Federal que deflagrou a Operação Tânatos, no ano passado, para investigar tráfico interestadual de droga, com busca e apreensão em Boa Vista e Alto Alegre. A investigação começou em dezembro de 2020, quando foi preso um dos principais suspeitos de integrar o tráfico de skank, a supermaconha, oriunda do Amazonas, cuja droga vem sendo apreendida em grande quantidade desde dezembro passado até os dias atuais.

Embora negue qualquer participação, o parlamentar aparece no inquérito policial como um “possível colaborador”, supostamente disponibilizando veículos para o transporte das drogas. Mas, desde legislaturas anteriores, vereadores da Capital vêm se envolvendo em escândalos, inclusive um então vereador cumpriu parte do mandato na prisão, acusado de integrar o crime organizado.

Benesses não têm faltado, enquanto a atuação dos parlamentares municipais e estaduais tem sido dividida com matérias policiais nesses últimos anos. Então, esse é o cenário que temos em nossos legislativos, os quais já se preparam para as próximas eleições municipais, no próximo ano, o que requer muita atenção de seus atos por parte da opinião pública.

Mas quem estará preocupado com isso?!

*Colunista